A palavra de Deus é viva e eficaz e mais
cortante que espada de dois gumes (Hb 4, 12).
Páscoa da Ressurreição 01.04.2018
At 10, 34.37-43 Cl 3, 1-4 Jo 20, 1-9
ESCUTAR
“Ele andou por toda parte, fazendo o
bem” (At 10, 38).
Vós morrestes, e a vossa vida está
escondida, com Cristo, em Deus (Cl 3, 3).
Eles ainda não haviam compreendido a Escritura,
segundo a qual ele devia ressuscitar dos mortos (Jo 20, 9).
MEDITAR
Quando o grande Antonio estava
próximo da morte, ele ouviu um irmão que dizia dele: “Ele foi tão grande como
Moisés”. Então Antonio abriu um olho e disse: “Como você está longe da verdade,
irmão. No mundo do além, com efeito Deus não me perguntará: ‘Por que você não
foi como Moisés?’ mas ‘Por que você não foi Antonio?’”.
(Aphoftegma
dos Padres do Deserto, século 3-4)
ORAR
Nós
queremos olhar essa Face de Nosso Senhor, essa Face muito interior, essa Face
que os Apóstolos não puderam decifrar. Eles se enganaram sobre o alcance da
Ressurreição, até Pentecostes. Nós olhamos essa Face impressa em nossos
corações, e nós nos lembraremos que Jesus é a primícia daqueles que dormem,
como disse o Apóstolo São Paulo (1 Cor 15, 20 e Cl 1, 18), e que Ele realiza em
plenitude uma vocação que é a nossa: que nós devemos também agora ressuscitar, emergir
agora de nossas dependências cósmicas, tornar-nos agora mais livres, libertar-nos
agora de nossos limites ainda não ultrapassados, fazer-nos agora cada vez mais
uma fonte, um espaço e um fim. É desse modo e para sempre que o Mistério do
Cristo dá à vida humana toda a sua estatura, chama-nos à imensidade de nossa
aventura e nos dá o gosto da grandeza. Ah! Que felicidade que o Cristo nos
desperte de nosso torpor e nos questione, no mais íntimo de nós mesmos, para
não continuarmos como robôs... Nós recebemos de toda a criação um dom que lhe é
indispensável. Se nós o fizermos frutificar, nós aperfeiçoaremos o universo na
direção da liberdade e do amor, nossa vida será justificada e ela terá toda a
sua razão de ser, uma vez que ela se tornará realmente criadora. Resta-nos
agora nos recolher nessa Presença do Senhor ressuscitado que nos revela um
universo inteiramente livre, inteiramente vivificado e penetrado do espírito do
Amor... Que nós tenhamos a vontade de alçar voo, de fazer de nossa vida, a cada
instante, uma coisa mais bela, mais radiosa e mais desprendida, a fim de que
por essa oferenda o universo em sua totalidade se torne um ofertório. Que a
Presença de Deus revelada a todos os homens lhes assegure que eles não são
máquinas, que sua vida tem um sentido, que cada um de seus gestos pode ter um
alcance divino, porque justamente ser Homem é lhe arrancar o robô para
transformá-lo, transfigurá-lo, interiorizá-lo e comunicar-lhe pouco a pouco uma
respiração divina, dar-lhe uma face, fazer nele uma Presença onde resplandece a
Luz divina que é a respiração do eterno Amor.
(Maurice Zundel, 1897-1975, Suíça)
CONTEMPLAR
Vitral de Mosteiro Beneditino, foto de Ryan Walker[?], Toronto, Canadá.