sexta-feira, 6 de maio de 2022

O Caminho da Beleza 24 - IV Domingo da Páscoa

A palavra de Deus é viva e eficaz e mais cortante que espada de dois gumes (Hb 4, 12).

IV Domingo de Páscoa                        

At 13, 14.43-52                  Ap 7, 9.14-17                      Jo 10, 27-30

 

ESCUTAR

“Eu te coloquei como luz para as nações, para que leves a salvação até os confins da terra” (At 13, 47).

“Porque o Cordeiro, que está no meio do trono, será o seu pastor e os conduzirá às fontes da água da vida. E Deus enxugará as lágrimas de seus olhos” (Ap 7, 17).

“As minhas ovelhas escutam a minha voz, eu as conheço e elas me seguem” (Jo 10, 27).

 

MEDITAR

O caminho para a fé passa pela obediência ao chamado de Cristo. Exige-se um passo decisivo, senão o chamado de Jesus ecoa no vácuo, e todo suposto discipulado, sem esse passo ao qual Jesus nos chama, transforma-se em falsa onda entusiástica.

(Dietrich Bonhoeffer)

Deus só se comunica plenamente e suavemente a um coração despojado de tudo” (São João da Cruz).

 

ORAR

    A figura do Pastor marca a liturgia de hoje e dois verbos dão o seu sentido profundo. Da parte do pastor, “conhecer”, e da parte das ovelhas, “escutar e seguir”. Jesus afirma conhecer cada um de nós, aos seus olhos e coração, não como um ser genérico, nem como uma minúscula parte de um todo, mas como um absoluto único e intransferível. Escutar a voz não é apenas ouvir a Palavra, é também conquistar uma relação íntima e estreita com a pessoa amada. A voz exprime uma chamada, um convite com um timbre pessoal, inconfundível, capaz de provocar uma ressonância interior que nunca se repete em quem a percebe. Escutar a voz implica uma ligação de pertença recíproca numa atmosfera de liberdade e espontaneidade. A imagem do Pastor é unida a do Cordeiro uma vez que Ele jamais se distancia do rebanho, faz o mesmo caminho, enfrenta os mesmos riscos e partilha suas vidas em todos os momentos. Ele faz-se caminho sempre. O povo de Deus não é poupado de nenhuma prova ou desafio. Não é privilegiado, mas amado. Só pode desfrutar da tenda aquele que sabe, por experiência, o que é o deserto. Nossas igrejas devem ter a lucidez de que os pastores que não vivem o seu ministério como uma relação pessoal cotidiana, como aquele que serve (Lc 22, 27), podem acabar se reduzindo a meros funcionários. A relação autêntica se alimenta de uma presença, mas também de uma escuta, de uma partilha do amor e da total dedicação até o dom de sua vida. A missão profética da Igreja de Jesus é a de ser uma Igreja pobre com os pobres e não continuar a ser uma pobre Igreja rica que socorre os pobres. Meditemos as palavras do Papa Paulo VI ao encerrar o Concílio Vaticano II em sete de dezembro de 1965: “No rosto de todos os seres humanos, especialmente quando marcado pelas lágrimas e pela dor, brilha a face de Cristo (cf. Mt 25, 40)”.

(Manos da Terna Solidão)


CONTEMPLAR

O Bom Pastor, Daniel Bonnell, óleo sobre tela, 24” x 48”, Carolina do Sul, Estados-Unidos.




 


Um comentário:

  1. Sejamos, a um só tempo, o pastor que busca os caminhos, e a ovelha que se deixa, amorosamente, guiar!

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