Muitos pensam de modo
diferente, sentem de modo diferente. Procuram Deus ou encontram Deus de muitos
modos. Nesta multidão, nesta variedade de religiões, só há uma certeza que
temos para todos: somos todos filhos de Deus. Que o diálogo sincero entre homens
e mulheres de diferentes religiões produza frutos de paz e de justiça.
(Papa Francisco, 2016)
Não temos um só Pai? Não nos
criou um mesmo Deus? Por que trabalhamos tão perfidamente uns contra os outros?
(Ml 2, 10)
XXXIII Domingo do Tempo Comum 19. 11.2017
Pr 31, 10-13,19-30.30-31 1 Ts 5, 1-6 Mt 25 14-30
ESCUTAR
Abre
suas mãos ao necessitado e estende suas mãos ao pobre (Pr 31, 20).
Não
durmamos, como os outros, mas sejamos vigilantes e sóbrios (1 Ts 5, 6).
Todo
aquele que tem será dado mais, e terá em abundância (Mt 25, 29).
MEDITAR
Digo
ao senhor: tudo é pacto. Todo o caminho da gente é resvaloso. Mas também cair
não prejudica demais – a gente levanta, a gente sobe, a gente volta! Deus
resvala? Mire e veja. Tenho medo? Não. Estou dando batalha...O sertão tem medo
de tudo. Mas eu hoje em dia acho que Deus é alegria e coragem – que Ele é
bondade adiante... (João Guimarães Rosa).
ORAR
Não há espetáculo mais deprimente do que o de um cristão que
esconde o seu talento, que mascara a sua fé e dissimula a sua pertença a Cristo
ao sepultar a Palavra. Mais deprimente ainda é reduzir a Palavra a um moralismo
barato ou a uma celebração triunfalista. Não há deformação mais vil do que a
das igrejas que se isolam para contemplarem, satisfeitas, os talentos
recebidos. Guardar não é o mesmo que semear e Deus tem o direito de nos pedir
coragem, liberdade e responsabilidade. Nossa relação com Deus não pode ser
reduzida a uma relação servil de uma miserável contabilidade de toma lá dá cá. A parábola dos talentos
não é uma estória de medos e ameaças, mas uma luta contra os medos e a
afirmação da nossa liberdade de correr riscos. O medo bloqueia e nos faz mergulhar
na inutilidade, pois “quem afrouxa na saída ou se entrega na chegada não perde
nenhuma guerra, mas também não ganha nada” (G. Vandré). Se damos a Deus apenas
o que Ele nos deu, na realidade não lhe damos nada. O talento que mantemos
enterrado como cimento de nossa segurança é a expressão da esterilidade da
nossa vida. Jesus exige de nós a audácia, a coragem e a disposição ao risco.
Somente quem é capaz do risco receberá a amizade de Jesus e encontrará o
sentido da vida. Devemos romper a nossa acomodação e vingar o livro dos
Provérbios: “Dá bebida ao andarilho e vinho ao aflito para que beba e esqueça a
sua miséria e não se lembre de seus sofrimentos. Abre a tua boca a favor do
mudo e em defesa do desventurado. Abre a tua boca e dá a sentença justa, defendendo
o pobre e o infeliz” (Pr 31, 6-9). A fé no Cristo é o risco de todos os riscos
e para todos o mesmo salto no vazio, mas é também alegria, promessa, ternura,
amor e vida em abundância.
CONTEMPLAR
Sertão sem Fim, 2009, Araquém Alcântara (1951-), Florianópolis,
Brasil.
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