quinta-feira, 15 de junho de 2023

O Caminho da Beleza 30 - XI Domingo do Tempo Comum

Peguei da mão do anjo o livrinho e comi-o. Na boca era doce como mel, mas, quando o engoli, meu estômago tornou-se amargo (Ap 10, 10).

XI Domingo do Tempo Comum

Ex 19, 2-6          Rm 5, 6-11                  Mt 9, 36-10, 8          

 

ESCUTAR

“Se ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, sereis para mim a porção escolhida dentre todos os povos” (Ex 19, 5).

“Já estamos justificados pelo sangue de Cristo, seremos salvos da ira por ele” (Rm 5, 9).

“Vendo Jesus as multidões, compadeceu-se delas, porque estavam cansadas e abatidas como ovelhas que não têm pastor” (Mt 9, 36).

 

MEDITAR

Não desfaleças, deixa-te absorver pelo amor. Não podes saber para onde te levo... Não esperes, sobretudo, velhice tranquila, pacífica, considerada. Teu caminho é luta sem tréguas, até o fim, até o impossível.

(Padre Lebret, op.)

 

ORAR

Jesus se encontra diante de uma multidão amorfa, anônima e impessoal. Números mais do que rostos. Quantidade mais do que pessoas. Objeto manipulável, instrumentalizável, suscetível de ser enganado. Estas pessoas estão extenuadas porque vivem na dispersão e no abandono, não são reconhecidas e são exploradas, descaradamente, pelos mais diversos interesses. Deus quer um povo que seja, um organismo vivo, sujeito responsável de uma história, protagonista e interlocutor. A globalização econômica sem freios criou o caldo de uma cultura do descarte. A economia não está a serviço do ser humano, pois o ser humano não é mais meu irmão, mas um instrumento e o seu destino não me diz respeito. É a globalização da indiferença. Na multidão, cada um leva escondido o seu próprio mistério e as próprias dores. Jesus envia seus discípulos para transformar as multidões no novo Povo de Deus. A missão dos discípulos é fazer com que as pessoas estejam conscientes desta nova realidade: somos chamados a ser povo ao reconhecermos que podemos realizar o mesmo desígnio divino. Somos portadores de um amor e não de uma doutrina. O Vaticano II afirma: “Povo de Deus é aquele que pratica a justiça” (Lumen Gentium 9). Tenhamos em mente o discurso de Pedro: “Agora eu sei que, de fato, Deus trata a todos de modo igual, pois aceita a todos, os que O temem e fazem o que é direito, seja qual for a sua raça” (At 10, 34-35). O olhar de Jesus não era como o dos fariseus radicais que só viam a impiedade, a ignorância da lei e a indiferença religiosa. Nem o olhar de João Batista que via no povo o pecado e a perversão diante da chegada eminente de Deus. O olhar de Jesus estava pleno de carinho, ternura e amor: “vendo a multidão se compadeceu dela porque estava maltratada e abatida, como ovelhas sem pastor”. Para Jesus, as pessoas são mais vítimas do que culpadas. As igrejas se converterão ao Evangelho quando olharem as pessoas com o olhar de Jesus: mais como vítimas do que culpadas; quando se fixarem mais em seus sofrimentos do que em seus pecados; quando olharem a todos com menos medo e mais compreensão. Os valores que nos governam são os da exclusão, não os da solidariedade; o peso amargo e medroso da vida e não a alegria de viver. O ódio pelos diferentes, por toda forma de alteridade cresce de um modo vertiginoso, alimentando a nostalgia de um Nós e até mesmo o assassinato em nome de Deus dos que são diversos. Não recebemos de Jesus um ministério da condenação nem da morte. Fomos enviados para acolher e consolar. Jesus quis discípulos que olhassem o mundo com ternura. Discípulos dedicados a aliviar a angústia, o sofrimento e a devolver a esperança aos desesperançados. Devemos gravar em nossos corações a pregação de Paulo: “Porque há um só pão, nós todos somos um só corpo, pois todos participamos desse único pão” (1 Cor 10,17). Esta é a nossa herança e nosso destino!

(Manos da Terna Solidão/Pe. Paulo Botas, mts e Pe. Eduardo Spiller, mts)

 

CONTEMPLAR

Menino abraça amigo numa rua de Nápoles, 1944, Henri Cartier-Bresson, França.




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