O Caminho da Beleza 03
Leituras para a travessia da vida
“A beleza é a grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca do egoísmo” (Bento XVI, Barcelona, 2010).
“Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).
III Domingo de Advento 11.10.2011
Is 61, 1-2.10-11 1 Ts 5, 16-24 Jo 1, 6-8.19-28
ESCUTAR
“O espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu; enviou-me para dar a boa-nova aos humildes, curar as feridas da alma, pregar a redenção para os cativos e a liberdade para os que estão presos; para proclamar o tempo da graça do Senhor” (Is 61, 1-2).
“Não apagueis o espírito! Não desprezeis as profecias, mas examinai tudo e guardai o que for bom. Afastai-vos de toda espécie de maldade!” (1 Ts 5, 19-22).
“Surgiu um homem enviado por Deus; seu nome era João. Ele veio como testemunha para dar testemunho da luz, para que todos chegassem à fé por meio dele. Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz” (Jo 1, 6-8).
MEDITAR
“Não há nada de melhor no mundo do que estas amizades maravilhosas que Deus desperta e que são como o reflexo da gratuidade e da generosidade do seu amor” (Jacques Maritain).
“Parti sem o mapa da estrada para descobrir Deus, sabendo que Ele está no caminho e não no fim desta mesma estrada” (Madeleine Delbrel).
ORAR
Quatro vozes diversas nos seus tons e timbres ressoam na unidade de um único anúncio: o do Reino de Deus. A primeira, do profeta Isaías anunciando que a relação Deus/Homem voltou a ser uma aliança de amor inquebrantável e nesta celebração nupcial revela-se o símbolo da veste: “Ele me vestiu com as vestes da salvação, envolveu-me com o manto da justiça e adornou-me como um noivo com sua coroa ou uma noiva com suas joias”. A segunda, a do Batista, para testemunhar Aquele-que-vem: “Quem tem a noiva é o noivo. Aquele que o ouve alegra-se por ouvir a voz do noivo. E nisso consiste minha alegria completa. Ele deve crescer, eu diminuir” (Jo 3, 29-30). A terceira voz é a de Jesus que assume o profeta Isaías e afirma, publicamente, na sinagoga, que os novos tempos já começaram: “Hoje, em vossa presença, cumpriu-se esta Escritura” (Lc 4, 21). A quarta voz ressoa na Igreja pela voz de Paulo ao anunciar o Cristo Ressuscitado na história humana e que a vontade do Pai não é abstrata nem genérica, mas concreta e exigente: “em espírito, alma e corpo!”. A pergunta que decorre do Evangelho de hoje é se a profecia ainda encontra lugar na Igreja, pois os profetas nos afetam, nos comprometem e nos incomodam. Profecia é uma palavra do verbo incomodar. Somos avessos aos profetas porque tememos os poderosos que eles denunciam. Anunciamos aos quatro ventos os oprimidos, mas falamos entre quatro paredes dos opressores. Os profetas são sempre difamados, exilados, excomungados e mortos. Depois de um tempo são exaltados, consagrados e com as pedras da sua lapidação se constroem monumentos ou templos em sua honra. A força da Palavra de Deus é que ela não fica, para sempre, gravada na lápide de um túmulo. Ela ressuscitou e continua a profetizar no meio de nós por meio dos que são considerados loucos e poetas; dos que nos tiram da acomodação, abalam nossas seguranças e certezas. João, o Batista, começou a anunciar a presença do Cristo no meio de nós antes mesmo de tê-Lo reconhecido. É nesta atitude que se conhece o verdadeiro profeta: ele persegue a sua missão mesmo na noite, pois o que importa antes de tudo é que os homens creiam. Todas estas vozes se unem num único tema: a misericórdia como lei superior à da justiça: “Sede misericordiosos, como vosso Pai é misericordioso” (Lc 6, 36). Nestes tempos de Assis e de “peregrinos da verdade, peregrinos da paz”, apesar de toda a violência em nome das religiões, é bom saber que também para o Islã o nome mais belo dos 99 nomes de Deus é “Misericordioso”.
CONTEMPLAR
Madona de Porto Lligat (detalhe), Salvador Dalí, 1950, óleo sobre tela, 144 x 96 cm, Coleção Particular, Tóquio, Japão.
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