A palavra de Deus é viva e eficaz e mais cortante que espada de
dois gumes (Hb 4, 12).
XIII Domingo do Tempo Comum
1Rs 19, 16.19-21 Gl
5, 1.13-18 Lc 9,
51-62
ESCUTAR
“Vai e unge a Eliseu, filho de Safat, de Abel-Meula, como profeta em teu lugar” (1 Rs 19, 16).
“Mas, se vos mordeis e vos devorais uns aos outros, cuidado para não seres consumidos uns pelos outros” (Gl 5, 15).
“As raposas têm tocas e os pássaros têm ninhos; mas o Filho do homem não tem onde repousar a cabeça” (Lc 9, 58).
MEDITAR
Insegurança? É uma graça de fé. A mais desconfortável para aquele que pensa apenas em dormir. A mais adequada para a vigilância... A Cristo foi oferecido escolher entre duas estabilidades: o trono e a cruz. Cristo escolheu a cruz: fez dela o seu trono e o banco do seu reino. Infelizmente, no curso da história, a Igreja muitas vezes preferiu o trono. Especialmente depois que o edito de Constantino tornou a cruz mais difundida e o trono mais cúmplice (Christian de Chergé, monge trapista assassinado na Argélia, em 1996).
As leituras deste domingo nos falam das exigências da vocação e a maior delas é a necessidade do desprendimento, da renúncia, do abandono das coisas e das pessoas queridas. Não existe resposta ao chamado para nos colocarmos à serviço do reino que não comporte dilacerações profundas. Toda chamada está sob o signo da urgência e “Deus é urgente sem pressa” (Guimarães Rosa). A frase de Jesus traduzida como “tomou a firme decisão” não tem a força do texto grego que diz, literalmente, “endureceu o seu rosto”. Mais do que expressar severidade, o rosto endurecido expressa determinação, vontade de chegar até a raiz das coisas apesar do preço a pagar: hostilidades e proscrição. Jesus manifesta, no seu semblante, a intrépida resolução de ir para Jerusalém. Jesus faz exigências extremas. A primeira, a disponibilidade para viver na insegurança: “As raposas têm tocas e os pássaros tem ninhos, mas o Filho do homem não tem onde repousar a cabeça”. A segunda, a ruptura com o passado: “Deixa que os mortos enterrem seus mortos, mas tu, vai anunciar o Reino de Deus”. A terceira, é uma decisão irrevogável: “Quem põe a mão no arado e olha para trás não está apto para o reino de Deus”. Nada de vacilos ou concessões. O compromisso é total, definitivo e se nutre de uma promessa e não de quimeras nostálgicas. Paulo nos exorta: “É para a liberdade que Cristo nos libertou”. A liberdade é exigente porque o amor é exigente e o critério último que define as pessoas livres é o amor. No entanto, os abraços fraternos não anulam o costume de nos devorar, mutuamente, com murmúrios, rótulos e calúnias. O Papa Francisco sustenta: “As fofocas sempre vão sob a dimensão da criminalidade. Não existem fofocas inocentes e são elas que destroem a comunidade cristã”. Aos fanáticos da mortificação e jejum nunca é demais prevenir que é melhor comer carne e beber vinho do que comer, com calúnia e maledicência, a carne dos irmãos.
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