Os transbordamentos de amor acontecem
sobretudo nas encruzilhadas da vida, em momentos de abertura, fragilidade e
humildade, quando o oceano do amor de Deus arrebenta os diques da nossa
autossuficiência e permite, assim, uma nova imaginação do possível (Papa
Francisco).
Pentecostes 22.06.2021
At 2, 1-11 1 Cor 12, 3-7.12-13 Jo 20, 19-23
ESCUTAR
Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito os inspirava (At 2, 4).
A cada um é dada a manifestação do Espírito em vista do bem comum (1 Cor 12, 7).
“Recebei o Espírito Santo” (Jo 20, 22).
MEDITAR
É preciso que nos esforcemos para impregnar-nos do espírito de Jesus, lendo e relendo, meditando e meditando ainda, sem parar, suas palavras e seus exemplos: que eles façam em nossas almas como a gota de água que cai e recai sobre uma laje, sempre no mesmo lugar.
(Charles de Foucauld, 1858-1916, França)
ORAR
Quem dentre nós não faz careta
diante da dificuldade de crer? Sim: crer é difícil! É difícil porque é uma atitude
de amor e de extrema confiança para uma criatura incapaz de amar e repleta de
incredulidade. A fé é uma dimensão nova da vida na sua relação com o invisível.
É difícil! E seria completamente insolúvel para o homem se Deus que é Amor não
encontrasse a solução para o problema. A solução é o Espírito. O Espírito
Santo, que é o Amor de Deus, é como o vento do qual “não se sabe de onde vem
nem para onde vai”, e que derruba e estremece as portas de Jerusalém em
Pentecostes. Ele é a água que penetra a terra árida e a fecunda. Ele é o sol
que aquece e vivifica os membros adormecidos. O Espírito Santo que é o Amor de
Deus, a fecundidade de Deus, a criatividade de Deus, vem me visitar e diz: “Deus
é teu pai”. De início, ele me sugere isso bem docemente, depois mais forte
e de novo mais forte e assim até o fim. Ele é o Testemunho de Deus. Ele é uma
Presença que age com força e doçura e que, me trazendo a luz da verdade com “gemidos
inefáveis”, antecipa para mim a mais profunda das orações: “Meu Pai”,
dirigindo-se ao Pai quando ainda sou incapaz disso. Sim, é o Espírito do
Testemunho presente em mim, que vai e que vem, que torna e retorna, de novo sem
jamais se fatigar porque ele é o Amor e porque o Amor nunca se cansa. Você
gostaria bem de gritar a ele que isso não é verdade, que é impossível que Deus
seja Pai; ele se vai, te deixa blasfemar até que você fique exausto e depois
eis que ele volta de imprevisto, como uma pomba pousada sobre os escombros e
destroços de sua fadiga, dizendo a você de novo: “Deus é teu pai e tu és
filho dele”. Sim, é difícil, vendo as coisas sob o nosso ponto de vista,
acreditar que Deus é pai, mas é mais difícil não acreditar, envoltos e
habitados que somos por um Testemunho tão diligente. Seja agora ou mais tarde,
nós é que deveremos ceder. E depois... ele é o Amor e o Amor é invencível,
prova que vence todas as provas. A Escritura o diz: “e a prova que vós sois
filhos é que Deus enviou em nossos corações o Espírito de seu filho que grita:
Abba! Pai!”. Sim, ele grita, ele grita. E eu o escuto tão forte que não
encontro mais argumentos para o contradizer e que se eu o recusasse pecaria
contra ele, quer dizer, contra o Espírito, o que seria imperdoável, como disse
Jesus. Prefiro, então, nos momentos difíceis, retomar as palavras de São Paulo:
“O Espírito em pessoa se junta ao nosso espírito para atestar que somos
filhos de Deus. Filhos e, portanto, herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros
do Cristo.”
(Carlo Carreto, 1910-1988, Itália)
CONTEMPLAR
Saltos do Barco, 2020, Malásia, Igor Atuna (1966-), Arrasate-Mondragón, Espanha, Siena International Photo Awards 2021.
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