A Palavra se fez carne e armou sua tenda entre nós (Jo 1, 14).
III Domingo do Tempo Comum
Jn 3, 1-5.10 1
Cor 7, 29-31 Mc 1, 14-20
ESCUTAR
“Vendo Deus as suas obras de conversão e que os
ninivitas se afastavam do mau caminho, compadeceu-se e suspendeu o mal que
tinha ameaçado fazer-lhes, e não o fez” (Jn 3, 10).
“Eu digo, irmãos: o tempo está abreviado” (1 Cor 7,
29-31).
“O tempo já se cumpriu, e o Reino de Deus está
próximo. Convertam-se e acreditem na Boa Notícia” (Mc 1, 14-20).
MEDITAR
Amar significa entregar-se sem garantia, dar-se
completamente na esperança de que nosso amor produzirá amor na pessoa amada.
Amar é um ato de fé, e quem tiver mesquinha fé terá também mesquinho amor.
(Erich From)
Jesus não age movido por bons sentimentos. Não tenta
agradar ou passar uma boa imagem de si mesmo. Jesus vai ao essencial: ele
compreende o que está em jogo além das aparências, buscando a verdade do ser
para solicitar um autêntico encontro com ele. O que ele visa é a realidade do
homem.
(Daniel Duigou)
ORAR
As três afirmações das
leituras deste domingo são uma sucessão inquietante de advertências: “Ainda
quarenta dias”; “O tempo está abreviado”; “O tempo já se cumpriu”. Como
cristãos devemos acreditar que o desenlace não é uma hecatombe, mas uma
transformação. Jesus num breve pronunciamento reitera que se cumpriu o prazo, o
Reino de Deus está próximo e que é necessário converter-se e crer na Boa Nova.
As duas primeiras afirmações constituem uma revelação a partir de Deus e a
última implica uma decisão por parte do homem. Uma decisão expressa por duas
exigências: conversão e fé. Os habitantes de Nínive nem esperaram o vencimento
fatídico dos quarenta dias, pois tanto a fé como a conversão não obedecem a um
horário preestabelecido, pois são uma resposta imediata. A palavra de Deus não
se desmente a si mesma. A antiga Nínive foi destruída
pela conversão e fé dos seus habitantes e uma nova Nínive se deslumbrava.
Sucedeu o imprevisível: a força da palavra de Deus proclamada por um só homem,
Jonas, que além de duvidar do milagre não fez o menor esforço para crer que
para Deus nada era impossível. Os habitantes de Nínive vestiram-se de sacos e
Deus depôs a vestimenta da cólera para revestir-se do manto da misericórdia. O
profeta Jonas, medíocre e mesquinho, como tantos de nós, cumpriu mecanicamente
a sua tarefa sem se deixar enternecer e dilatar o seu coração. Jonas apenas
sentenciou como tantos padres e médicos: “Aqui só um milagre!”. E dizem isto
porque não acreditam que tudo é possível. Melhor seria que tivéssemos
suficiente fé nem tanto para fazer o milagre, mas para ao menos crer nele como
possível. Jonas, que foi enviado para abrir os olhos dos ninivitas, permaneceu
com a trava nos seus. O tempo breve é um convite para voltarmos os corações
para o eterno com um profundo desprendimento interior: os que têm, os que
choram e os que estão alegres vivam como
se não tivessem, não chorassem e nem fossem alegres. Estamos no limiar do
mundo novo anunciado pelo profeta: “Eis que vou criar um novo céu e uma nova
terra” (Is 65, 17) e por isso somos convidados a levantar os olhos para além do
nosso limite cotidiano e olhar para o horizonte de Deus neste mundo novo em via
de nascer. Devemos ter um único horizonte, o do Reino: “Portanto, quer comais
ou bebais ou façais qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus” (1
Cor 10, 31).
(Manos da Terna Solidão/Pe. Paulo Botas, mts e Pe.
Eduardo Spiller, mts)
CONTEMPLAR
A Conversão de Saulo, 1800, William Blake
(1757-1827), lápis, caneta, nanquim e aquarela sobre papel, 42,3 cm x 37,1 cm,
Henry E. Huntington Library and Art Gallery, San Marino, Califórnia, Estados
Unidos.
Tudo é urgente, sobretudo converter-se ao amor, à simplicidade. Viver como se víssemos o invisível.
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