A palavra de
Deus é viva e eficaz e mais cortante que espada de dois gumes (Hb 4, 12).
Todos os Santos e Santas 01.11.2020
Ap 7, 2-4.9-14 1 Jo 3, 1-3 Mt 5, 1-12
“Uma
multidão imensa de todas as raças, de todas as línguas...”. Quem são os membros
desta população inumerável? A resposta do velho permite identificá-los: são os
testemunhos que afrontaram a grande perseguição e que têm conseguido a vitória.
São os que receberam a Palavra de Jesus e foram ao encontro do mundo para
proclamá-la e prová-la e nele manifestar os sinais proféticos que a acompanham.
O testemunho deles suscita a oposição dos poderosos que dominam este mundo; não
obstante é preciso perseverar até o fim. Seu destino é seguir o caminho de
Jesus na sua morte para desabrochar com ele na Ressurreição. Não se improvisa o
testemunho. Só o conseguem aqueles que passaram por uma iniciação, uma
purificação; aqueles que se lavaram com o Sangue do Cordeiro. É o sacrifício do
Cristo que faz nascer um Povo de testemunho, ao mesmo tempo resultado e
imitação da morte de Jesus Cristo. “Eles lavaram suas vestes e as tornaram
alvas no Sangue do Cordeiro”. Conseguiram suas túnicas brancas graças à força
do Sangue do Cristo que os leva a renovar, nos seus corpos, o Sacrifício do
próprio Cristo. À primeira vista só os mártires formariam o Povo de Deus. Não
parece, entretanto, que só poderiam seguir o caminho de Jesus, aqueles que se
consumiram num martírio cruento. Todavia devemos admitir que o Povo de Deus
encontra no martírio sua mais autêntica expressão e que seja marcado com o sinal
do martírio em toda sua existência. Há ali algo que pode desconcertar os
cristãos mais instalados de nosso tempo; isto, porém, não nos deve incitar a
modificar as Escrituras. Seria melhor perguntarmos a nós mesmos se tanta
tranquilidade, tanta segurança não são sinais de uma traição fundamental do
Evangelho. Uma Igreja que não é mais testemunho, não é mais martírio, faz ainda
parte do Povo de Deus, da multidão de testemunhas? Não é necessário que cada
discípulo chegue ao martírio, mas é preciso que todos se comprometam com um
testemunho coletivo que vê no martírio um dos seus mais perfeitos sinais. Não
devemos procurar a conciliação com o mundo, mas aceitar o desafio.