terça-feira, 20 de dezembro de 2011

O Caminho da Beleza 05 - Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo

O Caminho da Beleza 05
Leituras para a travessia da vida


A beleza é a grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca do egoísmo” (Bento XVI, Barcelona, 2010).

Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).



Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo          25.12.2011
Is 52, 7-10               Hb 1, 1-6                  Jo 1, 1-18



ESCUTAR

“O Senhor desnudou seu santo braço aos olhos de todas as nações; todos os confins da terra hão de ver a salvação que vem do nosso Deus” (Is 52, 10).
“Muitas vezes e de muitos modos falou Deus outrora aos nossos pais pelos profetas; nestes dias, que são os últimos, ele nos falou por meio do Filho, a quem ele constituiu herdeiro de todas as coisas e pelo qual também ele criou o universo” (Hb 1, 1-2).
“E a Palavra se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1, 14).



MEDITAR
“O homem é uma criatura que recebeu a ordem de se tornar Deus” (São Basílio).
“O sagrado no Cristo não é qualquer coisa que existe sob os ferrolhos ou que é colocada atrás das grades ou ainda sob véus impenetráveis. O sagrado em Jesus é o homem, é o próprio homem. São as nossas mãos, o trabalho de nossas mãos; são os nossos olhos e a luz que os preenche; são os nossos corações e esta maravilhosa capacidade de amar. Isto tudo é o que constitui o sagrado que perpetua a Encarnação e que não cessa de tornar presente o Cristo entre nós” (Maurice Zundel).

ORAR
Natal significa que “um Menino nos nasceu” (Is 9, 5) e este é o sinal para a Humanidade. Nada de grandioso ou espetacular, pois Deus para nos encontrar escolhe o caminho da modéstia e da pequenez. Paulo é firme: “Manifestou-se a graça de Deus que salva todos os homens... Apareceu a bondade do nosso Deus e Salvador e seu amor pelo homem (Tt 2, 11.3,4). O Natal significa que o sorriso divino pousou sobre as nossas misérias, devolveu a esperança e nos abriu todas as possibilidades futuras. Este rosto do Menino não é mais o de um Deus distante, carrasco; nem o de um Deus desiludido e traído. Este rosto terno e carinhoso revela a única condição para conquistarmos a vida eterna: deixarmo-nos amar. O natal não é apenas uma data inventada, mas o início da Boa Nova que nos faz saber que um escapou do censo ordenado por Cesar Augusto e que, portanto, não foi incluído como um dado estatístico. Não comemoramos uma data que colocou tudo em ordem, mas um início de um tempo em que a justiça de Deus se manifesta em toda a sua plenitude. A solidão acabou porque os homens e mulheres têm a mão que os guia, que os salva e os consola. O evangelista revela que o Verbo não somente entra no mundo, mas se torna um membro da humanidade e declara que a presença de Deus (Shekinah), até então na tenda da Aliança, está agora plenamente realizada na tenda de carne do Emmanuel. A divindade não  se sobressai como um árbitro destacado e eterno do contexto terrestre, mas está implicada na complexidade da realidade humana. O evento decisivo da nossa existência e o artigo de fé fundamental do cristianismo é a encarnação do Verbo. No Natal é desvelado que o Cristo é a Palavra que exige escuta; é a Vida que exige adesão do coração; é a Luz que exige a luta contra a cegueira para que possamos todos juntos, peregrinos, construir a cada nova geração um mundo de justiça e paz. No entanto, alguns natais são anunciados sem nenhum engajamento de fé. Um natal folclórico, mercantilizado, ruidoso e de uma ritualismo consumista; um natal emotivo, marcado pelo infantilismo e que, apesar dos sentimentos, sabe calcular os impulsos de generosidade; um feriado natalino para ser aproveitado em viagens esnobes, que nos levem o mais distante possível de todos. Finalmente, um natal dos que foram um dia batizados e que, ao menos uma vez por ano, vestem a carapuça de cristãos para poder passar pelo umbral das igrejas mais próximas que lhes ofereça um horário de celebração mais cômodo para não atrapalhar a ceia natalina e a troca de presentes. Outros natais são possíveis de ser acrescentados à lista uma vez que são apenas pretextos para qualquer coisa. Que neste dia de Natal sejamos capazes de colocar nas nossas vidas um pouco menos de qualquer coisa, como os restos de nossas ceias. Que sejamos capazes de conseguir um pouco menos de alienada religiosidade e um pouco mais de fé comprometida com Aquele cujo nome é “Conselheiro Admirável, Deus Guerreiro, Pai dos Tempos Futuros e Príncipe da Paz” (Is 9, 5).



CONTEMPLAR
Le Mystère de L'Incarnation, Louis Rivier,  1954, tríptico da Encarnação (painel central), 250 x 150cm, Lausanne, Suíça.






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