O Caminho da Beleza 07
Leituras para a travessia da vida
“A beleza é a grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca do egoísmo” (Bento XVI, Barcelona, 2010).
“Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).
Epifania do Senhor o8.o1.2012
Is 60, 1-6 Ef 3, 2-3a.5-6 Mt 2, 1-12
ESCUTAR
“Levanta-te, acende as luzes, Jerusalém, porque chegou a tua luz, apareceu sobre ti a glória do Senhor” (Is 60, 10).
“Os pagãos são admitidos à mesma herança, são membros do corpo, são associados à mesma promessa em Jesus Cristo, por meio do Evangelho” (Ef 3, 6).
“Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo” (Mt 2, 2).
MEDITAR
“O que se espera do missionário (...) não é que pregue sobre a Igreja e a torne atraente por uma exaltação humana do seu poder, de seu prestígio, de sua prudência, de sua ciência, de todas as suas riquezas, enfim. A Igreja deve desaparecer diante de Jesus para quem aponta, como João Batista” (Frei Bernardo Catão, op).
“Conhecer-se nos faz dobrar os joelhos, postura indispensável ao amor, pois o conhecimento de Deus engendra o amor e o conhecimento de si engendra a humildade” (Madre Tereza de Calcutá).
ORAR
Neste domingo celebramos a manifestação de Deus e a busca do homem. O Senhor toma a iniciativa e os homens e mulheres se colocam em movimento. Os passos de Deus antecipam os nossos e só podemos encontrá-Lo porque Ele nos busca e só chegamos a Ele porque Ele nos alcança. O homem não conquista Deus, mas se deixa conquistar: “Tu me seduziste, Senhor, e eu me deixei seduzir” (Jr 30, 7). A manifestação do Senhor assume contornos planetários e nunca haverá dela uma apropriação privilegiada por parte de ninguém. Deus se deixa conhecer pelos desconhecidos: chegam filhos de longe (Is 60, 4); chegam os pagãos (Ef 3, 6); chegam os inesperados (Mt 2, 1) e chegam adoradores imprevistos (Mt 2, 11). A geografia de Deus nunca poderá ser ensinada, pois é impossível ensinar uma geografia sem fronteiras em que se é impotente para se estabelecer quem é vizinho e quem está distante. Qualquer tentativa de delimitá-la, como fazem nossas igrejas, empobrece o essencial, esvazia a inquietação da espera e a surpresa do encontro. Nesta epifania, “a estrela... ia adiante deles, até parar sobre o lugar onde estava o menino”. É neste momento que se produz a separação entre o sinal e a realidade. Se o sinal era espetacular, a realidade, ao contrário, é modesta, ordinária e até decepcionante: uma casa qualquer, uma cena comum com personagens insignificantes. O Evangelho diz apenas: “Entraram na casa e viram o menino com Maria sua mãe”. Devemos saber que a estrela já cumpriu o seu papel e nada mais tem a fazer. A partir deste momento é a fé que permite ver além das aparências e, consequentemente, adorar porque somente a fé consente contemplar a glória, a grandeza infinita contida, exclusivamente, na pequenez. Deus se encarnou, a estrela esplendorosa cumpriu seu papel e, a partir de agora, não existem mais sinais espetaculares, somente os imperceptíveis e escondidos. Neles encontraremos o Emmanuel – Deus Conosco – nos doentes que oferecem secretamente suas vidas; nos pobres e excluídos; em todas as vítimas da maldade e da injustiça dos homens; e em todos que trabalham, infatigavelmente, para fazer triunfar a paz no mundo. Não procuremos mais a manifestação de Deus no extraordinário e no insólito, porque Deus se manifesta no cotidiano ordinário da nossa vida numa linguagem que podemos compreender: a do amor, a do luto, a da esperança, a do encontro e a das perdas. A partir de agora, o Cristo revelará os mistérios mais perturbadores do seu Reino pelos acontecimentos minúsculos da vida cotidiana. É preciso aprender a decifrar o amor perturbador de Deus na face dos nossos irmãos. É preciso educar o olhar para que possamos ver os que são, sem o saber, epifanias vivas da gratuidade, da ternura, da paciência e do amor de Deus. A epifania nos faz ver o que já está em nossa vida: o Senhor. Basta que tenhamos a fé de que nossas travessias, junto com os que nos amam e nós amamos, tornaram-se epifanias do Deus Vivo. Os magos voltaram por outro caminho, o nosso caminho, e agora seguem não mais segundo a estrela, mas com a lucidez da presença do Messias, pois “quem diz que permanece com ele deve agir como ele agiu”(1 Jo 2, 6).
CONTEMPLAR
Filii tui de longe venient..., Salvador Dalí, 1964, guache, 19” x 13 ¾”, Coleção “Biblia Sacra”, Canto IV/66, Sociedade Rizzoli, Milão, Itália, 1967.
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