quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

O Caminho da Beleza 12 - VI Domingo do Tempo Comum

A palavra de Deus é viva e eficaz e mais cortante que espada de dois gumes (Hb 4, 12).

VI Domingo do Tempo Comum                   

Jr 17, 5-8                 1 Cor 15, 12.16-20            Lc 6, 17.20-26

 

ESCUTAR

“Maldito o homem que confia no homem e faz consistir sua força na carne humana, enquanto o seu coração se afasta do Senhor” (Jr 17, 5).

Se os mortos não ressuscitam, então Cristo também não ressuscitou. E se Cristo não ressuscitou, vã é vossa fé (1 Cor 15, 16).

“Bem-aventurados sereis quando os homens vos odiarem, vos expulsarem, vos insultarem e amaldiçoarem o vosso nome por causa do Filho do homem!” (Lc 6, 22).

 

MEDITAR

Alguns cristãos (...) acham que têm o dever moral de estar sempre a sorrir porque Jesus nos ama. Seamus Heaney chama-lhe ‘o sorriso fixo de um lugar pré-reservado no Paraíso’, e nada há mais deprimente.

(Timothy Radcliffe, 1945- , Reino Unido)

 

ORAR

      Neste mundo onde os valores materiais se impõem, a qualquer preço e custo, somos confrontados com uma escolha sem volta: sermos benditos ou malditos. A benção se manifesta quando rompemos a nossa autossuficiência e vamos ao encontro dos mais necessitados. A maldição nos é conferida pelo nosso amesquinhamento contínuo, material e espiritual, que não encontra mais razão e sentido para amar. O Papa Bento XVI nos alerta: “Se em minha vida negligencio completamente a atenção ao outro, importando-me apenas com ser ‘piedoso’ e cumprir meus ‘deveres religiosos’, então definha também a relação com Deus. Nesse caso, trata-se de uma relação ‘correta’, mas sem amor”. O Evangelho de hoje nos apresenta quatro bênçãos: para os pobres, para os famintos, para os aflitos e para os perseguidos e quatro maldições: para os ricos, para os favorecidos, para os saciados e para os de “status” social e religioso. Jesus nos chama a uma religião encarnada, uma religião que enfrente, por amor, tudo o que destrói a humanidade, sobretudo a corrida ao dinheiro, ao conforto material e à satisfação imediata. O Papa Francisco afirma reiteradamente: “Prefiro um ateu verdadeiro que ame do que um cristão hipócrita”. Para Jesus, os pobres não são somente os despossuídos, mas os que diante do dinheiro não o idolatram porque sabem que a maldição não é possuir bens, mas ser possuído por eles. Os possuídos pelos bens bastam-se a si mesmos. São ricos sem Deus, porque não precisam Dele para nada: Mamon lhes basta. Paulo nos conclama a crer na ressurreição de Jesus e acreditar que cada um de nós ressuscitará na exata medida do que foi capaz de viver e dar em sua travessia. A nós cristãos é lançado o desafio de nos entregarmos confiantes aos desígnios do Pai e superarmos o orgulho e a vaidade de nos bastarmos a nós mesmos. A ressurreição dos que nos precederam será uma bênção de reencontros e para os que se pensam imortais por causa de suas posses só lhes restará a maldição da melancolia de uma cama vazia numa varanda do céu.


CONTEMPLAR

Melancolia, 2021, Guillermo Espinoza (1985-), Monochrome Photography Awards 2021, Espanha/Alemanha.




Nenhum comentário:

Postar um comentário