Peguei da mão do anjo o livrinho e comi-o. Na boca era doce como
mel, mas, quando o engoli, meu estômago tornou-se amargo (Ap 10, 10).
XXIII Domingo do Tempo Comum
Ez 33, 7-9 Rm
13, 8-10 Mt 18,
15-20
ESCUTAR
“Quanto a ti, filho do homem, eu te estabeleci como
vigia para a casa de Israel. Logo que ouvires alguma palavra da minha boca, tu
os deve advertir em meu nome” (Ez 33, 7).
“Não fiqueis devendo nada a ninguém, a não ser o amor
mútuo, pois quem ama o próximo está cumprindo a lei” (Rm 13, 8).
“Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu
estou aí, no meio deles” (Mt 18, 20).
MEDITAR
Nossa experiência de Deus é como o ato de nadar num
eterno oceano de amor ou interagir com a presença despercebida do ar:
inspiramos amor e expiramos amor. Essa experiência é onipresente, onisciente e
onipotente. Jamais se esgota, sempre se expande. Quando procuro descrever essa
realidade, as palavras me falham, então simplesmente digo o nome Deus.
(John Shelby Spong)
ORAR
“Não fiqueis devendo nada a ninguém, a não ser o amor mútuo”. As dívidas mais importantes e vitais que temos são dívidas de amor. Sempre estaremos em débito, porque ao pagar as dívidas do presente as do futuro surgirão. O cristão sempre ficará, por amor, a dever alguma coisa para alguém. O amor é um crédito que os outros exibem diante de nós sempre e em todas as partes. Quando servimos os pobres não fazemos mais do que pagar nossas dívidas de amor. O profeta nos apela a sermos sempre sentinelas do amor. Não vigias da disciplina e da intolerância e nem vigias que não dormem para acusar os inimigos, mas se tornam sonolentos quando se trata de defender a prática do amor. O cristão age em comunidade sob o signo da corresponsabilidade. Cada um é sentinela do seu irmão para aniquilar a prepotência assassina de Caim: “Sou eu o guarda do meu irmão? Quem não ama é assassino e as vozes do sangue dos não-amados clamarão aos céus” (Gn 4, 10). Ser sentinela não significa comportar-se como espião ou polícia do outro, pois antes de julgar o próximo é necessário demonstrar nosso cuidado, nossa atenção, e fazê-lo acreditar que é amado, apesar de tudo. O amor, a paciência, a misericórdia e o respeito são a luz indispensável para a correção fraterna dos nossos irmãos. Mais do que discipliná-lo é preciso chamá-lo a deixar-se amar. A correção fraterna exige o abandono de qualquer superioridade, pois todos partilhamos da mesma fragilidade e miséria. Nunca dizer: “Olha o que você fez!”, mas “Veja o que somos capazes de fazer”. E para aquele que se auto exclui da comunidade devemos ainda mais amor. Na Igreja de Jesus, não podemos estar por inércia nem por costume ou medo. Devemos estar reunidos em seu nome e alimentando-nos do seu Evangelho. Reunir-se em nome de Jesus é criar um espaço para viver a existência em torno Dele e do Seu horizonte. Um espaço definido não pelos limites das doutrinas, dos costumes e práticas, mas pelos horizontes de amor. O cristão não conhece limites, mas horizontes. Devemos ser uma luz no meio de uma Igreja debilitada pela rotina e paralisada pelos medos. A renovação da Igreja começa sempre no coração de dois ou três que se unem em nome de Jesus: a presença de Deus está onde existe a presença fraterna. Meditemos em nosso coração o livro do Eclesiástico: “há amigos de um momento que não duram em tempo de perigo. O amigo fiel é refúgio seguro; quem o encontra, encontra um tesouro” (Eclo 6, 8.14).
(Manos da Terna Solidão/Pe. Paulo Botas, mts e Pe. Eduardo Spiller, mts)
CONTEMPLAR
O padre Júlio Lancellotti abraça Cassiano, que vive
nas ruas de São Paulo, 2020, Wanezza Soares/El País, Brasil.
Que beleza! Correção fraterna, crescendo em amor mútuo.
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