A Palavra se fez carne e armou sua tenda entre nós (Jo 1, 14).
Assunção de Nossa Senhora
Ap 11, 19; 12, 1.3-6.10 1 Cor 15, 20-27 Lc 1, 39-56
ESCUTAR
“Então apareceu no céu um grande sinal: uma mulher vestida de sol, tendo a lua debaixo dos pés e, sobre a cabeça, uma coroa de doze estrelas” (Ap 12, 1).
“O último inimigo a ser destruído é a morte” (1 Cor 15, 26).
“Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre” (Lc 1, 42).
MEDITAR
Maria de Nazaré abandonando-se totalmente à vontade do Senhor, não foi de nenhuma maneira uma mulher passivamente submissa ou de uma religiosidade alienante, mas a mulher que não temia proclamar que Deus é aquele que eleva os humildes e oprimidos e derruba dos seus tronos os poderosos do mundo (Lc 1, 51-53).
(Groupe des Dombes)
ORAR
O destino de Maria não pode ser dissociado daquele que a tradição cristã reconheceu aos mártires e aos santos tantas vezes designados como “outros Cristos” e não é por acaso que o dogma da Assunção tenha sido promulgado na festa de Todos os Santos. A Assunção, que Deus antecipou para a mãe do seu Filho, é a realização de uma salvação que não está reservada só a Maria, mas que o Senhor deseja comunicar a todos os seus filhos e filhas: “Eu penso que o que sofremos durante a nossa vida não pode ser comparado, de modo nenhum, com a glória que nos será revelada no futuro” (Rm 8, 18). No encontro de Maria e Isabel, o Senhor não se utiliza somente de palavras, mas da linguagem do corpo, pois o filho de Isabel “pulou no seu ventre”. A saudação do Espírito Santo, pelos lábios de Isabel, é o sinal do amor e da inauguração de uma vida nova – de paz e justiça – anunciada pelo nascimento dos dois meninos. Na antiga tradição, é o filho que confere dignidade a uma mulher e Maria, bendita entre as mulheres, é a mais abençoada porque encontra sua fonte e seu fim no fruto do seu ventre. O Magnificat de Maria é o anúncio de que as promessas de Deus podem ser esperadas e que já começaram a ser cumpridas, pois por este cântico ela ensina a maneira concreta de se viver o Evangelho: ser perseverantes no Espírito e solidários, na travessia, com todos os homens e mulheres. A Assunção de Maria é e será também a nossa assunção: o florescimento do dom da vida que recebemos de Deus. Neste florescimento o corpo se transforma, se interioriza e, translúcido, se converte, para sempre, no sacramento de uma presença divina. Paulo nos afirma: “O Cristo transformará o nosso corpo fraco e mortal e fará com que fique igual ao seu próprio corpo glorioso, usando para isso o mesmo poder que ele tem para dominar todas as coisas” (Fl 3, 20-21). O tempo que nos é dado é um tempo de gestação e precisamos discernir o tempo da graça que nos é dado viver. Maria é bendita porque, despojada e pobre, escutou inteiramente a Palavra que a chamava ao amor ainda que “a tristeza, como uma espada afiada” fosse cortar o seu coração. A Assunção de Maria é fruto do consentimento à sedução irreversível do Senhor, como ela aprendera a ouvir: “Tu me seduzistes, Senhor, e eu me deixei seduzir (Jr 7,12). No entanto, na nossa liberdade podemos resistir Àquele que nos deseja e, então, a nossa vida e nosso élan ficam sepultados sob um montão de escombros – poder, dinheiro, ganância e hipocrisia – que são ruínas de morte e recusa. Deixemo-nos, como Maria, sermos desejados por Deus e, assim como ela, no mais íntimo de nós, entoemos o canto nupcial: “Filhas de Jerusalém, anunciai ao meu Amado que estou morrendo de amor” (Ct 5, 8).
(Manos da Terna Solidão/Pe. Paulo Botas, mts e Pe. Eduardo Spiller, mts)
CONTEMPLAR
O Encontro de Maria e de Elizabeth (Isabel), 1986, Jean-Marie Pirot (Arcabas) (1944-), acetato de polivinil, óleo sobre tela de linho, 65 x 54 cm, França.
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