Já não quero dicionários
consultados em vão. Quero só a palavra que nunca estará neles nem se pode
inventar. Que resumiria o mundo e o substituiria. Mais sol do que o sol dentro
do qual vivêssemos todos em comunhão, mudos, saboreando-a.
(Carlos Drummond de
Andrade)
Assunção de Nossa Senhora 18.08.2019
Ap 11, 19;12, 1.3-6.10 I Cor 15, 20-27 Lc
1, 39-56
ESCUTAR
O dragão
parou diante da mulher, que estava para dar à luz, pronto para devorar o seu
Filho, logo que nascesse (Ap 12, 4).
O último
inimigo a ser destruído é a morte (1 Cor 15, 26).
“Derrubou
do trono os poderosos e elevou os humildes. Encheu de bens os famintos e despediu
os ricos de mãos vazias” (Lc 1, 52-53).
MEDITAR
O corpo
humano é um corpo que se faz, um corpo que se transforma, um corpo que se
espiritualiza, um corpo que se imortaliza e um corpo que respira Deus e que O
revela.
(Maurice
Zundel, 1897-1975, Suíça).
ORAR
Ela é uma criatura que conheceu o
dom de Deus que foi Jesus... ela é uma criatura que foi tão pura, tão luminosa
que parece ser a luz mesma, um “Espelho da Justiça”. Ela é uma criatura
na qual a vida foi tão simples, tão perdida em Deus que se pode até dizer: é a
Virgem fiel, aquela que “guardava todas as coisas em seu coração”. O
Pai, inclinando-se sobre esta criatura tão bela, tão ignorante de sua beleza,
quis que ela fosse no tempo a Mãe daquele cujo Pai é ele, para a eternidade.
Quando o Espírito de Amor, que preside todas as operações de Deus, sobreveio, a
Virgem disse o seu “Fiat”: “Eis a serva do Senhor, que sua palavra se
cumpra em mim”, e o maior dos mistérios se realizou. Pela descida do Verbo
nela, Maria se tornou para sempre a presa de Deus. Parece-me que a atitude da Virgem,
durante os meses que decorreram entre a Anunciação e a Natividade, é o modelo
das almas interiores, dos seres que Deus escolheu para viver no interior, no
fundo do abismo sem fundo. Naquela paz, qual recolhimento, Maria se permitia e
se prestava a todas as coisas! “Maria percorreu apressadamente as montanhas
da Judeia para se encontrar na casa de sua prima Isabel”. Jamais a visão inefável que ela contemplou
para si mesma diminuiu sua caridade exterior... A alma de Maria é tão simples,
os movimentos nela tão profundos que não se podem prevê-los; ela parece
reproduzir sobre a terra essa vida que é própria do Ser divino, o Ser simples. É
ela também tão transparente, tão luminosa que se poderia tomá-la pela luz.
Todavia, ela não é senão o Espelho do “Sol da justiça”. Mais que nenhum
outro santo, ela me parece imitável, sua vida era tão simples. Apenas olhando
para ela, me sinto aliviada. “A Virgem conservava essas coisas em seu
coração”. Toda sua história pode se resumir nessas poucas palavras; é em
seu coração que ela vivia e em tal profundidade que o olhar humano não a podia
seguir. Quando leio no Evangelho que “Maria percorria rapidamente as
montanhas da Judeia”, para ir cumprir seu dever de caridade perto de sua
prima Isabel, eu a vejo passar bela, calma, majestosa, recolhida em suas entranhas
com o Verbo de Deus! Como ele, sua oração foi sempre essa: “Ecce!”, “Eis-me!” – Quem? – a serva do Senhor, a última de suas criaturas, ela, sua
Mãe!
(Elizabeth
da Trindade, 1880-1906, França)
CONTEMPLAR
Mulher
grávida hondurenha em caravana para os Estados Unidos, para cruzar a fronteira, 2018,
Orlando Sierra (1966-), Agence France Press (AFP), Honduras.
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