Como
se visse o Invisível, mantinha-se firme (Hb 11, 27).
V Domingo da Páscoa
At 14, 21-27 Ap 21, 1-5 Jo
13, 31-35
ESCUTAR
“Chegando ali,
reuniram a comunidade. Contaram-lhe tudo o que Deus fizera por meio deles e
como havia aberto a porta da fé para os pagãos” (At 14, 27).
“Eis que faço
nova todas as coisas” (Ap 21, 5).
“Nisto todos
conhecerão que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros” (Jo 13,
35).
MEDITAR
Deus saiu de si mesmo para
vir ao meio de nós, armou a Sua tenda entre nós, para nos trazer a Sua
misericórdia que salva e dá esperança... Recordai bem: sairmos de nós, como
Jesus, como Deus saiu de si mesmo em Jesus, e Jesus saiu de si próprio por
todos nós.
(Papa Francisco)
Acho a vida
bela e me sinto livre. Os céus se estendem dentro de mim, assim como acima de
mim. Acredito em Deus e nos homens, e ouso dizer isso sem falso pudor. Uma
coisa é certa: deve-se contribuir para aumentar a reserva de amor sobre esta
terra. Cada migalha de ódio que se acrescenta ao ódio exorbitante que já existe
torna este mundo inóspito e inabitável.
(Etty Hillesum)
ORAR
Os textos
desta liturgia falam do amor fraterno
que é o centro da vida da comunidade do Cristo. Este amor fraterno é um protesto da ternura do Senhor, pois o
Senhor se faz presente por uma ternura
acolhedora que, nos iluminando, faz nascer uma maior liberdade de ação
frente às doutrinas e às normas caducas que nada têm a ver com a vida teologal
– a vida de fé, esperança e amor – do povo de Deus. Desde os tempos de Jesus,
os doutores da Lei não tinham autoridade,
só tinham poder e com ele
impunham a doutrina oficial. Temos que ter a lucidez de que nenhuma outra
peculiaridade das igrejas poderá convencer
o mundo da verdade e da necessidade da pessoa do Cristo e dos seus
ensinamentos: o amor fraterno é o sinal indispensável do seguimento do Cristo. O
eremita Ernesto Cardenal escreveu: “Estas bodas de amor serão as núpcias eternas
de toda a Igreja com Cristo e de cada ser particular com Cristo, porque em cada
ser está reunida toda a Igreja; como o corpo de Cristo está todo completo em
cada hóstia e nos corpos de todos os homens e todas as mulheres”. É o
amor fraterno que nos sustenta em todas as adversidades da travessia. E por
este mesmo amor podemos converter a violência do mundo, como pregava João
Crisóstomo: “Não teriam convertido o
mundo se não tivessem amado tanto”. A nova aliança selada por Jesus com
sua vida, morte e ressurreição contempla uma única cláusula e um único
compromisso decisivo: o amar com um dinamismo expansivo de um amor universal
cujas ondas e vibrações nos empurram cada vez mais para longe. Uma prática
amorosa que não olha o mérito das pessoas; que se traduz em serviço; que
valoriza a liberdade e aniquila qualquer discriminação. Um amor desarmado e
desarmante, como afirma o papa Leão XIV, que se revela mais forte do que o ódio
e um amor cuja visibilidade poderá ser reconhecida por qualquer pessoa que
busque vibrar na mesma sintonia amorosa. Um amor alternativo às trevas e que
nos revela que a utopia é o não-ainda possível: se Deus é Pai, os homens
poderão se produzir como irmãos. “Vede como eles se amam”, afirmava Tertuliano.
É este amor que derrotará o egoísmo e o ódio, forças de destruição, e este amor
está à disposição de todo aquele que pretenda, desde agora, viver “neste novo
céu e nesta nova terra”.
(Manos da Terna Solidão/Pe.
Paulo Botas, mts e Pe. Eduardo Spiller, mts)
CONTEMPLAR
A Ajuda do Padre, 1962, Puerto Cabello,
Venezuela, Héctor Rondón Lovera (1933-), Venezuela.
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