terça-feira, 5 de julho de 2011

O Caminho da Beleza 34 - XV Domingo do Tempo Comum

O Caminho da Beleza 34
Leituras para a travessia da vida


A beleza é a grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca do egoísmo” (Bento XVI, Barcelona, 2010).

Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).



XV Domingo do Tempo Comum                  10.07.2011
Is 55, 10-11             Rm 8, 18-23                      Mt 13, 1-23

ESCUTAR

“A palavra que sair de minha boca: não voltará para mim vazia” (Is 55,11)

“De fato, toda a criação está esperando ansiosamente o momento de se revelarem os filhos de Deus” (Rm 8, 19).

“Felizes sois vós porque vossos olhos veem e vossos ouvidos ouvem” (Mt 13, 16).


MEDITAR

“Quando tomamos consciência de que existe em nós o desejo de Deus e o desejo de um além; de um mundo que supera nosso mundo, estamos a ponto de nos reconciliar com a realidade, muitas vezes tão banal, da nossa vida” (Anselm Grün).

“A paciência tem a face tranquila e calma, uma fonte serena sobre a qual nem a tristeza e nem a cólera imprimem rugas; seus olhos se inclinam pelo sentimento da humildade e não da infelicidade; sua boca fechada presta homenagem ao cotidiano do silêncio” (Tertuliano, Livro da paciência, 15).


ORAR

            Vivemos momentos em que a palavra da Igreja tem sido caricaturada, relativizada e, muitas vezes, rejeitada. Muitos se perturbam na sua fé, como nos primeiros tempos do cristianismo, diante da aparente lentidão do avanço do Reino de Deus e dos inúmeros fracassos do anúncio do Evangelho. Apesar de tudo, a palavra de Deus guarda uma eficácia inusitada para os que apresentam um coração disponível.
            O evangelho nos revela que ¾ da semente se reduziram a nada e sugere que a missão de Jesus e de seus seguidores poderá ser frequentemente infrutífera. Mesmo assim, Jesus nos apela a sermos, ao mesmo tempo, semeador e terreno fértil; anunciadores da mensagem e, por sua vez, seus destinatários.
            Nos dias de hoje, devemos semear a esperança e semear com abundância, generosidade, sem cálculos mesquinhos e sem exclusões preconceituosas. Não é tempo de ceifar, mas de semear. Não nos cabe decidir o terreno da semeadura e proclamar de antemão qual o melhor terreno, o mais receptivo, o mais merecedor e o que pode oferecer perspectivas alentadoras. O salmista evoca: “Os que semeiam com lágrimas colhem com júbilo. Indo, ia chorando, levando a sacola de semente; voltando, volta cantando, trazendo seus feixes” (Sl 126, 5-6).
            Como semeadores da Palavra, não podemos estar desiludidos de antemão. É a semente que deve nos consolar e nos encher de alegria, porque não sabemos qual é o bom terreno, quais as circunstâncias favoráveis e o tempo justo para germinar, frutificar e colher.
            Somos também terrenos que devem estar predispostos à acolhida da Palavra e ser fecundados pela chuva benéfica. A Palavra de Deus apenas fica depositada em nós quando não a interiorizamos para que alguma coisa mude em nosso coração e em nosso agir. Ela pode ficar ali dentro, estratificada, inútil, intacta, mas, sobretudo, expressão de uma recusa ou de inúmeras recusas que fazemos ao largo do caminho.
            A Palavra vem mandada pelo Senhor para nos anunciar alguma coisa e nos interpelar a uma resposta que não seja evasiva e nem esteja reduzida a gostos pessoais: “Assim a palavra que sair da minha boca: não voltará para mim vazia; antes realizará tudo o que for de minha vontade e produzirá os efeitos que pretendi ao enviá-la” (Is 55, 11). Só o Senhor pode prever aonde chegará a semente e o que está destinada a produzir.
            O Evangelho é lúcido ao afirmar que não basta ter olhos e ouvidos: “Felizes sois vós porque vossos olhos veem e vossos ouvidos ouvem”. A Criação, como Deus, também está “aguardando a plena manifestação dos filhos de Deus”. Até agora, a Criação tem, tragicamente, pago, as consequências dos nossos descuidos, omissões e indiferenças, frutos da ganância e da voracidade do lucro e da acumulação que desfiguram a obra belíssima saída das mãos de Deus. As dores do parto têm se prolongado até o infinito, porque os filhos de Deus não respondem, nem se revelam porque se escondem e se evadem das suas responsabilidades.
            Jesus encontrou todas as dificuldades e rejeições para semear a sua Palavra e até entre os seus seguidores mais próximos despertava desalento e desconfiança: valia a pena seguir este homem de Nazaré? Não podemos ceder ao desalento, ao contrário, devemos continuar semeando na esperança de que haverá uma colheita abundante.
            Na Igreja de Jesus não precisamos de colhedores de êxito, nem dos que dominam a sociedade, dos que enchem os prédios das igrejas e tentam impor a sua crença religiosa. A Igreja de Jesus precisa de semeadores, dos que semeiam palavras de esperança, gestos de compaixão e abraços de solidariedade. Mais do que nunca, devemos romper a obsessão de colher para o presente e valorizar o trabalho do semear. Jesus nos deixou, como herança, a parábola do semeador e não a parábola do que colhe o que ceifou.


CONTEMPLAR

O Semeador, Edy-Legrand (Edouard Léon Louis Warschawsky), obra a carvão em Bíblia editada por François Amiot e Robert Tamisier, França, 1950.


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