segunda-feira, 5 de agosto de 2019

O Caminho da Beleza 38 - XIX Domingo do Tempo Comum


Já não quero dicionários consultados em vão. Quero só a palavra que nunca estará neles nem se pode inventar. Que resumiria o mundo e o substituiria. Mais sol do que o sol dentro do qual vivêssemos todos em comunhão, mudos, saboreando-a.

(Carlos Drummond de Andrade)


XIX Domingo do Tempo Comum                11.08.2019
Sb 18, 6-9                Hb 11, 1-2.8-19                  Lc 12, 32-48


ESCUTAR

A noite da libertação fora predita a nossos pais para que, sabendo a que juramento tinham dado crédito, se conservassem intrépidos (Sb 18, 6).

A fé é um modo de já possuir o que ainda se espera, a convicção acerca de realidades que não se veem (Hb 11, 1).

“Onde está o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração” (Lc 12, 34).


MEDITAR

Abbá Euloge, um dia, não conseguia esconder sua tristeza. – Por que estás triste, Abbá?, perguntou-lhe um outro ancião. – Porque eu começo a duvidar da inteligência dos irmãos a respeito das grandes realidades de Deus. Já é a terceira vez que lhes mostrando uma peça de linho sobre a qual desenhei um pequeno ponto vermelho, ao perguntar-lhes o que viam, todos me responderam: ‘um pequeno ponto vermelho’ e jamais nenhum deles me respondeu que via uma peça de linho”.

(Apoftegma dos Padres do Deserto, séculos III ou IV)


ORAR

            Vivemos na espera e no desejo do retorno do Senhor, de sua justiça e de seu reino! Mas se ele deve voltar triunfante e como um juiz no fim do mundo, como um ladrão ao fim de nossa vida (a comparação é do Evangelho), Jesus vem também a cada dia, em nossas almas, de uma maneira muito íntima e muito doce, como um amigo. E isso nós sabemos bem. Quem não teve, nessa vida, seus momentos de luz e generosidade relacionados às vezes a um período de sofrimento e de esforço? Quem não conheceu, em seguida a uma oração, de uma verdadeira oração do coração, uma espécie de certeza, de exaltação bem doce, de paz profunda, frutos das visitas de Deus e isso mesmo no seio do sofrimento? Quem não escutou em si mesmo esta voz, que é a de Deus e também da consciência, esta voz que, às vezes, se torna surpreendentemente precisa ao nos exigir um sacrifício, um ato de generosidade ou de perdão? Não, realmente, não estamos sós. Sem cessar, Jesus nos visita! Há ainda mais. Conheceis o texto do Apocalipse em que se reconhece bem a mão de São João, o discípulo que Jesus amava? O Senhor ali fala a seu discípulo, como também à sua Igreja: “Eis que estou à porta e bato. Se alguém escuta a minha voz e me abre, eu entrarei em sua casa e cearei com ele e ele comigo”. Que ternura nessas palavras! Jesus está à nossa porta e bate. Ele bate às vezes com um toque bem pequeno e isso é suficiente para as almas fiéis e delicadas o reconhecerem e lhe abrirem. Feliz o que sabe escutá-lo. Ele abrirá, ele receberá a visita daquele que vem e eles cearão juntos, dessa ceia em que nosso hóspede traz tudo, dessa ceia que é a travessia da amizade com Deus.

(Yves Congar, 1904-1995, França)


CONTEMPLAR

Lá fora, s.d., Fan Ho (1931-2016), Hong Kong.




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