A palavra de Deus é viva e eficaz e mais cortante que espada de
dois gumes (Hb 4, 12).
V Domingo do Tempo Comum
Is 6, 1-2a.3-8 1 Cor 15, 1-11 Lc
5, 1-11
ESCUTAR
“Ouvi, então a voz do Senhor que
dizia: ‘A quem enviarei? Quem irá por nós?’ Respondi: ‘Aqui estou! Envia-me’” (Is
6, 8).
“Por último, apareceu também a
mim, que sou como um aborto. Pois eu sou o menor dos apóstolos, nem mereço o
nome de apóstolo, pois eu persegui a Igreja de Deus” (1 Cor 15, 8-9).
“Não tenhas medo! De agora em
diante serás pescador de homens!” (Lc 5, 10).
MEDITAR
Senhor, ensina-me a te descobrir
sem cessar e seja a respiração de minha vida. Meu céu interior, meu sol
escondido, minha ternura e que eu possa, por tua graça, refletir tua face a
todos os meus irmãos (Maurice Zundel).
Ir na contracorrente: isso
faz bem ao coração, mas nos falta coragem para ir na contracorrente e Ele nos
dá essa coragem! Não há dificuldades, provas, incompreensões que devam nos
amedrontar se ficarmos unidos a Deus como os ramos são unidos à vinha, se não
perdermos a amizade com Ele, se sempre Lhe abrirmos, cada vez mais, lugar em nossas
vidas (Papa Francisco).
ORAR
O profeta ensina que a cada nova manhã devemos nos apresentar diante do Senhor não para conseguir a previsão do futuro, mas para recebermos o que nos foi consignado para este dia. O Senhor, imprevisível em suas decisões ao chamar alguém, é também imprevisível ao delegar tarefas cotidianas. Ele sempre nos surpreende com os pedidos mais audaciosos que sempre nos incomodam, pois sua palavra nunca é tranquilizadora. O Senhor nunca nos pedirá bagatelas, mas o que nos compromete para que não faltemos com os compromissos decisivos da vida. O evangelho de hoje revela que quando as palavras da nossa experiência se esgotam e ficamos desiludidos, ouviremos a Sua voz imperiosa: “Avança mais para o fundo e ali lançai vossas redes para a pesca”. Não somos chamados a ficar estacionados no raso da praia lamentando o eterno movimento dos barcos, mas a arriscarmos, largamente, confiantes na Palavra do Senhor que sempre nos recompensará abundantemente. O milagre da vida está em, apesar das aparências e do derrotismo, confiar na Palavra que vira tudo do avesso. Nos três relatos da vocação aquele que é chamado descobre a própria insuficiência e miséria. Isaías exclama: “Ai de mim, estou perdido. Sou um homem de lábios impuros”; Paulo se reconhece como uma espécie de aborto e Pedro suplica: “Afasta-te de mim, porque sou um pecador”. O Senhor quando envia alguém não faz nenhum exame das suas virtudes, mas reconhece e agradece a sua disponibilidade. A Palavra de Deus não age em nosso lugar, não consola as nossas frustrações e nem melhora, num passe de mágica, a nossa situação. Ela sempre nos desinstala e nos coloca a caminho. Somos chamados para viver, avançar nas ondas e nas tempestades do mundo e sempre recomeçar a pesca. O discipulado deve aprender a viver na insegurança de quem “nada tem, mas possui tudo”. Não podemos fincar os pés nas areias para que a espuma do mar os lave, mas arriscar a vida pelos outros e, por esta razão, Jesus invoca: “Vós deveis lavar os pés uns dos outros” (Jo 13, 14). Ele nos desvela que o único porto seguro em que devemos ancorar nossas vidas é o amor fraterno construído e conquistado na travessia dos nossos barcos. Estejamos sempre atentos e em posição de sentinelas para que em todo momento e em cada novo chamado possamos responder: “Aqui estou, envia-me!”.
(Manos da Terna Solidão)
CONTEMPLAR
Conversão de Paulo, 2004, Fiona Worcester, 35 cm x 35 cm, óleo e
têmpera sobre madeira com gesso, Londres, Reino Unido.
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