segunda-feira, 11 de julho de 2011

O Caminho da Beleza 35 - XVI Domingo do Tempo Comum

O Caminho da Beleza 35
Leituras para a travessia da vida


A beleza é a grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca do egoísmo” (Bento XVI, Barcelona, 2010).

Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).



XVI Domingo do Tempo Comum                17.07.2011
Sb 12, 13.16-19                  Rm 8, 26-27                      Mt 13, 24-43

ESCUTAR
“A tua força é princípio da tua justiça, e o teu domínio sobre todos te faz para com todos indulgente” (Sb 12, 13).
“E aquele que penetra o íntimo dos corações sabe qual é a intenção do Espírito. Pois é sempre segundo Deus que o Espírito intercede em favor dos nossos santos” (Rm 8, 27).
“Enquanto todos dormiam, veio seu inimigo, semeou joio no meio do trigo e foi embora” (Mt 13, 25).

MEDITAR
“Sabemos ao menos que não lutamos contra a vida mas por ela, e que a pureza é justamente a resposta da vida, como a impureza é a nossa ignorância e o desprezo por ela (Maurice Zundel, A Ternura de Deus).
 “Não temos nenhum poder sobre o passado e nenhuma ideia do futuro: só nos resta o presente. O instante presente é uma janela aberta para a eternidade, um piscar d’olhos de Deus no qual vivemos. Só podemos atingir Deus no instante presente, neste e no seguinte: é o perpétuo sacramento da presença e da ação de Deus” (Jean Lafrance).

ORAR
            Tudo indica que Deus permaneceu na estação da semeadura, que é a estação da esperança e da paciência e nós ainda insistimos em queimar etapas e nos mantermos na estação da impaciência. O Reino de Deus é sempre um início, um minúsculo e insignificante início. Jesus é, ao mesmo tempo, semeador e semente e este abnegado semeador não hesitará em se converter em grão caído na terra, no sulco manchado de sangue do Calvário para morrer: “Asseguro-vos que, se o grão caído na terra não morrer, ficará só; se morrer, dará muito fruto” (Jo 12, 24).
            O grão de mostarda se converte em árvore e celebra a sua grandeza, não pela sua imponência, mas porque faz viver os pássaros do céu. Jesus nos revela que a política de Deus é a misericórdia e a sua diplomacia, a compaixão. Devemos aprender e a decorar a delicadeza de Deus, a sua solicitude, a sua benevolência e a sua vigilante espera. A parábola do joio é o mais categórico desmentido aos fanatismos, às intolerâncias e às visões apocalípticas. Com a justificativa ilusória de impedir o contágio com o trigo, se propaga a aniquilação pela aparência; com o pretexto de eliminar os galhos secos, matam-se os rebentos verdes neles quase que invisíveis.
            O que devemos temer é a descarada hipocrisia. Com o falso propósito de aniquilar o mal do joio, queremos apenas nos livrar do que nos molesta, nos enfadonha e ameaça as nossas ambições. E, no momento mesmo em que julgamos, condenamos e desprezamos os outros, por nos considerarmos puros, tornamo-nos feixes de erva daninha para serem queimados. Os verdadeiros malvados são os que em vez de empenhar-se no humilde esforço da prática do evangelho, arrogam-se uma tarefa que é da exclusiva competência de Deus: “Quando chegar aquele dia, muitos me dirão: Senhor, Senhor! Não profetizamos em teu nome?, não expulsamos demônios em teu nome?, não fizemos milagres em teu nome? E eu lhes declararei: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, malfeitores” (Mt 7, 22-23).
            Os que nos faz vacilar na fé são certos campeões de uma fé arrogante, presunçosa, afetada, que não aceitam ser confrontados e, por princípio, suspeitam, com atrevida ignorância, dos outros. Deus é paciente porque cuida de todos. A parábola do joio e do trigo nos remete à colheita final: a ninguém é dado antecipar as tarefas e quem não entregar a sua vida pelos outros não tem e nunca terá o direito de julgar ninguém.
            A frase do samba da Estação Primeira da Mangueira sintetiza o evangelho de hoje: “A vida não é só isso que se vê”. Para Ezequiel, o Senhor é um cedro magnífico plantado numa montanha elevada e em sua ramagem se aninharão todas as aves (Ez 17, 22-23). Para Jesus, a vida é mais do que se vê, é o ínfimo grão de mostarda, pequeno e insignificante, a menor de todas as sementes, que ao crescer fica maior do que as outras plantas, uma árvore na qual os pássaros fazem ninhos em seus ramos.
            Oxalá aprendamos, de uma vez por todas, que o Pai de Jesus não se encontra no poder e na superioridade. A sua presença salvadora está no pequeno, no ordinário e no cotidiano.

CONTEMPLAR
Grãos e Ervas Daninhas, James B. Janknegt, 2001, óleo sobre tela, 40” x 30”, Texas, Estados-Unidos.



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