terça-feira, 13 de dezembro de 2011

O Caminho da Beleza 04 - IV Domingo de Advento

O Caminho da Beleza 04
Leituras para a travessia da vida


A beleza é a grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca do egoísmo” (Bento XVI, Barcelona, 2010).

Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).



IV Domingo de Advento                      18.12.2011
2 Sm 7, 1-5.8-12.14.16                Rm 16, 25-27                     Lc 1, 26-38



ESCUTAR

“Nessa mesma noite, a palavra do Senhor foi dirigida a Natã nestes termos: ‘Vai dizer ao meu servo Davi: Assim fala o Senhor: Porventura és tu que me construirás uma casa para eu habitar?’” (2 Sm 7, 4).

“Irmãos, glória seja dada àquele que tem o poder de vos confirmar na fidelidade ao meu evangelho e à pregação de Jesus Cristo, de acordo com a revelação do mistério mantido em sigilo desde sempre” (Rm 16, 25).

“Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!” (Lc 1, 38).


MEDITAR

“Senhor, concede-me esta fé que não teme nem os perigos, nem a dor, nem a morte, que sabe caminhar na vida com calma, paz e alegria profunda e que estrutura a alma num desapego absoluto de tudo o que Tu és” (Charles de Foucauld).

“Eu não quero orar para estar protegido dos perigos, mas para poder enfrentá-los” (R. Tagore).


ORAR

Os textos deste último domingo de Advento desvelam duas maneiras de viver a espera. A primeira, a de Davi preocupado em construir um espaço externo para Deus: um templo mais monumental do que os santuários pagãos. A segunda, a de Maria disponível para oferecer a Deus o espaço interior das suas entranhas de escuta e acolhida. O Senhor não está de acordo com os sonhos de grandeza do rei Davi ainda que generosos. Deus não quer habitar uma casa de pedras, mas fazer de um povo a sua própria habitação e caminhar com ele, pois prefere as pedras vivas mais do que aos monumentos. Deus privilegia como seu Templo a comunidade humana: “Ele, que é Senhor do céu e da terra, não habita em templos construídos por homens, nem pede que o sirvam mãos humanas, como se precisasse de algo” (At 17, 24-25). Nestes dias que antecedem a chegada do Menino, estamos ansiosos e mais envolvidos com a lista de presentes, com a receita das comidas, com as vestimentas para a noite de festa e com o esplendor da árvore natalina. Tudo está pronto como o programado. Nada falta do que pensamos, mas falta Alguém. Ainda bem que existe Maria para conduzir-nos na simplicidade ao essencial e Deus tem necessidade dela. Tem necessidade de poder dispor de uma criatura que não coloque resistência à sua ação; uma criatura não encouraçada pelas coisas e nem por si mesma. Uma criatura que não diga: “Eis o que decidi e preparei”, mas apenas pronuncie: “Eis-me aqui!”. Maria de Nazaré oferece ao seu Senhor o único espaço que Ele necessitava: o seu corpo, a sua pessoa e todo o seu ser. Para o Senhor, o templo-monumento é estreito demais porque somente um templo de carne pode conter a sua glória. Só as pequenas entranhas de uma jovem conseguem abraçar a grandeza divina e nelas Deus finalmente encontrou uma casa. São Bernardo de Claraval dizia: “havendo Deus de ter Mãe, não podia ser senão virgem, e havendo uma virgem de ter um Filho, não podia ser senão Deus”. Nestes dias que faltam para o Natal, devemos deixar de imitar Davi com seus preparativos suntuosos e nos identificarmos com Maria na calma, na paz e na oração. O Emmanuel não reconhece seu espaço nas coisas, nos shoppings, nos salões, nos frenesis das compras e desvarios dos presentes. O Emmanuel se encontra no humilde e sussurrante Sim de quem, silenciosamente, O acolhe nas entranhas do seu ser e O embala nas vísceras de ternura do seu corpo, adormecendo-O com o ritmo do seu coração. O Natal é, antes de mais nada, um convite para redescobrir a nossa humanidade, a nossa interioridade e o nosso peregrinar para as Bodas nupciais do Cordeiro que já está no meio de nós.


CONTEMPLAR

A Jovem Sagrada Família, Daniel Bonnell, óleo sobre madeira, 48” x 92”, Carolina do Sul, Estados-Unidos.


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