quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

O Caminho da Beleza 03 - III Domingo do Advento

Como se visse o Invisível, mantinha-se firme (Hb 11, 27).


III Domingo do Advento                

Sf 3, 14-18               Fl 4, 4-7              Lc 3, 10-18

 

 

ESCUTAR

 

O Senhor, teu Deus, está no meio de ti, o valente guerreiro que te salva; ele exultará de alegria por ti, movido por amor; exultará por ti, entre louvores, como nos dias de festa (Sf 3, 17-18).

 

Alegrai-vos sempre no Senhor; eu repito, alegrai-vos. Que a vossa bondade seja conhecida de todos os homens! O Senhor está próximo! (Fl 4, 4).

 

“Eu vos batizo com água, mas virá aquele que é mais forte do que eu. Eu não sou digno de desamarrar a correia de suas sandálias. Ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo” (Lc 3, 16).

 

 

MEDITAR

 

O Evangelho convida-nos sempre a abraçar o risco do encontro com o rosto do outro, com a sua presença física que interpela, com os seus sofrimentos e suas reivindicações, com a sua alegria contagiosa permanecendo lado a lado. A verdadeira fé no Filho de Deus feito carne é inseparável do dom de si mesmo, da pertença à comunidade, do serviço, da reconciliação com a carne dos outros. Na sua encarnação, o Filho de Deus convidou-nos à revolução da ternura.


(Francisco, Evangelii Gaudium)

 

 

 ORAR

 

            A dinâmica da vida cristã se realiza na resposta a uma tríplice vocação: a da esperança, a da conversão do olhar e a da alegria. Temos uma vocação à alegria ainda que tentem nos incutir que a felicidade está proibida e que devemos suportar, nesta terra, um “vale de lágrimas”. A alegria da comunidade eclesial é a melhor prova da existência de Deus. O cristão deve aprender a praticar a ascese da felicidade, a penitência do sorriso e o cilício da serenidade. Esta alegria é conquistada quando saímos de nós mesmos, do nosso egoísmo e nos abrimos a Deus para acolher os seus desígnios em nossa vida. E esta acolhida não implica numa dimensão intimista, mas numa abertura ao mundo inteiro. Quando o “valente guerreiro que te salva” (Sf 3, 17) está no meio de nós, podemos começar do zero e inventar outra história: dizer sim a Deus e ao próximo. João, o Batista, revela que o sinal da descoberta da presença do próximo está na nossa capacidade de partilhar: “Quem tiver duas túnicas, dê uma a quem não tem; e quem tiver comida, faça o mesmo!”. A regra de ouro dos sinais do Reino está na justiça e não na extorsão; na recusa da violência, da mentira e da busca insana do proveito próprio com o prejuízo dos outros. João proclama a conversão como descoberta do próximo e esta descoberta como elemento essencial da nossa alegria. O Cristo reitera que só sendo um ser-em-comunhão é que poderemos atingir a felicidade. A alegria cristã é marcada pela afabilidade, esta capacidade de não fazer dramas por ninharias; de aniquilar toda a ansiedade e inquietude e de exorcizar toda a angústia: “Não vos preocupeis!”. A alegria é a nossa capacidade de dar graças e para o cristão ser significa ser na alegria. Temos que ser sinais de alegria neste mundo necessitado de tréguas e de repouso; neste mundo em desânimo e depressivo onde o acumular é a chave mestra do viver e os caminhos se tornaram tortuosos pela cobiça e pela ambição. Este Menino é a luz do mundo e temos que resplandecer esta luz para que não seja apagada pelos ventos do orgulho e da soberba, que carregam consigo a calúnia e a difamação. É a humildade profética que nos liberta para o anúncio de Cristo a todos os povos e nações: “Eu não sou digno de desamarrar a correia de suas sandálias”. A manjedoura desvela que a casa do Senhor é o lugar dos abraços, da partilha e da comunhão. É o lugar onde todos, sem discriminação, podem e devem saciar-se da ternura do Pai. E nela somos convidados a entrar em todas as horas do dia e todos os dias do ano, dizendo: “Alegrai-vos sempre no Senhor; eu repito, alegrai-vos”.

 

(Manos da Terna Solidão/Pe. Paulo Botas, mts e Pe. Eduardo Spiller, mts)

 

 

CONTEMPLAR

 

Uma Vida na Morte, 2013, Nancy Borowick (1985-), World Press Photo, Associated Press Photo, Chappaqua, Nova Iorque, Estados Unidos.




 

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