Como
se visse o Invisível, mantinha-se firme (Hb 11, 27).
IV Domingo da Páscoa
At 13, 14.43-52 Ap
7, 9.14b-17 Jo 10,
27-30
ESCUTAR
“Eu te coloquei como luz para as nações, para que leves a salvação até os confins da terra” (At 13, 47).
“Esses são os que vieram da grande tribulação. Lavaram e alvejaram as suas roupas no sangue do Cordeiro” (Ap 7, 14b).
“As minhas ovelhas escutam a minha voz, eu as conheço e elas me seguem (Jo 10, 27).
MEDITAR
Eu sou o Amor sem limites. Não conheço nenhum limite no tempo. Não conheço nenhum limite no espaço. Não há nenhum lugar em que eu não me encontre. Não há nenhum momento em que eu não exprima o que sou, quem eu sou. Eu sou a origem e a raiz mais profunda, e o impulso do que vós sois. Eu sou a vossa verdadeira vida.
(Um monge da igreja oriental)
Não me lembro de um só instante da minha vida em que tenha duvidado de Deus. Duvidei e duvido da possibilidade do pensamento humano conhecer e nomear adequadamente a sua existência, duvidei e duvido das pretensões das religiões de encerrá-lo nas suas doutrinas, duvidei e duvido de muitas outras coisas, mas de Deus e da possibilidade de participar no seu mistério de vida infinita que Jesus-Yeshua chamava ‘reino’ nunca duvidei e espero que nunca duvide até o último dos meus dias.
(Vito Mancuso)
ORAR
O Pastor conhece as suas
ovelhas, não genericamente, mas pessoalmente, uma a uma. Cada um de nós, aos
seus olhos, é um absoluto e não uma minúscula parte de um todo. “Escutar a voz”
é uma ligação de pertença mútua numa atmosfera de liberdade e reciprocidade. Shemá Israel!. Mas esta voz não está
fora de nós! A voz do Pastor não é algo estranho para nós. Nós nascemos nela. É
preciso escutá-la nas entranhas. São Jerônimo, comentando a sabedoria do
profeta Isaías, afirmava que “não era o
ar movido pela voz que chegava aos ouvidos do profeta, mas Deus que falava em
seu íntimo”. Devemos repousar em nós
mesmos, escutar Deus/Amor em nosso íntimo, em nossa respiração, fazê-Lo brotar
no sopro da nossa vida e expandi-Lo para o mundo. O Pastor não vem de fora. Não
percorre um caminho paralelo ou justaposto, nem visita o seu rebanho de vez em
quando, mas participa intimamente de sua vida. Ele compartilha a vida de todos.
Ele é Pastor, mas também Ele é Cordeiro. Seu testemunho (de amor) será o nosso
testemunho, sua proscrição (ante o poder) será a nossa proscrição, como foi a
de Paulo e Barnabé e a de todos “os que lavaram e alvejaram as suas roupas no
sangue do Cordeiro”. O povo de Deus não é poupado de nenhuma prova ou desafio.
Não é privilegiado, mas amado. Só pode desfrutar da tenda aquele que sabe, por
experiência, o que é o deserto. Jesus não se limita a proclamar a palavra do
Pai, mas revela o Pai na sua própria pessoa e no seu modo de agir. Toda a
prática do Cristo se faz revelação de Deus. Ao escutarmos a sua voz em nós e ao
fazermos ressoá-la, alcançamos essa identitas
christi. Eu e o Pai somos Um! Aprisionar o dinamismo vigoroso da Palavra em
nossas igrejas exclusivistas faz com que ela abandone o nosso território. O Evangelho,
quando aprisionado, caminhará em outra direção e deixará em nossa porta um
montinho de pó como testemunho de que se cansou de nossa mesquinhez. Deixará os
que se consideram “puros” na poeira de sua casa para se dirigir aos distantes,
aos diferentes de nós, entre os quais armará a sua tenda. A voz de Deus em nós
sempre nos empurrará para o mais-além-de-nós-mesmos. Como afirma o Papa
Francisco: “A presença de Deus na nossa vida nunca
nos deixa tranquilos, sempre nos impele a mover-nos. Quando Deus visita, sempre
nos tira para fora de casa: visitados para visitar, encontrados para encontrar,
amados para amar” (Homilia em Santiago de
Cuba, 2015).
(Manos da Terna Solidão/Pe. Paulo
Botas, mts e Pe. Eduardo Spiller, mts)
CONTEMPLAR
Papa Francisco com um cordeiro sobre os ombros. AP Photo, Osservatore Romano, http://roma.repubblica.it, 01/06/2014.
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