A Palavra se fez carne e armou sua tenda entre nós (Jo 1, 14).
XIX Domingo do Tempo Comum
1 Rs 19, 4-8 Ef 4, 30-5,2 Jo 6, 41-51
ESCUTAR
“Levanta-te e come! Ainda tens um caminho longo a percorrer” (1 Rs 19, 7).
“Sede imitadores de Deus, como filhos que ele ama. Vivei no amor, como Cristo nos amou e se entregou a si mesmo por nós, em oblação e sacrifício de suave odor” (Ef 5, 1-2).
“Eu sou o pão da vida” (Jo 6, 48).
MEDITAR
Não é a religiosidade o que faz a verdade ou a mentira de uma vida humana, mas sim a autenticidade dessa mesma vida. “Em Espírito e verdade deseja o Pai ser adorado”, recordava Jesus a Samaritana, junto ao poço de Jacó (Jo, 4, 23).
(Pedro Casaldáliga)
Duas forças nos atraem como os imãs. Uma nos impulsiona para a idolatria: “Eu, eu, eu, somente eu”. A outra nos impulsiona à partilha.
(Abbé Pierre)
ORAR
No caminho dos homens estão os dons de Deus: o pão assado e um jarro d’água para Elias; o Espírito Santo para os que acreditam e o qual não podemos contristar com amargura, irritação, cólera e injúria; e o pão da vida para os que se comprometem com o caminho do novo êxodo. A estes dons devemos responder, respectivamente, com o compromisso da missão; com o viver no amor na identidade com o Cristo e alimentarmo-nos da carne do Filho do Homem. Somos chamados, na nossa vida comunitária, a “ser hospitaleiros uns com os outros sem murmurar” (1 Pd 4, 9) e a testemunharmos que a primeira hospitalidade é a do coração. O Senhor nos cura do cansaço, como curou Elias, de uma maneira insólita: “Levanta-te e come! Ainda tens um caminho longo a percorrer”. Para o Senhor ficamos cansados não pelo pouco que fizemos, mas pelo muito que ainda não fizemos. O Senhor sabe que só nos cansamos quando não temos a coragem de novos sonhos e quando nos movimentamos muito, mas não caminhamos e nem saímos do lugar porque nos perdermos em devaneios estéreis. O sinal da multiplicação responde pela quantidade de pão repartido entre todos; o sinal das bodas de Caná responde pela qualidade de vinho oferecido a todos. Jesus anuncia que o pão que será oferecido é a sua própria carne dada para a vida de um mundo diverso e plural. A sua carne, dada eternamente em oferenda, deve ser compreendida como a doação da sua existência humana para todos, sem exceção. E eternamente não significa um prolongamento infinito da vida biológica, mas a dimensão inesgotável, na nossa existência, do dar a vida continuamente e sempre. Devemos nos converter num viático eucarístico; numa provisão sempre disponível de um amar que enfrenta os desertos estéreis da intolerância e da discriminação. Estes desertos que fazem sucumbir, pela violência, pela ignorância e pelos preconceitos, os filhos e filhas amados do Senhor, criados à sua imagem e semelhança e submetidos à aridez das nossas instituições religiosas e civis. O pão (Jo 6, 51) que nos dá força e nos coloca em pé é o próprio caminho (Jo 14, 6) e se nos alimentarmos Dele também alimentaremos o caminho que se converte em força vital para a superação dos cansaços. Gravemos no coração o poeta espanhol: “Caminhante não existe caminho, faz-se o caminho ao andar” (Antonio Machado).
(Manos da Terna Solidão/Pe. Paulo Botas, mts e Pe. Eduardo Spiller, mts)
CONTEMPLAR
Um bebê sírio é passado por um buraco na barreira de arame farpado, entre a fronteira da Sérvia e Hungria, 2015, Warren Richardson (1968-), Austrália, World Press Photo.
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