O Caminho da Beleza 01
Leituras para a travessia da vida
“A
beleza é a grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de
nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus
porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca
do egoísmo” (Bento XVI, Barcelona, 2010).
“Quando
recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha
íntima alegria” (Jr 15, 16).
“Não
deixe cair a profecia” (D.
Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).
I Domingo de Advento 02.12.2012
Jr 33, 14-16 1 Ts 3,
12-4,2 Lc 21,
25-28.34-36
ESCUTAR
“Eis que virão dias, diz o Senhor, em que farei cumprir a promessa de
bens futuros para a casa de Israel e para a casa de Judá. Naqueles dias,
naquele tempo, farei brotar de Davi a sementa da justiça” (Jr 33, 14-15).
“O Senhor vos conceda que o amor entre vós e para com todos aumente e
transborde sempre mais, a exemplo do amor que temos por vós” (1 Ts 3, 12).
“Portanto, ficai atentos e orai a todo momento, a fim de terdes força
para escapar de tudo o que deve acontecer e para ficardes em pé diante do Filho
do Homem” (Lc 21, 36).
MEDITAR
“Não se trata de anunciar a alegria, mas de só procurá-la no serviço
da alegria de todos. De todos, a começar pelos mais próximos, e depois
estender, de próximo em próximo, até a alegria universal” (Abbé Pierre).
“O que chamamos de início é o mesmo do que o fim e acabar é começar. E
o fim é de onde partimos” (T. S. Eliot).
ORAR
Neste primeiro domingo de Advento, a existência
cristã está fundamentada sob o signo da espera. A espera de um duplo
acontecimento e de uma dupla vinda do Cristo: na carne (Natal) e na glória
(Juízo Final) e estes dois acontecimentos, que se entrelaçam, só podem ser
vividos na esperança. E esta espera/esperança está centrada na mesma pessoa: o
Cristo. O profeta anuncia que a justiça de Deus é manter as promessas que fez
em favor do seu o povo. E o Senhor não quer faltar à palavra dada, pois a
justiça tem o mesmo rosto de sua misericórdia. O tempo do Advento é o tempo
para que nos purifiquemos de todos os ídolos que nos são oferecidos
cotidianamente: as aparências, os status,
os poderes. O cristão conjuga o verbo esperar
não como uma esperança vaga e modesta, mas como uma esperança audaz que tem
como raiz o dom que, em Cristo, nos vem de Deus. O cristão não foge da
existência cotidiana, mas está sempre atento para não ser pego desprevenido e
nem distraído. O cristão alimenta a sua lucidez diante das inúmeras seduções
que o possam desviar do desígnio de Deus e, desta maneira, fazê-lo perder o
sentido do caminho a ser seguido. Somos chamados a termos “nossas cinturas
cingidas e as lamparinas acesas” (Lc 12, 35), uma vez que, como sentinelas, não
nos cabe um minuto de desatenção e nem de descanso, pois deveremos estar “em pé
diante do Filho do Homem”. E o Senhor nos promete “que essa humanidade se
emancipará da escravidão da corrupção, para obter a liberdade gloriosa dos
filhos de Deus” (Rm 8, 20). Neste domingo, é preciso proclamar que o amor que
se encarna é o mesmo que nos julgará pelo amar que conseguimos. O tempo de
Advento é um tempo de crise; uma ruptura com a nossa mediocridade e um mergulho
no amor e na prática do amor, pois só conhecemos, quase que plenamente, a
existência daqueles que amamos. Meditemos as palavras de Ernesto Cardenal,
monge trapista da Nicarágua: “Dentro de nós está o amor. Deus está louco de
amor e, portanto, seu comportamento é imprevisível. Em qualquer momento o
Amante pode cometer um disparate, porque como todo o que ama, não raciocina. Está
bêbado, embriagado de amor”. Ou, em bom espanhol: “Dios está borracho de amor!”.
CONTEMPLAR
Madona com a Criança, Luis
de Morales, c. 1570, óleo sobre painel, 84 x 64 cm, Museu do Prado, Madri,
Espanha.