segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

O Caminho da Beleza 12 - VI Domingo do Tempo Comum

A palavra de Deus é viva e eficaz e mais cortante que espada de dois gumes (Hb 4, 12).


VI Domingo do Tempo Comum                   11.02.2018
2 Rs 5, 9-14             1 Cor 10, 31-11,1               Mc 1, 40-45


ESCUTAR

“Vai, lava-te sete vezes no Jordão, e tua carne será curada e ficarás limpo” (2 Rs 5, 10).

Irmãos, quer comais, quer bebais, quer façais qualquer coisa, fazei tudo para a glória de Deus (1 Cor 10, 31).

Jesus não podia mais entrar publicamente numa cidade: ficava fora, em lugares desertos (Mc 1, 45).


MEDITAR

“As mãos que ajudam são mais sagradas que os lábios que rezam”.

(Madre Teresa de Calcutá, 1910-1997)


ORAR

            O texto de hoje nos apresenta o encontro de Jesus com um doente de lepra. É preciso lembrar que no Israel antigo o leproso representava a pessoa proscrita por excelência: ferido por uma doença não somente considerada como repugnante, mas também devido a uma punição divina pelos pecados que havia cometido, o leproso vivia a condição a mais desesperante e a mais vergonhosa em Israel. Aos sofrimentos físicos se somavam os sofrimentos ligados à separação da família e da sociedade, e também o julgamento religioso que fazia dele um pecador e, portanto, alguém punido por Deus (cf. Nm 12, 14; Lv 13, 45-46). Não devemos, todavia, nos escandalizar diante desta injustiça, porque ainda a cometemos hoje em dia, quando somos tentados a julgar a doença do outro como a consequência de um comportamento imoral; ou quando, face a nossa doença, nos colocamos a questão: “Que pecado cometi? Por que é que sou punido por Deus?... Jesus aceita encontrar uma pessoa que todo mundo evitava, que era constrangida a viver em lugares desertos e a revelar a sua própria condição a qualquer um que se aproximasse dele. E, então... o leproso disse a Jesus: “Se queres, tu podes me purificar”, palavras que testemunham um imenso e profundo ato de fé: “Eu conto contigo, sei que tu me amas e consequentemente sei que é possível me curar”. A purificação que nós, homens, podemos conhecer está ligada à nossa confiança em Jesus que, por sua santidade, pode nos comunicar a pureza e uma saúde perfeita; mais geralmente, em nossa vida cotidiana, a cura começa quando sabemos poder contar com alguém que deseja nosso bem, que se coloca ao nosso lado, disposto a suportar nosso mal, quer se trate de doença ou de pecado... Assim, a compaixão radical vivida por Jesus demanda a cada um de nós a se interrogar sobre sua própria capacidade de se colocar ao lado daquele que se sente impuro ou doente. Como esquecer que justamente no dia em que decidiu beijar um leproso, Francisco de Assis comprometeu de um só golpe todo o cristianismo e iniciou seu caminho de discípulo até se tornar “o mais semelhante possível a Jesus”? Jesus é a santidade que queima todo nosso pecado, ele é a vida que cura a nossa enfermidade, mas ele paga caro esse serviço feito aos homens. Ele não pode mais entrar abertamente nas cidades, ele é constrangido a permanecer nos lugares desertos, isto é, a viver a situação que antes era vivida pelo leproso: Jesus cuida e cura os outros à custa de assumir o seu mal sobre ele... Sim, Jesus, o Servo, o Messias, o Salvador, fez-se por nós um leproso para curar a lepra do nosso corpo e do nosso espírito! Dessa maneira, sobre a cruz ele será ferido como um leproso: mas nós podemos fixar sobre ele nosso olhar na esperança da cura, certos da compaixão daquele do qual se diz: “Ele, que suportou nossos sofrimentos e carregou nossas dores” (Is 53, 4a).

(Enzo Bianchi, 1943-, fundador da comunidade monástica de Bose, Itália)


CONTEMPLAR


S. Título, 2013, Mário Macilau (1984-), da série “O Preço do Cimento”, Maputo, Moçambique.



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