quinta-feira, 15 de agosto de 2019

O Caminho da Beleza 39 - Assunção de Nossa Senhora


Já não quero dicionários consultados em vão. Quero só a palavra que nunca estará neles nem se pode inventar. Que resumiria o mundo e o substituiria. Mais sol do que o sol dentro do qual vivêssemos todos em comunhão, mudos, saboreando-a.

(Carlos Drummond de Andrade)


Assunção de Nossa Senhora              18.08.2019
Ap 11, 19;12, 1.3-6.10                  I Cor 15, 20-27                  Lc 1, 39-56


ESCUTAR

O dragão parou diante da mulher, que estava para dar à luz, pronto para devorar o seu Filho, logo que nascesse (Ap 12, 4).

O último inimigo a ser destruído é a morte (1 Cor 15, 26).

“Derrubou do trono os poderosos e elevou os humildes. Encheu de bens os famintos e despediu os ricos de mãos vazias” (Lc 1, 52-53).


MEDITAR

O corpo humano é um corpo que se faz, um corpo que se transforma, um corpo que se espiritualiza, um corpo que se imortaliza e um corpo que respira Deus e que O revela.

(Maurice Zundel, 1897-1975, Suíça).


ORAR

            Ela é uma criatura que conheceu o dom de Deus que foi Jesus... ela é uma criatura que foi tão pura, tão luminosa que parece ser a luz mesma, um “Espelho da Justiça”. Ela é uma criatura na qual a vida foi tão simples, tão perdida em Deus que se pode até dizer: é a Virgem fiel, aquela que “guardava todas as coisas em seu coração”. O Pai, inclinando-se sobre esta criatura tão bela, tão ignorante de sua beleza, quis que ela fosse no tempo a Mãe daquele cujo Pai é ele, para a eternidade. Quando o Espírito de Amor, que preside todas as operações de Deus, sobreveio, a Virgem disse o seu “Fiat”: “Eis a serva do Senhor, que sua palavra se cumpra em mim”, e o maior dos mistérios se realizou. Pela descida do Verbo nela, Maria se tornou para sempre a presa de Deus. Parece-me que a atitude da Virgem, durante os meses que decorreram entre a Anunciação e a Natividade, é o modelo das almas interiores, dos seres que Deus escolheu para viver no interior, no fundo do abismo sem fundo. Naquela paz, qual recolhimento, Maria se permitia e se prestava a todas as coisas! “Maria percorreu apressadamente as montanhas da Judeia para se encontrar na casa de sua prima Isabel”.  Jamais a visão inefável que ela contemplou para si mesma diminuiu sua caridade exterior... A alma de Maria é tão simples, os movimentos nela tão profundos que não se podem prevê-los; ela parece reproduzir sobre a terra essa vida que é própria do Ser divino, o Ser simples. É ela também tão transparente, tão luminosa que se poderia tomá-la pela luz. Todavia, ela não é senão o Espelho do “Sol da justiça”. Mais que nenhum outro santo, ela me parece imitável, sua vida era tão simples. Apenas olhando para ela, me sinto aliviada. “A Virgem conservava essas coisas em seu coração”. Toda sua história pode se resumir nessas poucas palavras; é em seu coração que ela vivia e em tal profundidade que o olhar humano não a podia seguir. Quando leio no Evangelho que “Maria percorria rapidamente as montanhas da Judeia”, para ir cumprir seu dever de caridade perto de sua prima Isabel, eu a vejo passar bela, calma, majestosa, recolhida em suas entranhas com o Verbo de Deus! Como ele, sua oração foi sempre essa: “Ecce!”, “Eis-me!” – Quem? – a serva do Senhor, a última de suas criaturas, ela, sua Mãe!

(Elizabeth da Trindade, 1880-1906, França)


CONTEMPLAR

Mulher grávida hondurenha em caravana para os Estados Unidos, para cruzar a fronteira, 2018, Orlando Sierra (1966-), Agence France Press (AFP), Honduras.






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