terça-feira, 9 de agosto de 2011

O Caminho da Beleza 39 - XX Domingo do Tempo Comum

O Caminho da Beleza 39
Leituras para a travessia da vida


A beleza é a grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca do egoísmo” (Bento XVI, Barcelona, 2010).

Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).



XX Domingo do Tempo Comum                 14.08.2011
Is 56, 1.6-7             Rm 11, 13-15.29-32                     Mt 15, 21-28



ESCUTAR

“A minha casa será chamada casa de oração para todos os povos” (Is 56, 7).

“Pois os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis (...)Com efeito, Deus encerrou todos os homens na desobediência, a fim de exercer misericórdia para com todos” (Rm 11, 32).

“Jesus lhe disse: “Não fica bem tirar o pão dos filhos para jogá-lo aos cachorrinhos”. A mulher insistiu: “É verdade, Senhor; mas os cachorrinhos também comem as migalhas que caem da mesa de seus donos”. Diante disso, Jesus lhe disse: “Mulher, grande é a tua fé! Seja feito como tu queres” (Mt 15, 26-27).


MEDITAR

“O homem tem a consciência de ser Deus, e tem razão, pois Deus está nele. Ele tem consciência de ser um porco e tem igualmente razão porque o porco está nele. Mas ele se engana cruelmente quando ele toma o porco por um Deus” (Leon Tolstoi).

“Nós somos somente grãos de areia, mas nós estamos juntos. Nós somos como grãos de areia sobre a praia, mas sem os grãos de areia, a praia não existiria” (Bernard Werber).

“Eu sonho com comunidades cristãs em que outros crentes poderiam vir, mas também pessoas que não têm fé, e que se diriam: ‘O que podemos fazer juntos? Há coisas que gostaríamos de suprimir ou de corrigir, ou outras que teríamos vontade de inventar?’; pessoas que refletiriam sobre tudo isso e que decidiriam o que fazer. É assim que se poderá espalhar o espírito do Evangelho” (Joseph Moingt).


ORAR

            Havia em Jerusalém e na Judéia um grande número de estrangeiros. A Lei previa para os estrangeiros – os gerim (prosélitos, os que se aproximam) – um estatuto favorável e eles usufruíam de certo número de direitos. O Levítico os assimila como o “próximo” que deve ser “amado como a si mesmo” (Lv 19, 33-34). Ao contrário, os imigrantes instalados por um tempo limite – os nokrin (ambulantes) – só tinham como proteção os costumes da hospitalidade e eram apenas tolerados. Eram, algumas vezes, assimilados aos inimigos, excluídos do culto e privados de inúmeras vantagens.
 O profeta denuncia estas discriminações em nome do direito e da justiça, pois a salvação do Senhor está próxima. Esta expressão significa que o Senhor está pronto a intervir, pois Ele é o protetor dos fracos. O profeta anuncia a universalidade da mensagem: “Minha casa será chamada casa de oração para todos os povos”.
 No cristianismo atual, se fosse somente a questão de abrir a porta das igrejas para “os estrangeiros”, tudo poderia se resolver, mas isto não basta e nem é o problema. O problema é que os “estranhos” sintam o desejo de entrar, encontrem um atrativo e algo mais do que uma simples curiosidade. A questão não é manter abertas as portas do templo, nem colocar a Bíblia ao alcance de todos, multiplicando ao máximo a comodidade dos fiéis. A fronteira mais difícil de ser superada é a da nossa mentalidade que nos coloca numa situação de risco: a de exercermos, no encontro com os estrangeiros, as atitudes de uma mal dissimulada superioridade e, às vezes, de desprezo e condescendência diante deles.
Não é uma atitude justa, ao abrir as portas das igrejas, querer impor aos “diferentes” os nossos gostos e cerimônias; transplantar nossos esquemas mentais, nossas repugnâncias, medos e obsessões. Só existe a acolhida verdadeira de uma pessoa se nos abrirmos a ela e tentarmos descobrir seus valores, até o ponto em que se possam colocar em xeque as nossas posições e se possam abalar as nossas certezas ou falsas seguranças. As discriminações mais odiosas são as que acontecem entre os irmãos de fé. Não basta abrir as portas da casa se antes não abrimos as portas em casa. O papa Paulo VI declarava, em 1964: “O diálogo da salvação ficou ao alcance de todos; foi destinado a todos sem qualquer discriminação”(Ecclesiam Suam 44).
Jesus ultrapassou as fronteiras da Palestina e entrou em território pagão (O Líbano atual). Num primeiro momento, Ele parece não querer ouvir a súplica da mulher e responde-lhe com uma frieza inesperada: “não fica bem tirar o pão dos filhos para jogá-lo aos cachorrinhos”. A mulher não se ofende, pois está segura do que pede: “Os cachorrinhos também comem as migalhas que caem da mesa de seus donos”. Jesus que parecia tão seguro de sua missão de ser enviado “somente às ovelhas perdidas da casa de Israel” deixa-se ensinar e corrigir por esta mulher pagã e a presenteia com o milagre solicitado com obstinada doçura: “Mulher, grande é a tua fé! Seja feito como tu queres!”.
O sofrimento não conhece fronteiras e a compaixão de Deus deve chegar a qualquer pessoa que está sofrendo. Saibamos que, ao encontrarmos uma pessoa que está sofrendo, o desígnio de Deus resplandece ali com toda a claridade. Isto é o primeiro, todo o resto vem por acréscimo, pois este foi o caminho de Jesus para ser fiel ao Pai: a compaixão irrestrita pelos que sofrem.


CONTEMPLAR

Jovem Mulher Cananeia da Galileia, Abdel Rahman Al Muzain, 1979, 13,5” x 20”, The Palestine Project Poster Archives, Palestina.






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