terça-feira, 4 de abril de 2017

O Caminho da Beleza 20 - Domingo de Ramos e Paixão do Senhor

Muitos pensam de modo diferente, sentem de modo diferente. Procuram Deus ou encontram Deus de muitos modos. Nesta multidão, nesta variedade de religiões, só há uma certeza que temos para todos: somos todos filhos de Deus. Que o diálogo sincero entre homens e mulheres de diferentes religiões produza frutos de paz e de justiça.
(Papa Francisco, 2016)

Não temos um só Pai? Não nos criou um mesmo Deus? Por que trabalhamos tão perfidamente uns contra os outros?
(Ml 2, 10)

Domingo de Ramos e Paixão do Senhor              09.04.2017
Is 50, 4-7                 Fl 2, 6-11                 Mt 27, 11-54


ESCUTAR

O Senhor abriu-me os ouvidos; não lhe resisti nem voltei atrás (Is 50, 5).

Encontrado com aspecto humano, humilhou-se a si mesmo, fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz (Fl 2, 7-8).

Ele era mesmo Filho de Deus! (Mt 27, 54).


MEDITAR

Às vezes, é terrível conceber e admitir, meu Deus, tudo que as criaturas terrestres se infligem umas contra as outras nesses tempos decaídos. Mas permanecendo em meu quarto não me fecho a esse espetáculo, meu Deus, continuo a encarar tudo, não fujo de nada, procuro compreender e dissecar os piores feitos, procuro sempre encontrar o traço do homem em sua nudez, sua fragilidade, deste homem raramente encontrado em meio às ruínas monstruosas de seus atos absurdos... Deus, encaro seu mundo no fundo dos meus olhos, não fujo da realidade refugiando-me em belos sonhos – quero dizer que há lugar para belos sonhos ao lado da mais crua realidade – e eu teimo em louvar tua criação, meu Deus, apesar de tudo.

 (Etty Hillesum, jovem holandesa assassinada em Auschwitz, em 1943).


ORAR

Hoje devemos festejar e colocar na roda toda a alegria de que somos capazes. A festa de Jesus tem as cores da espontaneidade e da simplicidade. Nenhuma comissão de pessoas importantes, nenhuma oficialidade nem gastos exorbitantes. A fé comporta um custo que nada tem a ver com os gastos. A entrada de Jesus em Jerusalém, montado num jumentinho, rodeado e aclamado pelas gentes humildes, expressa que o mais humano de nossa vida se realiza na simplicidade e na recusa de toda pompa e desejo de domínio. Oxalá as igrejas aprendam, de uma vez por todas, a não mais celebrar Te Deum para os ditadores e assassinos, pois só o amor e a bondade são dignos de fé. O evangelho faz uma paródia do poder e a trajetória de Jesus é a de todo cristão: abaixamento/ elevação; humilhação/ glorificação; obscuridade/ luminosidade; despojamento/ transfiguração; perda do nome/ aquisição do Nome-sobre-todo-nome. Jesus morre soltando um grito lacerante. Um grito que expressa a indignação de todos os torturados, de todas as vítimas da injustiça, da violência, dos sofrimentos mais absurdos e do abandono. Mas este grito é também uma declaração última de amor, pois Jesus morre gritando seu amor para com todos: “Pai, perdoai-os, eles não sabem o que fazem!”. Devemos nos deixar penetrar por este grito e não apenas nos conformar em ouvi-lo. Podemos nos mover livremente, porque Ele permanece cravado na Cruz; podemos existir porque Ele nos ama e podemos viver porque Ele, com uma semente, aceitou morrer. No relato evangélico não há discursos de elogio ao vencedor triunfante, mas se destaca o ato final de um homem que deu sentido à sua vida e à sua morte ao dizer que não havia maior prova de amor do que dar a vida pelos amigos. Devemos, como Jesus, sem medo, dar o mesmo sentido às nossas vidas e mortes, oferecendo a força vital de nosso amor ao mundo. O Cristo, morto e ressuscitado, evoca-nos, com a sua entrega de amor, que a libertação do medo consiste em sermos fulminados pela coragem da esperança: “No mundo passareis tribulações; mas tende ânimo, pois eu venci o mundo” (Jo 16, 33).


CONTEMPLAR

Sem Título, anônimo, acessado em Pinterest, (Fonte: s-media-cache-ak0.pinimg.com).





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