A palavra de Deus é viva e eficaz e mais
cortante que espada de dois gumes (Hb 4, 12).
Domingo de Ramos e da Paixão do
Senhor 25.03.2018
Is 50, 4-7 Fl 2, 6-11 Mc
15, 1-39
ESCUTAR
O Senhor abriu-me os ouvidos; não lhe
resisti nem voltei atrás (Is 50, 5).
Jesus Cristo, existindo em condição
divina, não fez do ser igual a Deus uma usurpação, mas ele esvaziou-se a si
mesmo, assumindo a condição de escravo e tornando-se igual aos homens (Fl 2,
6-7).
Quando o oficial do exército, que
estava bem em frente dele, viu como Jesus havia expirado, disse: Na verdade,
este homem era Filho de Deus! (Mc 15, 39).
MEDITAR
Eu preparo uma canção
em que minha mãe se reconheça,
todas as mães se reconheçam,
e que fale como dois olhos.
Caminho por uma rua
que passa em muitos países.
Se não me veem, eu vejo
e saúdo velhos amigos.
Eu distribuo um segredo
como quem ama ou sorri.
No jeito mais natural
dois carinhos se procuram.
Minha vida, nossas vidas
formam um só diamante.
Aprendi novas palavras
e tornei outras mais belas.
Eu preparo uma canção
que faça acordar os homens
e adormecer as crianças.
(Carlos Drummond de Andrade, 1902-1987)
ORAR
Deixemos
de lado o aspecto folclórico deste domingo e deixemo-nos tomar por sua
realidade misteriosa. Jesus, o Filho bem-amado, Filho eterno do Pai e filho da
Virgem, ele, o único verdadeiro rei, ele que fará a unidade de todos os filhos
de Deus, como ingressa ele no Reino? Canta-se o tempo todo: “montado sobre um
jumentinho”! Que estupidez para os grandes deste mundo! Mas que verdade
reveladora de nosso rei: não há nele nenhuma dominação. Enquanto que depois de
nossa infância, procuramos nos impor, dominar, ele, nosso Senhor e nosso Deus,
se faz servidor de todos. Ele é humilde, isto é verdadeiro, porque não há
nenhuma violência em Deus, ao passo que nós somos habitados pela violência até
em relação a nós mesmos. A verdade do amor não se impõe do exterior pelas leis,
mas ela é acolhida uma vez que é desejável. Nesse sentido, ela liberta em lugar
de sujeitar. No Reino de nosso Pai, não há mais “súditos” e sim seres libertos
no Filho (Jo 8, 31-36). No Reino que vem, é pela humildade do servidor que
todos os humanos são enfim respeitados, sobretudo os pobres, os mais
desprovidos. É infinito o respeito de Deus por cada pessoa humana. Neste dia,
nós só podemos compreender a doçura do nosso rei se consentirmos em partilhar
um pouco sua humildade. É porque nesse mesmo dia são as crianças, em Jerusalém,
que o aclamam no Templo, pois “é pela boca dos pequeninos que nosso Deus
prepara um louvor” (Mt 21, 15-16). À luz desse dia, uma outra palavra de Jesus
aparece em sua verdade impressionante: “Se não vos tornardes novamente como
crianças, não entrareis no Reino dos céus” (Mt 18, 3). Eis, portanto, isso que
desde hoje nós podemos começar a viver como conversão, como retorno:
revestir-nos da humildade do coração de Jesus para entrar com ele no caminho do
amor, esse amor que pela cruz e pela morte de nosso egoísmo nos fará
ressuscitar com ele.
(Jean Corbon, 1924-2001, Igreja
Greco-Melquita Católica de Beirute, Líbano)
CONTEMPLAR
Um cordeiro recém-nascido se aconchega em um menino dormindo, 1940, Inglaterra, Williams[?]/ Fox
Photos/Getty Images, Londres, Inglaterra.
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