Já não quero dicionários
consultados em vão. Quero só a palavra que nunca estará neles nem se pode
inventar. Que resumiria o mundo e o substituiria. Mais sol do que o sol dentro
do qual vivêssemos todos em comunhão, mudos, saboreando-a.
(Carlos Drummond de Andrade)
(Carlos Drummond de Andrade)
XXII Domingo do Tempo Comum 01.09.2019
Eclo 3, 19-21.30-31 Hb 12, 18-19.22-24 Lc
14, 1.7-14
ESCUTAR
Muitos
são altaneiros e ilustres, mas é aos humildes que ele revela seus mistérios
(Eclo 3, 20).
Vós vos
aproximastes do monte Sião e da cidade do Deus vivo, a Jerusalém celeste (Hb 12,
22).
“Quem se
eleva será humilhado e quem se humilha será elevado” (Lc 14, 11).
MEDITAR
A
comunidade de Cristo é um lugar de hospitalidade para os excluídos, não para as
élites sofisticadas e sectárias. Jesus abate a norma exclusivista do
puro e do impuro e torna o seu Reino local de comunhão universal cuja régua não
é o interesse econômico ou social, mas o amor generoso e o perdão. Esta norma de desinteresse e de liberdade deve
tornar-se a orientação de fundo da práxis cristã.
(Gianfranco
Ravasi, 1942-, Itália)
ORAR
Assim como a alma não pode
ser nem conhecida nem vista pelos olhos do corpo, assim também não é possível
conhecer o humilde entre os homens. O humilde não é estranho ao discurso, às
conversações, à linguagem, à dispersão dos sentidos, mas mais do que tudo ele
prefere se afastar a si mesmo, vivendo só na tranquilidade, separado de toda a
criação e se ocupando dele mesmo em um lugar calmo. Em suma, o último lugar, a privação,
a necessidade, a pobreza lhe são mais desejáveis do que ter e fazer muitas
coisas. Não há jamais no humilde nenhuma precipitação, nenhuma pressa, nenhuma
confusão, nenhum pensamento impetuoso e profundo. Mas ele permanece todo tempo
em repouso. Se o fogo do céu está sobre a terra, o humilde não teme. Nem todo
homem calmo é humilde, mas todo homem humilde é calmo. Aquele que não é humilde
não sabe se conter, mas encontrarás muitos homens que se contêm e não são
humildes. Assim como não se pode assustar uma montanha, o humilde também não se
amedronta. Ele não se perturba nem se altera quando vêm as penas e nem se surpreende
nem se engrandece quando vêm as alegrias. Toda sua alegria e seu verdadeiro
júbilo, ele os encontra próximo ao seu Senhor. Nunca ocorre ao humilde uma
necessidade de se ocupar com problema ou confusão. Quando ele está só, o
humilde tem o pudor de si mesmo. Eu admiro que um homem, se é realmente
humilde, possa não ousar rezar a Deus, quando se aproxima dele, ou se acredite
digno de rezar, ou possa não pretender pedir alguma coisa ou saber o que pede.
Ele só permanece em silêncio. Ele só espera a compaixão e a vontade que
exprimirão para ele o rosto do imenso que ele tanto adora, enquanto ele mesmo
inclina sua face sobre a terra. E a única coisa que ele ousa dizer quando ora,
é: “Que me seja feito segundo a tua vontade, Senhor” (cf. Lc 22, 42). Possamos
dizer para nós a mesma coisa. Amém.
(Isaac, o
Sírio, século VII d. C.)
CONTEMPLAR