segunda-feira, 14 de março de 2011

O Caminho da Beleza 19 - II Domingo da Quaresma

O Caminho da Beleza 19
Leituras para a travessia da vida

A beleza é a grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca do egoísmo” (Bento XVI, Barcelona, 2010).

Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).




II Domigo da Quaresma                              20.02.2011
Gn 12, 1-4                  2 Tm 1, 8-10                     Mt 17, 1-9


ESCUTAR

“Sai da tua terra, da tua família e da casa do teu pai, e vai para a terra que eu te vou mostrar. Farei de ti um grande povo e te abençoarei: engrandecerei o teu nome, de modo que ele se torne uma benção. Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão abençoadas todas as famílias da terra!” (Gn 2, 1-3).

“Esta graça foi revelada agora, pela manifestação de nosso Salvador, Jesus Cristo. Ele não só destruiu a morte, como também fez brilhar a vida e a imortalidade por meio do Evangelho”(2 Tm, 10).

“Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, seu irmão e os levou a um lugar à parte, sobre uma alta montanha. E foi transfigurado diante deles; o seu rosto brilhou como o sol e as suas roupas ficaram brancas como a luz” (Mt 17, 1-2).


MEDITAR

“Todos nós seríamos transformados se tivéssemos a coragem de ser o que somos” (Marguerite Yourcenar).

“A Palavra de Deus convida cada pessoa a viver totalmente. Com suas forças de ser. Com seus limites. E sem se sentir culpada de ser uma criatura inacabada e sacudida pelos seus desvios e suas contradições. Finalmente, a única indagação de Deus será talvez: ‘Você se tornou você mesma?” (Yvan Portras).


ORAR

Após a prova do deserto, o episódio da Transfiguração é a iluminação que desperta a esperança. O relato faz brilhar, por antecipação, a glória de Deus na paixão do Cristo. A nuvem luminosa que cobre a todos é a mesma que criou o mundo no primeiro dia do Gênesis e a que envolveu Maria na Anunciação. É o mesmo Espírito que consagra o pão e o vinho em Corpo e Sangue de Cristo para a vida do mundo. A Transfiguração é uma resposta à indignação de Pedro uns dias antes ao ouvir de Jesus o anúncio de sua Paixão: “Deus te livre, Senhor! Tal coisa não te acontecerá” (Mt 16, 22). Jesus recebe no monte Tabor a sustentação psicológica e espiritual mais significativa no decorrer do seu ministério. Jesus tem a garantia de que o doloroso caminho que vai percorrer O conduzirá à glória. A Transfiguração é a antítese do Calvário. Nela, Jesus, glorificado, está entre as duas mais ilustres personagens da história de Israel: Moisés que recebera a revelação de Deus e as tábuas da lei na sarça ardente; e Elias que a recebera na brisa leve e ligeira que o fazia vivenciar o Deus da Ternura. Apesar desta visão gloriosa, o chefe dos apóstolos e seus companheiros terão que pregar o Cristo Crucificado entre dois ladrões. Nesta antítese se edifica a solidez de uma fé na qual repousa toda a fé da Igreja de Jesus. Os apóstolos testemunharam a ressurreição da filha de Jairo e a transfiguração de Jesus para que proclamassem a ligação íntima entre Ressurreição e Transfiguração. Apesar de tudo, toda vocação autêntica é uma missão a serviço dos outros, anunciada e testemunhada em nossas vidas pela exclamação do salmista: “A terra está plena do seu amor e transborda em toda a terra a sua graça” (Sl 119, 64). O Papa Bento XVI nos exorta: “Somente quem se faz livre para Deus e suas exigências, abre-se ao outro que chama à porta do seu coração” (Sermão de Cinzas, 2008). A Transfiguração de Jesus antecipa a certeza da sua Ressurreição dentre os mortos, como será com cada um de nós pela graça e pelo amor de Deus ao se cumprir a profecia de Daniel: “Continuei olhando, e na visão noturna notei vir nas nuvens do céu uma figura humana, que se aproximou do ancião e foi apresentada diante dele. Deram-lhe poder real e domínio: todos os povos, nações e línguas o respeitarão. Seu domínio é eterno e não passa, seu reino não terá fim” (Dn 7, 13-14). Neste mundo e nestas igrejas comprometidas com uma moral do espetáculo, que estimula o ardor religioso individual sem nenhum compromisso comunitário, um Jesus Morto é absolutamente comum e sem atrativos de sedução. Para nós, além do Jesus da História, devemos estar intimamente ligados ao Cristo da Fé e Neste o que conta não é o fenômeno da luz, mas a humanidade de Jesus que durante a sua travessia testemunhou e praticou para todos e com todos, sem exceção ou discriminação, suas entranhas de misericórdia.


CONTEMPLAR

Transfiguração, Beato Angélico, 1440 circa, Convento de São Marcos, Florença, Itália.





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