O Caminho da Beleza 42
Leituras para a travessia da vida
“A beleza é a grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca do egoísmo” (Bento XVI, Barcelona, 2010).
“Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).
XXIII Domingo do Tempo Comum 04.09.2011
Ez 33, 7-9 Rm 13, 8-10 Mt 18, 15-20
ESCUTAR
“Quanto a ti, filho do homem, eu te estabeleci como vigia para a casa de Israel. Logo que ouvires alguma palavra de minha boca, tu os deves advertir em meu nome” (Ez 33, 7).
“Irmãos, não fiqueis devendo nada a ninguém, a não ser o amor mútuo, pois quem ama o próximo está cumprindo a lei” (Rm 13, 8).
“‘Se o teu irmão pecar contra ti, vai corrigi-lo, mas em particular, a sós contigo! Se ele te ouvir, tu ganhaste o teu irmão... Pois, onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou aí, no meio deles’” (Mt 18, 15.20).
MEDITAR
“Afasta de mim a falsidade e a mentira, não me dês riqueza nem pobreza, concede-me minha porção de pão; não aconteça que me sacie, e saciado eu te renegue, dizendo: ‘Quem é o Senhor?’ Não aconteça que, necessitado, eu roube e abuse do nome do meu Deus” (Pv 30, 8-9).
“Quanto a mim confesso que acho natural entregar-me por inteiro ao afeto dos meus amigos, especialmente quando estou cansado dos escândalos do mundo. Neles me repouso sem preocupação alguma, pois sinto que Deus está lá, que é Nele que me lanço com toda a segurança e em toda segurança me repouso” (Santo Agostinho, Carta 73, 3).
ORAR
O salmo 133 nos faz cantar: “Vede como é bom e agradável os irmãos conviverem unidos”, mas é também desígnio do Senhor que a comunidade cristã seja um povo disperso como uma semente lançada “entre todos os reinos da terra” (Dt 28, 25).
O Evangelho apresenta a comunidade cristã como co-responsável: cada um é guardião do seu irmão e este estar alerta é vivido pela prática da correção fraterna e não cada um se tornando policial ou espião um do outro. Devemos sempre estender a mão para aquele que corre o risco de se alienar e se separar da comunidade e para isto a primeira coisa a ser feita é demonstrar que ele é amado e convencê-lo disso, apesar de tudo. Mais do que censurá-lo é preciso chamá-lo para que se deixe ser amado. E se, por acaso, ele se colocar fora da vida comunitária, auto-excluindo-se, a nossa tarefa de amor não se esgota: devemos amá-lo orando e suplicando ao Pai por ele.
Na Igreja de Jesus, não se pode viver de qualquer maneira: por costume, tradição familiar, inércia ou medo. Os seguidores de Jesus devem estar reunidos em seu nome, convertendo-se a Ele e se alimentando do seu Evangelho, ainda que sejam dois os três. E esta dinâmica nos faz recuperar a nossa identidade cristã no meio de uma Igreja, às vezes, debilitada pela rotina e paralisada pelos medos.
Paulo nos exorta para que saibamos que não devemos nada a ninguém a não ser dívidas de amor. E estas dívidas contêm um mistério: quanto mais se paga mais se deve, pois para o cristão quanto mais ele “gasta” amor mais recebe do Senhor para continuar “gastando”. O amor cristão não é um suplemento que em nossa suposta generosidade oferecemos aos outros. O amor é um crédito que os outros nos exibem sempre e em toda parte. Sempre estaremos em débito com o amor aos outros, pois a nossa capacidade de amar é infinita e estamos “pagando as nossas dívidas” segundo as leis e os costumes do Reino de Deus. Por esta razão, são sempre ridículos os monumentos, as placas de prata, as lápides e as cerimônias solenes que oferecemos aos que chamamos de “benfeitores” porque quebram a regra de ouro do Evangelho: “Que a tua mão direita não saiba o que deu a esquerda” (Mt 6, 3).
O cristão sabe que, em qualquer caminho, pode encontrar (e sempre encontra) alguém com o direito de cobrar dele o amor que, gratuitamente, merece. Não nos enganemos. A renovação da Igreja sempre começa nas entranhas do coração de dois ou três que se reúnem em nome de Jesus, o Cristo. Amém!
CONTEMPLAR
O Filho Pródigo, Pierre Puvis de Chavannes, c. 1879, óleo sobre linho, 106,5 x 146,7 cm, Chester Dale Collection, National Gallery of Art, Washington, Estados-Unidos.