Peguei da mão do anjo o livrinho e comi-o. Na boca era doce como
mel, mas, quando o engoli, meu estômago tornou-se amargo (Ap 10, 10).
XVI Domingo do Tempo Comum
Sb 12, 13.16-19 Rm
8, 26-27 Mt 13,
24-43
ESCUTAR
“A tua força
é princípio da tua justiça e o teu domínio sobre todos te faz para com todos
indulgente” (Sb 12, 16).
“O Espírito
vem em socorro da nossa fraqueza. Pois nós não sabemos o que pedir nem como
pedir; é o próprio Espírito que intercede em nosso favor com gemidos inefáveis”
(Rm 8, 26).
“Senhor, não
semeaste boa semente no teu campo? Donde veio então o joio?” (Mt 13, 27).
MEDITAR
É impossível entrar no existir sem levar junto nossa
própria sombra. Muitas vezes, na experiência humana, aqueles que não conseguem
lidar com sua sombra no final fazem com que aquela mesma sombra se torne sua
realidade de posse. Nossa sombra pode consumir nosso existir e, quando isso
acontece, tornamo-nos pessoas possuídas, dependentes.
(John S. Spong)
ORAR
O Senhor nos ensina a ser dinâmicos nos
tempos de semeadura, tempos de esperançosa paciência. Somos intempestivos e
queimamos etapas e nos tornamos impacientes. Plantamos a semente e já
esperamos, com uma rede na mão, que ela brote, que a árvore cresça para
pendurarmos nela a rede e descansar. O Senhor julga com mansidão, sua política
é a misericórdia, sua diplomacia é a compaixão. Ele detém o poder e o utiliza
para perdoar a todos. O Senhor, apesar de nossas tolices, sempre nos oferece a
possibilidade do arrependimento. Tendemos a buscar Deus no espetacular e no
prodigioso, mas o Reino de Deus é sempre um minúsculo e insignificante início:
Deus vem a terra como uma semente, um fermento ou um pequeno rebento. Não
devemos nos exaltar, nem sermos insolentes, nem cedermos à inquietude e nos
deixarmos devorar pela ansiedade. Devemos fluir na vida e não sufocá-la. Jesus
é semeador e semente ao mesmo tempo e Ele mesmo se converterá em grão caído na
terra para morrer: “Se o grão caído na terra não morrer, ficará só; se morrer, dará
muitos frutos” (Jo 12, 24). Sua força irresistível, mas escondida, é a força da
vida: para fazer viver, é necessário desaparecer; para fazer fermentar temos
que nos perder no meio da massa de pão. Jesus revela que a eficácia é garantida
pela pequenez e não pelas estatísticas enganadoras. O grão de mostarda, por ser
a menor semente, transformar-se-á em grande árvore. Ele é importante não pela
grandeza da árvore que virá a ser, mas porque faz viver os pássaros do céu que
nela encontram pouso e acolhida para a sua diversidade. Nada temos a temer,
pois é o Espírito de Deus no nosso mais íntimo que intercede por nós em pleno
gozo de amor: com gemidos inefáveis. Ele sempre sabe o melhor para nós e sonha
com maravilhosas coisas para todos. Nunca é demais lembrar que podemos tornar
Deus uma fraude não pelo que fazemos por Ele, mas, sobretudo, pelo que não
permitimos que Ele faça por nós.
(Manos da Terna Solidão/Pe. Paulo Botas, mts e Pe. Eduardo Spiller, mts)
CONTEMPLAR
Beijo de Judas (Paixão
Cinza- 2), detalhe,
c. 1494-1500, Hans Holbein
(1460-1524), Alemanha.