sexta-feira, 17 de setembro de 2021

O Caminho da Beleza 44 - XXV Domingo do Tempo Comum

Os transbordamentos de amor acontecem sobretudo nas encruzilhadas da vida, em momentos de abertura, fragilidade e humildade, quando o oceano do amor de Deus arrebenta os diques da nossa autossuficiência e permite, assim, uma nova imaginação do possível (Papa Francisco).

XXV Domingo do Tempo Comum               19.09.2021

Sb 2, 12.17-20                    Tg 3, 16-4, 3                       Mc 9, 30-37

 

ESCUTAR

Os ímpios dizem: “Armemos ciladas ao justo, porque sua presença nos incomoda: ele se opõe ao nosso modo de agir” (Sb 2, 12).

O fruto da justiça é semeado na paz, para aqueles que promovem a paz (Tg 3, 18).

“Se alguém quiser ser o primeiro, que seja o último de todos e aquele que serve a todos!” (Mc 9, 35).

 

MEDITAR

Na Rússia nós temos uma crença muito firme: se me aproximo de Deus, tenho que me aproximar dos homens; aqui não há distinção, desde o dia em que Jesus Cristo se fez homem e se ajoelhou diante dos seus apóstolos para lhes lavar os pés. Aproximar-se de Deus é candidatar-se ao serviço da humanidade. Não consigo rezar se não sei servir. Não sou capaz de rezar tendo um irmão passando fome a meu lado. É só recordar a bela estória ou parábola do bom samaritano. O sacerdote e o levita que passaram ao lado do homem ferido tinham apenas o nome, não a realidade nem a dignidade sacerdotal.

(Catherine de Hueck Doherty, 1896-1985, Rússia)

 

ORAR

     Certamente nossos critérios não coincidem com os de Jesus.  A quem de nós ocorre hoje pensar que os homens e mulheres mais importantes são aqueles que vivem para o serviço aos demais? Para nós, importante é o homem de prestígio, seguro de si mesmo, que alcançou o êxito em algum campo da vida, que conseguiu se sobressair aos demais e ser aplaudido pela multidão.  Essas pessoas cujo rosto podemos ver constantemente na televisão: líderes políticos, “prêmios Nobel”, cantores da moda, esportistas excepcionais... Quem pode ser mais importante do que eles? Segundo o critério de Jesus, simplesmente, os milhares e milhares de homens e mulheres anônimos, de rosto desconhecido, a quem ninguém fará homenagem alguma, mas que se desdobram no serviço desinteressado aos demais. Pessoas que não vivem para seu êxito pessoal. Que não pensam só em satisfazer egoisticamente seus desejos, mas que se preocupam sim com a felicidade dos outros. Segundo Jesus, há uma grandeza na vida dessas pessoas que não se acertam em ser felizes sem a felicidade dos demais. Sua vida é um mistério de entrega e desinteresse. Sabem colocar sua vida à disposição dos outros. Atuam movidos por sua bondade. A solidariedade anima seu trabalho, seu fazer diário, suas relações, sua convivência. Não vivem apenas para trabalhar nem para desfrutar. Sua vida não se reduz a cumprir suas obrigações profissionais ou executar diligentemente suas tarefas. Sua vida encerra algo mais. Vivem de maneira criativa. Cada pessoa que encontram em seu caminho, cada dor que percebem em seu redor, cada problema que surge para eles é uma chamada que lhes convida a atuar, servir e ajudar. Podem parecer os “últimos”, mas sua vida é verdadeiramente grande. Todos sabemos que uma vida de amor e serviço desinteressado vale a pena, ainda que não nos atrevamos a vivê-la. Quiçá tenhamos que orar humildemente como fazia Teilhard de Chardin: “Senhor, responderei a tua inspiração profunda que me ordena existir, tendo cuidado de não abafar nem desviar nem desperdiçar minha força de amar e fazer o bem”.

(José Antônio Pagola, 1937-, Espanha)

 

CONTEMPLAR

Amigas para sempre, 2018, Somenath Mukopadhyay (1968-), Bengala Ocidental, Índia.




2 comentários:

  1. Meu padre querido! Que Deus me inspire a ser melhor assim como te inspira a escrever maravilhas!!!! Deus o abençoe sempre!!!

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