A Palavra se fez carne e armou sua tenda entre nós (Jo 1, 14).
III Domingo da Páscoa
At 3, 13-15.17-19 1 Jo 2, 1-5 Lc 24, 35-48
ESCUTAR
“Vós rejeitastes o santo e o justo e pedistes a libertação para um assassino. Vós matastes o autor da vida, mas Deus o ressuscitou dos mortos, e disso nós somos testemunhas” (At 3, 14-15).
Meus amados, escrevo isto para que não pequeis. No entanto, se alguém pecar, temos junto do Pai um defensor: Jesus Cristo, o justo (1 Jo 2, 1).
Jesus disse: “Tendes aqui alguma coisa para comer?”. Deram-lhe um pedaço de peixe assado. Ele o tomou e comeu diante deles (Lc 24, 41-42).
MEDITAR
Jesus nos ensinou ou, ao menos, quis nos ensinar a situar Deus num universo interpessoal, isto é, um universo onde não só o conhecemos como o amamos. Este universo é o universo de nossa humanidade, é o universo de nossas ternuras e de nossos amores, o único universo respirável, o único no qual nós podemos nos situar, se nós não quisermos renunciar à nossa dignidade (Maurice Zundel).
ORAR
Existe uma história escrita pelo Altíssimo que inverte nossas opções equivocadas. Para Ele, sempre existirá um mas que vira do avesso os fatos: “Vós matastes o autor da vida, mas Deus o ressuscitou dos mortos”. Somos convidados a escrever uma história distinta de uma vez por todas e a não mais atrapalhar e impedir a nova trama da vida. Esta novidade é possível graças ao Ressuscitado que não aceita o medo dos seus amigos: “Eles ficaram assustados e cheios de medo, pensando que estavam vendo um fantasma”. Devemos sempre nos questionar quais os fantasmas que criamos para deformar as exigências do Evangelho e nos evadir dos passos do Cristo. Os fantasmas do poder, do dinheiro, do isolamento e de uma vida que basta a si mesmo: o que é meu é meu e o que é teu é meu também. O Ressuscitado representa a derrota do medo para que possamos chegar à plenitude do amor (1 Jo 4, 18). Quem teme nunca alcançará o amor perfeito. O amor desaloja do nosso interior o medo do castigo que tanta angústia nos causa. Este amor louco de Deus está sempre presente na comunidade cristã e na vida de cada um de nós. A todo e qualquer momento, podemos contar com este amor fiel e dele arrancar força e esperança. Crer significa aprender a ler os acontecimentos da vida como expressão dos passos de Deus, o passageiro misterioso que nos acompanha na travessia, que nos aponta o futuro que jamais será uma cópia ou uma repetição do passado. O Ressuscitado pode ser encontrado desde que queiramos, não desviemos o olhar e sejamos capazes de gestos concretos de compaixão: “Quem vos der de beber um copo d’água em meu nome não perderá a sua recompensa” (Mc 9, 41). Na Páscoa cristã, o Ressuscitado, nosso advogado junto ao Pai, e o pecador convertido se cruzam e constituem a comunidade pascal. Uma pequena condição é necessária: que à liberdade da oferta divina corresponda a liberdade da aceitação humana. Meditemos o nosso sim cotidiano ao Ressuscitado nas palavras do teólogo Henri de Lubac: “Todo problema da vida espiritual consiste no liberar o desejo da vida e transformá-lo em conversão radical, em metanóia, sem a qual não se entra absolutamente no Reino”. Deixemo-nos conduzir pelo Espírito que habita em nós como uma comunhão de mistérios, um encantamento de ternuras, que faz os que se amam olharem, não mais um para o outro, mas todos na mesma direção.
(Manos da Terna Solidão/Pe. Paulo Botas e Pe. Eduardo Spiller, mts).
CONTEMPLAR
On the Edge, 2022, Jean Patrick Gras, Praia da Ferrugem, Santa Catarina, Brasil, direitos adquiridos de imagem do site surfmappers.
Caros manos sempre é estimulante receber as homilias e absorver tudo que ela nos proporciona. Pedro
ResponderExcluirO cristianismo é um materialismo translúcido!
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