segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

O Caminho da Beleza 13 - I Domingo da Quaresma


A palavra de Deus é viva e eficaz e mais cortante que espada de dois gumes (Hb 4, 12).




I Domingo da Quaresma                     18.02.2018
Gn 9, 8-15               1 Pd 3, 18-22                      Mc 1, 12-15


ESCUTAR

“Eis que vou estabelecer minha aliança convosco e com vossa descendência, com todos os seres vivos” (Gn 9, 9).

[Cristo] sofreu a morte na sua existência humana, mas recebeu nova vida pelo Espírito (1 Pd 3, 18).

O Espírito levou Jesus para o deserto (Mc 1, 12).


MEDITAR

O Pastor amoroso perdeu o cajado,
E as ovelhas trasmalharam-se pela encosta...
Ninguém lhe apareceu ou desapareceu...
Ninguém o tinha amado, afinal.

Quando se ergueu da encosta e da verdade falsa, viu tudo:
Os grandes vales cheios dos mesmos verdes de sempre,
As grandes montanhas longe, mais reais que qualquer sentimento,
A realidade toda, com o céu e o ar e os campos que existem, estão presentes.
(E de novo o ar, que lhe faltara tanto tempo, lhe entrou fresco nos pulmões)
E sentiu que de novo o ar lhe abria, mas com dor, uma liberdade no peito.

(Fernando Pessoa, 1888-1935)


ORAR

            Convém lembrar como o primeiro Adão foi expulso do paraíso para o deserto, para que tua atenção seja atraída à maneira pela qual o segundo Adão voltou do deserto ao paraíso. Veja, com efeito, como as primeiras sentenças, que haviam sido estabelecidas, são negadas e como as boas ações divinas são restabelecidas, retomando seus próprios traços. Adão vem de uma terra virgem, o Cristo da Virgem; aquele foi feito à imagem de Deus, Este é a Imagem de Deus; aquele foi colocado acima de todos os animais irracionais, Este acima de todos os seres animados; por uma mulher veio o desatino, por uma virgem a sabedoria; a morte por uma árvore, a vida pela Cruz. Um, desnudado do espiritual, é coberto pelo desfolhar de uma árvore; o outro, despojado dos hábitos desse século, não tem mais desejo de uma vestimenta corporal. Adão é expulso para o deserto, o Cristo vem para o deserto. É porque Ele sabia onde encontrar o condenado que reconduziria ao paraíso livre de sua falta; mas como ele não podia retornar para lá coberto pelos hábitos deste mundo, uma vez que não se pode ser habitante do céu sem estar despojado de toda falta, o homem velho retira-se, revestido do novo. Como aquele que, desorientado, havia perdido no paraíso a rota que seguia, pode, sem guia, encontrar no deserto a rota perdida? Sigamos, portanto, o Cristo, conforme o que é escrito: “tu marcharás em seguida ao Senhor teu Deus, a ele estarás ligado”. A quem me ligar senão ao Cristo, como diz Paulo: “aquele que se liga ao Senhor é só um espírito com Ele”. Sigamos, então, seus rastros e nós poderemos retornar do deserto ao paraíso... É, portanto, de propósito, que Jesus, cheio do Espírito Santo, é conduzido ao deserto para provocar o diabo. Pois se não tivesse combatido, o Senhor não teria triunfado por mim. Ele o fez no mistério para livrar este Adão do exílio; ele o faz como exemplo para nos mostrar que o diabo odeia aqueles que se esforçam em fazer o melhor e que, nesse caso, acima de tudo, é necessário cuidar que a fraqueza da alma não traia a graça do mistério.

(Ambrósio de Milão, aprox. 334-397)


CONTEMPLAR

Muro da Separação em El Paso, 2011, Texas, Estados Unidos, Paolo Pellegrin (1964-), Magnum Photos, Roma, Itália.




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