Muitos pensam de modo
diferente, sentem de modo diferente. Procuram Deus ou encontram Deus de muitos
modos. Nesta multidão, nesta variedade de religiões, só há uma certeza que
temos para todos: somos todos filhos de Deus. Que o diálogo sincero entre homens
e mulheres de diferentes religiões produza frutos de paz e de justiça.
(Papa Francisco, 2016)
Não temos um só Pai? Não nos
criou um mesmo Deus? Por que trabalhamos tão perfidamente uns contra os outros?
(Ml 2, 10)
Domingo
de Ramos e Paixão do Senhor 09.04.2017
Is 50,
4-7 Fl 2, 6-11 Mt 27, 11-54
ESCUTAR
O Senhor abriu-me os ouvidos; não lhe resisti nem
voltei atrás (Is 50, 5).
Encontrado com aspecto humano, humilhou-se a si
mesmo, fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz (Fl 2, 7-8).
Ele era mesmo Filho de Deus! (Mt 27, 54).
MEDITAR
Às vezes, é terrível conceber e admitir, meu Deus,
tudo que as criaturas terrestres se infligem umas contra as outras nesses
tempos decaídos. Mas permanecendo em meu quarto não me fecho a esse espetáculo,
meu Deus, continuo a encarar tudo, não fujo de nada, procuro compreender e
dissecar os piores feitos, procuro sempre encontrar o traço do homem em sua
nudez, sua fragilidade, deste homem raramente encontrado em meio às ruínas
monstruosas de seus atos absurdos... Deus, encaro seu mundo no fundo dos meus
olhos, não fujo da realidade refugiando-me em belos sonhos – quero dizer que há
lugar para belos sonhos ao lado da mais crua realidade – e eu teimo em louvar
tua criação, meu Deus, apesar de tudo.
(Etty
Hillesum, jovem holandesa assassinada em Auschwitz, em 1943).
ORAR
Hoje
devemos festejar e colocar na roda toda a alegria de que somos capazes. A festa
de Jesus tem as cores da espontaneidade e da simplicidade. Nenhuma comissão de
pessoas importantes, nenhuma oficialidade nem gastos exorbitantes. A fé
comporta um custo que nada tem a ver com os gastos. A entrada de Jesus em
Jerusalém, montado num jumentinho, rodeado e aclamado pelas gentes humildes,
expressa que o mais humano de nossa vida se realiza na simplicidade e na recusa
de toda pompa e desejo de domínio. Oxalá as igrejas aprendam, de uma vez por
todas, a não mais celebrar Te Deum
para os ditadores e assassinos, pois só o amor e a bondade são dignos de fé. O
evangelho faz uma paródia do poder e a trajetória de Jesus é a de todo cristão:
abaixamento/ elevação; humilhação/ glorificação; obscuridade/ luminosidade;
despojamento/ transfiguração; perda do nome/ aquisição do Nome-sobre-todo-nome.
Jesus morre soltando um grito lacerante. Um grito que expressa a indignação de
todos os torturados, de todas as vítimas da injustiça, da violência, dos
sofrimentos mais absurdos e do abandono. Mas este grito é também uma declaração
última de amor, pois Jesus morre gritando seu amor para com todos: “Pai,
perdoai-os, eles não sabem o que fazem!”. Devemos nos deixar penetrar por este
grito e não apenas nos conformar em ouvi-lo. Podemos nos mover livremente,
porque Ele permanece cravado na Cruz; podemos existir porque Ele nos ama e
podemos viver porque Ele, com uma semente, aceitou morrer. No relato evangélico
não há discursos de elogio ao vencedor triunfante, mas se destaca o ato final
de um homem que deu sentido à sua vida e à sua morte ao dizer que não havia
maior prova de amor do que dar a vida pelos amigos. Devemos, como Jesus, sem
medo, dar o mesmo sentido às nossas vidas e mortes, oferecendo a força vital de
nosso amor ao mundo. O Cristo, morto e ressuscitado, evoca-nos, com a sua
entrega de amor, que a libertação do medo consiste em sermos fulminados pela
coragem da esperança: “No mundo passareis tribulações; mas tende ânimo, pois eu
venci o mundo” (Jo 16, 33).
CONTEMPLAR
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