A palavra de Deus é viva e eficaz e mais
cortante que espada de dois gumes (Hb 4, 12).
VI Domingo do
Tempo Comum 11.02.2018
2 Rs 5, 9-14 1 Cor 10, 31-11,1 Mc 1, 40-45
ESCUTAR
“Vai, lava-te
sete vezes no Jordão, e tua carne será curada e ficarás limpo” (2 Rs 5, 10).
Irmãos, quer
comais, quer bebais, quer façais qualquer coisa, fazei tudo para a glória de
Deus (1 Cor 10, 31).
Jesus não podia
mais entrar publicamente numa cidade: ficava fora, em lugares desertos (Mc 1,
45).
MEDITAR
“As mãos que ajudam são mais sagradas que os lábios
que rezam”.
(Madre Teresa de Calcutá, 1910-1997)
ORAR
O texto de hoje nos apresenta o
encontro de Jesus com um doente de lepra. É preciso lembrar que no Israel
antigo o leproso representava a pessoa proscrita por excelência: ferido por uma
doença não somente considerada como repugnante, mas também devido a uma punição
divina pelos pecados que havia cometido, o leproso vivia a condição a mais
desesperante e a mais vergonhosa em Israel. Aos sofrimentos físicos se somavam
os sofrimentos ligados à separação da família e da sociedade, e também o
julgamento religioso que fazia dele um pecador e, portanto, alguém punido por
Deus (cf. Nm 12, 14; Lv 13, 45-46). Não devemos, todavia, nos escandalizar
diante desta injustiça, porque ainda a cometemos hoje em dia, quando somos
tentados a julgar a doença do outro como a consequência de um comportamento
imoral; ou quando, face a nossa doença, nos colocamos a questão: “Que pecado
cometi? Por que é que sou punido por Deus?... Jesus aceita encontrar uma pessoa
que todo mundo evitava, que era constrangida a viver em lugares desertos e a
revelar a sua própria condição a qualquer um que se aproximasse dele. E,
então... o leproso disse a Jesus: “Se queres, tu podes me purificar”, palavras
que testemunham um imenso e profundo ato de fé: “Eu conto contigo, sei que tu
me amas e consequentemente sei que é possível me curar”. A purificação que nós,
homens, podemos conhecer está ligada à nossa confiança em Jesus que, por sua
santidade, pode nos comunicar a pureza e uma saúde perfeita; mais geralmente,
em nossa vida cotidiana, a cura começa quando sabemos poder contar com alguém
que deseja nosso bem, que se coloca ao nosso lado, disposto a suportar nosso
mal, quer se trate de doença ou de pecado... Assim, a compaixão radical vivida
por Jesus demanda a cada um de nós a se interrogar sobre sua própria capacidade
de se colocar ao lado daquele que se sente impuro ou doente. Como esquecer que
justamente no dia em que decidiu beijar um leproso, Francisco de Assis
comprometeu de um só golpe todo o cristianismo e iniciou seu caminho de discípulo
até se tornar “o mais semelhante possível a Jesus”? Jesus é a santidade que
queima todo nosso pecado, ele é a vida que cura a nossa enfermidade, mas ele
paga caro esse serviço feito aos homens. Ele não pode mais entrar abertamente
nas cidades, ele é constrangido a permanecer nos lugares desertos, isto é, a
viver a situação que antes era vivida pelo leproso: Jesus cuida e cura os
outros à custa de assumir o seu mal sobre ele... Sim, Jesus, o Servo, o
Messias, o Salvador, fez-se por nós um leproso para curar a lepra do nosso
corpo e do nosso espírito! Dessa maneira, sobre a cruz ele será ferido como um
leproso: mas nós podemos fixar sobre ele nosso olhar na esperança da cura,
certos da compaixão daquele do qual se diz: “Ele, que suportou nossos sofrimentos
e carregou nossas dores” (Is 53, 4a).
(Enzo Bianchi,
1943-, fundador da comunidade monástica de Bose, Itália)
CONTEMPLAR
S. Título, 2013, Mário Macilau (1984-),
da série “O Preço do Cimento”, Maputo, Moçambique.
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