A palavra de Deus é viva e eficaz e mais cortante que espada de
dois gumes (Hb 4, 12).
V Domingo da Páscoa
At 14, 21-27 Ap 21, 1-5 Jo
13, 31-35
ESCUTAR
“Chegando ali, reuniram a comunidade. Contaram-lhe tudo o que Deus fizera por meio deles e como havia aberto a porta da fé para os pagãos” (At 14, 27).
“Eis que faço nova todas as coisas” (Ap 21, 5).
“Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros” (Jo 13, 35).
MEDITAR
Deus saiu de si mesmo para vir ao meio de nós, montou a Sua tenda entre nós, para nos trazer a Sua misericórdia que salva e dá esperança... Recordai bem: sairmos de nós, como Jesus, como Deus saiu de si mesmo em Jesus, e Jesus saiu de si próprio por todos nós (Francisco).
“Acho a vida bela e me sinto livre. Os céus se estendem dentro de mim, assim como acima de mim. Acredito em Deus e nos homens, e ouso dizer isso sem falso pudor. Uma coisa é certa: deve-se contribuir para aumentar a reserva de amor sobre esta terra. Cada migalha de ódio que se acrescenta ao ódio exorbitante que já existe torna este mundo inóspito e inabitável” (Etty Hillesum).
ORAR
Os textos desta liturgia
falam do amor fraterno que é o
centro da vida da comunidade do Cristo. Este amor fraterno é um protesto da ternura do Senhor, pois o
Senhor se faz presente por uma ternura
acolhedora que, nos iluminando, faz nascer uma maior liberdade de ação
frente às doutrinas e às normas caducas que nada têm a ver com a vida teologal
– a vida de fé, esperança e amor – do povo de Deus. Desde os tempos de Jesus,
os doutores da Lei não tinham autoridade,
só tinham poder e com ele
impunham a doutrina oficial. Temos que ter a lucidez de que o amor fraterno é o
sinal indispensável do seguimento do Cristo. O eremita Ernesto Cardenal
escreveu: “Estas bodas de amor serão as núpcias eternas
de toda a comunidade eclesial com Cristo e de cada ser particular com Cristo,
porque em cada ser está reunida toda a comunidade eclesial; como o corpo de
Cristo está todo completo em cada hóstia e nos corpos de todos os homens e
todas as mulheres”. É o amor fraterno que nos sustenta em todas as
adversidades da travessia. E por este mesmo amor podemos converter a violência
do mundo, como pregava João Crisóstomo: “Não teriam convertido o mundo se não tivessem amado tanto”. A nova
aliança selada por Jesus com sua vida, morte e ressurreição contempla uma única
cláusula e um único compromisso decisivo: o amar com um dinamismo expansivo de
um amor universal cujas ondas e vibrações nos empurram cada vez mais para
longe. Uma prática amorosa que não olha o mérito das pessoas; que se traduz em
serviço; que valoriza a liberdade e aniquila qualquer discriminação. Um amor
desarmado que se revela mais forte do que o ódio e um amor cuja visibilidade
poderá ser reconhecida por qualquer pessoa que busque vibrar na mesma sintonia
amorosa. Um amor alternativo às trevas e que nos revela que a utopia é
possível: se Deus é Pai, os homens poderão se produzir como irmãos. É este amor
que derrotará o egoísmo e o ódio, forças de destruição, e este amor está à
disposição de todo aquele que pretenda, desde agora, viver “neste novo céu e
nesta nova terra”.
(Manos da Terna Solidão)
CONTEMPLAR
Crianças no
degrau da porta, 2008, Havana, Cuba, Tony McDonnell, Dundalk, Irlanda.
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