quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

O Caminho da Beleza 09 - III Domingo do Tempo Comum

Peguei da mão do anjo o livrinho e comi-o. Na boca era doce como mel, mas, quando o engoli, meu estômago tornou-se amargo (Ap 10, 10).

III Domingo Tempo Comum

Is 8, 23b-9, 3                     1 Cor 1, 10-13.17               Mt 4, 12-23

 

ESCUTAR

“O povo que andava na escuridão, viu uma grande luz; para os que habitavam nas sombras da morte, uma luz resplandeceu” (Is 9, 1).

“Sejais todos concordes uns com os outros e não admitais divisões entre vós. Pelo contrário, sede bem unidos e concordes no pensar e no falar” (1 Cor 1, 10).

“O povo que vivia nas trevas viu uma grande luz e para os que viviam na região escura da morte brilhou uma luz. Daí em diante Jesus começou a pregar dizendo: ‘Convertei-vos, porque o Reino dos Céus está próximo’. Jesus andava por toda a Galileia, ensinando em suas sinagogas, pregando o Evangelho do Reino e curando todo tipo de doença e enfermidade do povo” (Mt 4, 16-17.23).

 

MEDITAR

Todos os dias é necessário se converter, pois a conversão nunca é de uma só vez por todas. A tendência para o cuidado de si mesmo nos entorpece e é escorregadia. No momento em que paramos de orar e de estar atentos, nos surpreendemos dizendo: ‘eu, eu, eu’, em detrimento dos outros. Ninguém se converte a si próprio, pois é Deus que nos converte e quando Jesus diz: ‘Segue-me’, Ele nos dá o que pede: o impossível necessário que se torna possível.

(François Varillon, SJ)

 

ORAR

     A missão de Jesus não se inicia no deserto como a de João, o Batista; nem em Jerusalém, a capital religiosa e o centro do poder político e econômico. A missão de Jesus se inicia na Galileia onde residiam numerosos pagãos. A fase decisiva da história da salvação se inicia numa região que os judeus desprezavam e consideravam sombria. Sobre este país, uma luz se ergue e brilha para que seja comunicada a todos os homens e mulheres de todos os tempos e lugares do mundo. A Palavra não se esconde de ninguém e o paradoxo cristão se revela na desproporção infinita que existe entre o que somos e a missão que nos é confiada: uma missão cumulada com a misericórdia e o amor do Cristo. Na medida em que nos abandonamos à força de Deus somos cumulados de bênçãos para que cumpramos o seu desígnio e este desígnio é o próprio Deus presente no mundo. A sabedoria do Cristo é o abandono a Deus, pois quem nos envia nunca nos deixará sozinhos, uma vez que o seu Espírito habita em nossos corações. A nossa vida não é somente nossa, mas é a própria vida do Cristo presente hoje, como outrora, na sua condição terrena de humildade e pobreza. Paulo exclamava: “Não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim” (Gl 2, 20). Jesus nos testemunha que a humildade de sua vida não O impediu de realizar a salvação do mundo. Ao contrário, foi precisamente na sua fraqueza que pôde realizar a obra que lhe foi confiada, pois “a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens” (1 Cor 1, 25). Não devemos nos escandalizar: o Cristo está presente na nossa humildade e pobreza e são estas que se tornam os instrumentos escolhidos por Deus para continuar a missão de Jesus. Os verbos ver, chamar e seguir fazem parte da dinâmica do chamado de Jesus para que caminhemos com Ele segundo a originalidade de nossos talentos. Ninguém está privado do seu olhar e nem afastado do seu apelo. A liberdade do cristão é construída, cotidianamente, numa dinâmica permanente e conflitante do “abandono de... para alguma coisa”, que desemboca na plenitude do Amor e no amor que “tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (1 Cor 13, 7). Um amor que jamais acabará. A Igreja de Jesus deve se sentir em casa quando fica indignada com a pobreza das massas e se alimentar da hospitalidade de uma esperança que nunca discrimina, pois qualquer discriminação, por menor que seja, é escuridão e sombra da morte. Devemos nos converter em “povo que andava na escuridão e viu uma grande luz” para que nos transformemos, de uma vez por todas, nestes inumeráveis grãos de trigo que, reunidos, fermentados e sovados, tornam-se um só pão que será, por todos os séculos, o Pão da Vida. 

(Manos da Terna Solidão/Pe. Paulo Botas, mts e Pe. Eduardo Spiller, mts)

 

CONTEMPLAR

S. Título, s.d., Margaret Durow (1989-), da série “Peso e Espera”, Wisconsin, Estados Unidos.




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