A palavra de Deus é viva e eficaz e mais
cortante que espada de dois gumes (Hb 4, 12).
XXVI Domingo do Tempo Comum 30.09.2018
Nm 11, 25-29 Tg 5, 1-6 Mc
9, 38-43.45.47-48
ESCUTAR
“Quem dera que todo o povo do Senhor
fosse profeta e que o Senhor lhe concedesse o seu espírito!” (Nm 11, 29).
Vosso ouro e vossa prata estão
enferrujados, e a ferrugem deles vai servir de testemunho contra vós e devorar
vossas carnes como fogo! (Tg 5, 3).
“Mestre, vimos um homem expulsar
demônios em teu nome. Mas nós o proibimos, porque ele não nos segue” (Mc 9,
38).
MEDITAR
Nós recusamos sempre a admitir que as
pessoas que não nos seguem têm qualquer coisa a dizer sobre o Senhor que nós
seguimos. Como os Doze, acreditamos necessário defender o nome de Jesus sem nos
dar conta que só defendemos o monopólio que entendemos ter sobre ele. Talvez
não tenhamos mesmo começado a aprender, depois de dezenove séculos, que o Reino
de Deus é realmente muito maior que sua Igreja.
(Jean Valette, 1920-1999, França).
ORAR
A
Igreja não é um clube de puros, nem de intelectuais hipercríticos... “Não há
muitos sábios segundo a carne entre vós, coríntios... O que há de fraco no
mundo, eis o que Deus escolheu para confundir o forte” (1 Cor 1, 20-28). Há
somente uma riqueza verdadeira, a do amor, que reflete um pouco o de Deus pelo
homem. Assim, primeiro um olhar sobre o outro que seja tão compreensivo como o
do Pai. Compreensivo é o contrário de exclusivo. Israel conheceu a tentação de
excluir. Ele precisou admitir o estrangeiro, abrir os espíritos ao universal.
Josué não queria que se desvalorizasse na vulgarização a prerrogativa profética.
Os discípulos, como verdadeiros filhos de Israel, não compreendiam que se possa
expulsar os demônios, mesmo em nome de Cristo, sem ser do grupo, sem ser
confundido com um clã. Mas precisamente Jesus Cristo é maior que todos os
grupos, mesmo eclesiásticos, que todas as “famílias religiosas”, os “movimentos
cristãos”, inclusive as Igrejas. E o Vaticano II nos levou a compreender de
novo que a ação do Espírito transborda as fronteiras do corpo que anima.
Portanto, o principal não é que o que luta contra o mal demoníaco “esteja do nosso lado”: é que esteja do lado
de Jesus Cristo. O Espírito que foi dado a Moisés e a seus companheiros, o
Espírito que ele sonhava ver comunicado a todo povo, somente ele pode vencer em
nós...o amor pelo dinheiro, o desprezo pelo fraco, a estreiteza de vista, e nos
comunicar as atitudes próprias do Cristo, aquelas de um filho de Deus e de um
irmão dos homens. Este Espírito nos foi prometido desde muito tempo... Tal é a
utopia cristã. Não precisamos mais de lei. Não precisamos tampouco de chefes,
nem de profetas. A rigor, nenhuma escora humana é já necessária. O Espírito de
Deus, o amor divino em nós faz descobrir tudo e a tudo imaginar. Isto só será
verdadeiro na volta de Cristo. Mas é para lá que é preciso tender. É o ideal,
que nos permite relativizar o que não tem jamais o direito de se tornar um
absoluto: os meios que instituímos, as obras que realizamos, as superioridades
que nos atribuímos.
(René Salaün, França)
CONTEMPLAR
Mahatma Gandhi,
sem data, autor da foto não identificado, Índia.