A Palavra se fez carne e armou sua tenda
entre nós (Jo 1, 14).
IV Domingo da
Quaresma
2 Cr 36,
14-16.19-23 Ef 2, 4-10 Jo 3, 14-21
ESCUTAR
Zombavam dos enviados de Deus,
desprezavam as suas palavras, até que o furor do Senhor se levantou contra o
seu povo e não houve mais remédio (2 Cr 36, 16).
Deus é rico em misericórdia.
Por causa do grande amor com que nos amou, quando estávamos mortos por causa
das nossas faltas, ele nos deu a vida com Cristo. É por graça que vós sois
salvos! (Ef 2, 4-5).
“Deus não enviou o seu Filho
ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele” (Jo 3,
17).
MEDITAR
Em Deus, não há um Eu único,
há três abrigos de luz, três abrigos de amor, três abrigos de comunicação onde
toda a Vida divina, constantemente, se renova num dom inesgotável.
(Maurice Zundel)
A misericórdia de Deus em
Cristo é mais do que a absolvição legal do pecado. O cristão é chamado a se
tornar um homem novo e a participar de uma nova criação que é precisamente obra
da misericórdia e não do poder.
(Thomas Merton)
ORAR
O ponto alto da nossa fé
está no versículo dezesseis deste evangelho joanino: “Deus amou tanto o mundo,
que deu o seu Filho Único!”. Tantas vezes quando falamos de crer nos vêm à
mente uma lista de dogmas aos quais devemos aderir, mas o cristão de fato
acredita, sobretudo, no fato de que o amor de Deus foi manifestado no dom do
Filho. Quem acredita tem fé, principalmente, no amor: Deus ama o mundo, ama
todos os homens e mulheres e ama cada um de nós. E este amor divino manifestado
por Cristo é testemunhado por Ele na Cruz. A cruz de Jesus fala de um amor
derrotado e, ao mesmo tempo, vitorioso; de um amor humilhado, mas circundado de
glória; de um amor traído, mas fiel. Não podemos esquecer que foi um justo a
quem crucificaram. A exaltação do Cristo se dá num solo infame e, apesar disto,
é a manifestação de um único poder, o do amor. Este dom carrega sempre em seu
bojo uma crise: pode ser aceito ou rejeitado. O julgamento acontece no aqui e
agora da terra e somos nós que nos julgamos e nos colocamos numa situação de
salvação ou de condenação diante da decisão que assumimos frente ao amor manifestado
por Jesus. Os homens odeiam a luz e preferem as trevas, mas Deus, na sua
liberdade de amar, faz despontar a salvação de onde menos se espera. Sempre
existe alguém que chega de longe e que reconstrói o que foi profanado pelos
“infiéis” da própria casa. Sempre um pagão pode ser eleito por Deus para ser
sinal e instrumento de seu amor que não falha. Os homens constroem por suas
próprias mãos as ruínas, mas são incapazes de reconstruir o que destruíram. A
salvação é um dom gratuito e exclusivo de Deus e cabe a nós distribuir ao menos
alguma migalha de bondade tirada do tesouro inesgotável deste Deus “rico em
misericórdia”. Devemos proclamar, como cristãos, que sobre o pecado e o mal do
mundo resplandece sempre a luz da misericórdia de Deus. É da luz que nasce a
nova humanidade que ama a luz e age conforme a verdade. Celebrar a Páscoa é
celebrar a esperança na misericórdia divina: “Afastai de vós toda amargura,
paixão, cólera, gritos, insultos e qualquer tipo de maldade. Sede amáveis e
compassivos uns para com os outros. Perdoai-vos, como Deus vos perdoou em
atenção a Cristo” (Ef 4, 31-32). Como Igreja devemos testemunhar que Jesus, o
Cristo, não é apenas um Messias reformador das instituições religiosas, mas o
doador da vida e da liberdade que acredita em todas as possibilidades humanas e
é solidário com elas. Jesus espera que sejamos capazes de sujar de Vida todos
os olhos claros de Morte.
(Manos da Terna Solidão/Pe. Paulo Botas, mts e Pe.
Eduardo Spiller, mts)
CONTEMPLAR
A Trindade na
ortodoxia,
1974, Micheau-Vernez (1907-1989), óleo sobre tela, 116 cm x 81 cm, Croisic,
França.
Manos queridos espero com ansiedade o dia que recebo a homilia - fico feliz e cheio de alegria quando acabo a leitura; que vocês continuem esta trajetória cheia de amor. Obrigado. Pedro
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