segunda-feira, 17 de abril de 2017

O Caminho da Beleza 22 - II Domingo da Páscoa

Muitos pensam de modo diferente, sentem de modo diferente. Procuram Deus ou encontram Deus de muitos modos. Nesta multidão, nesta variedade de religiões, só há uma certeza que temos para todos: somos todos filhos de Deus. Que o diálogo sincero entre homens e mulheres de diferentes religiões produza frutos de paz e de justiça.
(Papa Francisco, 2016)

Não temos um só Pai? Não nos criou um mesmo Deus? Por que trabalhamos tão perfidamente uns contra os outros?
(Ml 2, 10)

II Domingo da Páscoa              23.04.2017
At 2, 42-47              1 Pd 1, 3-9               Jo 20, 19-31

ESCUTAR

Todos os que abraçavam a fé viviam unidos e colocavam tudo em comum (At 2, 44).

Em sua grande misericórdia, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, ele nos fez nascer de novo, para uma esperança viva (1 Pd 1, 3).

“Bem-aventurados os que creram sem terem visto!” (Jo 20, 29).

MEDITAR

Ao iniciar minha caminhada cometi quatro erros:
acreditei que era eu quem o recordava,
o conhecia,
o amava e o procurava.

Quando cheguei ao fim da jornada, vi que
sua lembrança precedera a minha,
seu conhecimento precedera o meu,
seu amor chegara antes do meu,
e ele me havia procurado antes,
para que eu o procurasse.

(Al-Bistami, Islã).

ORAR

Na comunidade cristã o irmão não é somente o que compartilha a mesma fé, mas o que participa e tem livre acesso aos nossos bens. Desta forma desaparece qualquer discriminação econômica, pois a prática da partilha e da solidariedade aniquila uma lógica patronal e privatista. A comunhão espiritual se expressa, de uma maneira visível, na partilha dos bens materiais com os mais fracos e necessitados. O evangelista nos apresenta uma comunidade em crise. Uma crise de medo resolvida pela presença e o dom da paz do Ressuscitado. Crise de um discípulo que não acredita. O Ressuscitado reaparece e não aponta Tomé com um dedo ameaçador, mas aceita a sua condição imposta para crer. Nenhum dedo ameaçador salvou ninguém e nunca constituiu um argumento convincente. Hoje, a dificuldade para acreditar não vem da invisibilidade do Ressuscitado, mas da visibilidade das igrejas e dos cristãos e de seus contra-testemunhos. A paz e a alegria se expressam no sentimento de que o Vivente está com eles, fundido em suas vidas e relações. A presença do Espírito é um dom de Jesus e tem uma profunda relação com o perdão dos pecados expressos nas divisões, conflitos e violências que causamos uns aos outros. O homem ofende a Deus quando faz dano a si mesmo e aos outros. O pecado social denunciado pelos profetas com o passar do tempo ficou reduzido apenas a uma ofensa individual a Deus que para ser perdoada deveria ser submetida ao sacramento da penitência (Trento) e a confissão ficou restrita a um ato judicial. Quem representa o Espírito não pode ter um poder judicial, mas tão somente um poder misericordioso. Os cristãos aceitam o Vivente quando são capazes de ver e tocar a dor humana de todos aqueles em que Deus está presente. É nas chagas das vítimas que encontramos a fé em Deus, o Deus Pai do Ressuscitado, o Vivente pelos séculos dos séculos. Como afirma o Papa Francisco: “O que Jesus nos pede para fazer com nossas ações de misericórdia é aquilo que Tomé havia pedido: entrar nas feridas. Só tocando as feridas, acariciando-as, é possível adorar o Deus vivo no meio de nós”. A paz dada pelo Cristo Ressuscitado não é a paz do mundo que é sempre precária, falsa e aparente, pois se baseia nos medos recíprocos, nos equilíbrios de poder, na corrida armamentista, na exploração e na repressão. O sacramento da penitência não pode ficar reduzido a um rito privado do perdão. Possui uma dimensão eminentemente social uma vez que na profundeza dos pecados pessoais e sociais imprime um dinamismo de reconciliação social, de fraternidade entre as pessoas por meio da reconciliação com Deus. O Vivente nos arranca de atitudes covardes, desencantos e desesperanças. Uma Igreja encerrada em seus problemas é uma Igreja sem horizontes e sem riscos. Uma Igreja estruturada no legalismo não é uma Igreja impulsionada pelo Espírito de Jesus, pois o Evangelho nos coloca sempre olhando para o futuro. O papa Francisco denuncia o legalismo clerical: “Deixai os leigos trabalharem em paz, não os clericalizeis. O clericalismo é como o tango que se dança em dois: o sacerdote que gosta de clericalizar e o leigo que pede para ser clericalizado” (Retiro dos sacerdotes 12.6.2015).

CONTEMPLAR

S. Título, 1998, Espanha, Stuart Franklin (1956-), Magnum Photos, Londres, Reino Unido.





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