Os transbordamentos de amor acontecem
sobretudo nas encruzilhadas da vida, em momentos de abertura, fragilidade e
humildade, quando o oceano do amor de Deus arrebenta os diques da nossa
autossuficiência e permite, assim, uma nova imaginação do possível (Papa
Francisco).
VI Domingo da Páscoa 09.05.2021
At 10, 25-26.34-35.44-48 1 Jo 4, 7-10 Jo 15, 9-17
ESCUTAR
“Deus não faz distinção entre as pessoas. Pelo contrário, ele aceita quem o teme e pratica a justiça, qualquer que seja a nação a que pertença” (At 10, 34-35).
Amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus, e todo aquele que ama nasceu de Deus e conhece Deus (1 Jo 4, 7).
“Como meu Pai me amou, assim também eu vos amei. Permanecei no meu amor” (Jo 15, 9).
MEDITAR
Meu coração está aberto a todas as formas:
é
uma pastagem para as gazelas,
e
um claustro para os monges cristãos,
um
templo para os ídolos,
A
Caaba do peregrino,
As
Tábuas da Torá,
e
o livro do Corão.
Professo
a religião do amor,
em
qualquer direção que avancem Seus camelos;
a
religião do Amor
será
minha religião e minha fé.
(Ibn Arabi, 1165-1240, Espanha)
ORAR
O amor que Deus infunde em nós é criativo, faz nascer
outro amor. Nasce assim uma genealogia do amor testemunhada pela cadeia
descrita no evangelho e pela carta de João lida hoje. Deus ama o Cristo, o
Cristo ama seus fiéis e os fiéis se amam reciprocamente. Devemos deixar que o
sêmen do amor divino germine em nossa existência. Escrevia em sua Idade da Vida
Espiritual, o teólogo russo Evdokimov: “Não permita que teu Amor e a tua
Palavra, ó Senhor, sejam na minha vida como um santuário, como uma grade que
separa a casa da rua”. O amor de Deus se infunde em todos. O
pertencimento a Cristo é marcado não tanto pela inscrição ao censo, à raça, ao
partido, mas pelo acolhimento do amor. Por isso “aquele que ama nasceu
de Deus”, por isso Cornélio, o pagão, entra com todo direito na comunidade, por
isso podemos pensar com realismo que os limites da Igreja são mais largos do
que os do mundo exterior porque abraçamos muitos cristãos “anônimos”, incluindo
todos aqueles próximos a Deus vivendo no amor e na justiça. A unidade de medida
do amor cristão é a totalidade do próprio Cristo. À equação veterotestamentária
“Ama o próximo como a ti mesmo”, João institui a equação paradoxal “como
eu vos amei”. Um amor infinito, um amor em que não há limites ou exceções.
Assim como disseram os místicos orientais, “depois disso, Deus considera todo
homem como Deus”.
(Gianfranco Ravasi, 1942-, Itália)
CONTEMPLAR
Um homem indiano caminha diante de um grafite em Mumbai, 2015, Indranil Mukherjee, AFP Photo/Getty Images, Índia.
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