sábado, 17 de março de 2018

O Caminho da Beleza 18 - Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor


A palavra de Deus é viva e eficaz e mais cortante que espada de dois gumes (Hb 4, 12).




Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor                    25.03.2018
Is 50, 4-7                 Fl 2, 6-11                 Mc 15, 1-39


ESCUTAR

O Senhor abriu-me os ouvidos; não lhe resisti nem voltei atrás (Is 50, 5).

Jesus Cristo, existindo em condição divina, não fez do ser igual a Deus uma usurpação, mas ele esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e tornando-se igual aos homens (Fl 2, 6-7).

Quando o oficial do exército, que estava bem em frente dele, viu como Jesus havia expirado, disse: Na verdade, este homem era Filho de Deus! (Mc 15, 39).


MEDITAR

Eu preparo uma canção
em que minha mãe se reconheça,
todas as mães se reconheçam,
e que fale como dois olhos.

Caminho por uma rua
que passa em muitos países.
Se não me veem, eu vejo
e saúdo velhos amigos.

Eu distribuo um segredo
como quem ama ou sorri.
No jeito mais natural
dois carinhos se procuram.

Minha vida, nossas vidas
formam um só diamante.
Aprendi novas palavras
e tornei outras mais belas.

Eu preparo uma canção
que faça acordar os homens
e adormecer as crianças.

(Carlos Drummond de Andrade, 1902-1987)


ORAR

            Deixemos de lado o aspecto folclórico deste domingo e deixemo-nos tomar por sua realidade misteriosa. Jesus, o Filho bem-amado, Filho eterno do Pai e filho da Virgem, ele, o único verdadeiro rei, ele que fará a unidade de todos os filhos de Deus, como ingressa ele no Reino? Canta-se o tempo todo: “montado sobre um jumentinho”! Que estupidez para os grandes deste mundo! Mas que verdade reveladora de nosso rei: não há nele nenhuma dominação. Enquanto que depois de nossa infância, procuramos nos impor, dominar, ele, nosso Senhor e nosso Deus, se faz servidor de todos. Ele é humilde, isto é verdadeiro, porque não há nenhuma violência em Deus, ao passo que nós somos habitados pela violência até em relação a nós mesmos. A verdade do amor não se impõe do exterior pelas leis, mas ela é acolhida uma vez que é desejável. Nesse sentido, ela liberta em lugar de sujeitar. No Reino de nosso Pai, não há mais “súditos” e sim seres libertos no Filho (Jo 8, 31-36). No Reino que vem, é pela humildade do servidor que todos os humanos são enfim respeitados, sobretudo os pobres, os mais desprovidos. É infinito o respeito de Deus por cada pessoa humana. Neste dia, nós só podemos compreender a doçura do nosso rei se consentirmos em partilhar um pouco sua humildade. É porque nesse mesmo dia são as crianças, em Jerusalém, que o aclamam no Templo, pois “é pela boca dos pequeninos que nosso Deus prepara um louvor” (Mt 21, 15-16). À luz desse dia, uma outra palavra de Jesus aparece em sua verdade impressionante: “Se não vos tornardes novamente como crianças, não entrareis no Reino dos céus” (Mt 18, 3). Eis, portanto, isso que desde hoje nós podemos começar a viver como conversão, como retorno: revestir-nos da humildade do coração de Jesus para entrar com ele no caminho do amor, esse amor que pela cruz e pela morte de nosso egoísmo nos fará ressuscitar com ele.

(Jean Corbon, 1924-2001, Igreja Greco-Melquita Católica de Beirute, Líbano)


CONTEMPLAR

Um cordeiro recém-nascido se aconchega em um menino dormindo, 1940, Inglaterra, Williams[?]/ Fox Photos/Getty Images, Londres, Inglaterra.




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