Muitos pensam de modo
diferente, sentem de modo diferente. Procuram Deus ou encontram Deus de muitos
modos. Nesta multidão, nesta variedade de religiões, só há uma certeza que
temos para todos: somos todos filhos de Deus. Que o diálogo sincero entre homens
e mulheres de diferentes religiões produza frutos de paz e de justiça.
(Papa Francisco, 2016)
Não temos um só Pai? Não nos
criou um mesmo Deus? Por que trabalhamos tão perfidamente uns contra os outros?
(Ml 2, 10)
XXV Domingo do Tempo Comum 24.09.2017
Is 55, 6-9 Fl 1, 20-24.27 Mt
20, 1-16
ESCUTAR
Meus
pensamentos não são como os vossos pensamentos, e vossos caminhos não são como
os meus caminhos (Is 55, 8).
Pois,
para mim, o viver é Cristo e o morrer é lucro (Fl 1, 21).
“Por
acaso não tenho o direito de fazer o que quero com aquilo que me pertence? Ou
estás com inveja, porque estou sendo bom?” (Mt 20, 15).
MEDITAR
O
sábio disse
À
amendoeira:
Fala-me
de Deus.
E
a amendoeira floriu.
(Poema
anônimo, Abadia de Sylvanès, França)
ORAR
Tudo se joga num instante. Os convites,
paradoxalmente, são novos e os mesmos a cada novo momento. Se não estivermos
atentos, podemos faltar ao encontro marcado e decisivo nas nossas vidas. Este é
o momento favorável e pode não existir outro. Não nos é concedido pedir um
tempo para considerarmos a oferta, pois Deus está no instante-que-passa (Ecl 3,
15). Os caminhos do Senhor nunca coincidem, rigorosamente, com os nossos.
Existe sempre uma distância que se mede pela escala do Infinito. Descobrir Deus
é se desembaraçar dos nossos pesos e medidas; da nossa miserável contabilidade
e de nossos critérios de julgamento. Os que chegam por último percebem o mesmo
que os primeiros. Pensar em Deus significa renunciar aos nossos pensamentos
sobre Ele. A deformação da imagem de Deus é o perigo que correm as pessoas
religiosas. “Peçamos a Deus, que nos livre de Deus”, já dizia Mestre Eckhart. Quando
nos convertemos não encontramos, automaticamente, Deus. O encontro é sempre com
um Deus Escondido e que permanece Escondido para que possamos buscá-Lo. O
encontro com Deus se faz pelos olhos do coração. Deus nos desconcerta e nos escandaliza.
Diante Dele, não conta nem a questão do mérito, nem da quantidade ou qualidade
do trabalho; nem muito menos do prêmio de produção ou a eleição do operário
padrão. O chamado para o trabalho na vinha é graça e o prêmio é um dom. A
alegria de Deus é dar sem medida. Aceitamos com tranquilidade os dogmas
proclamados pelas igrejas, mas a generosidade de Deus cria problemas a ponto de
ser, para muitos, um obstáculo para a fé e um perigo para a moral. A
generosidade de Deus não é uma debilidade do Seu coração. Fomos educados a
aplaudir a severidade de Deus, mas não a sua benevolência. A parábola obriga a
nos perguntar sobre nossas reações diante das atitudes surpreendentes e
escandalosas de Deus. O coração de Deus é tão profundamente bondoso que
privilegia os últimos, os mais desgraçados e os que a lógica dos homens
despreza. A solução da crise que vivemos virá, não da riqueza, mas da bondade.
Quando formos verdadeiramente sensíveis aos sofrimentos dos menores entre nós.
CONTEMPLAR
Mina de Ouro de Serra Pelada, 1986, do
livro “Trabalhadores”, Sebastião Salgado (1944-), Minas Gerais, Brasil.
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