Muitos pensam de modo
diferente, sentem de modo diferente. Procuram Deus ou encontram Deus de muitos
modos. Nesta multidão, nesta variedade de religiões, só há uma certeza que
temos para todos: somos todos filhos de Deus. Que o diálogo sincero entre homens
e mulheres de diferentes religiões produza frutos de paz e de justiça.
(Papa Francisco, 2016)
Não temos um só Pai? Não nos
criou um mesmo Deus? Por que trabalhamos tão perfidamente uns contra os outros?
(Ml 2, 10)
Páscoa da Ressurreição 16.04.2017
At 10, 34.37-43 Cl 3, 1-4 Jo 20, 1-9
ESCUTAR
“E Jesus nos mandou pregar ao
povo e testemunhar que Deus o constituiu juiz dos vivos e dos mortos” (At 10,
42).
Pois vós morrestes e a vossa vida
está escondida, com Cristo, em Deus (Cl, 3, 3).
De fato, eles ainda não tinham
compreendido a Escritura, segundo a qual ele devia ressuscitar dos mortos (Jo
20, 9).
MEDITAR
A vida daqueles que acolhem todos
os dias os convidados que chegam até eles jamais sofrerá de penúria. Aquele
que, quando seus hóspedes partem, deseja receber outros mais, será um hóspede
bem-vindo na casa dos deuses.
(Tirukkural, Sábio Tiruvallur, c.
500, Sul da Índia).
ORAR
O Cristo vive e isto constitui a
causa da nossa esperança e a fonte da nossa fé. E a fé, a partir da
Ressurreição, não consiste em sentir, ver e buscar o Jesus que viveu na terra,
mas saber encontrá-Lo em suas manifestações visíveis e invisíveis na nossa
vida. É saber encontrar o Vivente na solidariedade com os irmãos e irmãs; nas comunidades
em que se parte o pão e se reparte o vinho; nos testemunhos de justiça que
valem mais do que uma vida. Encontramos o Cristo na comensalidade, no partilhar
da mesa onde colocamos em comum a existência dos nossos sentimentos;
partilhamos a fé que nos dá sentido à vida na sua pluralidade e diversidade. É
no alimento repartido que rompemos nosso isolamento, nossa solidão e nos
sentimos próximos, uns dos outros, no encontro dos olhares e sorrisos. A
comensalidade derruba as barreiras e nos permite a fusão de uma autêntica
comunhão. No entanto, esta dimensão sagrada foi profanada pelos cafés de
trabalho, almoços de negócios e jantares políticos que adulteram um dos
símbolos mais universais que inventamos para nos unir, aliviar nossas
preocupações e partilhar alegrias. A mesa de Jesus foi convertida em mesa de
conspiração e de tramas de destruição e ódio. Jesus partilhou a mesa com todo
tipo de pessoa sem excluir jamais ninguém. O mais importante para o Vivente não
é a prática religiosa, mas a experiência humana que se vive no compartir da
mesma mesa. O Pai, o Deus de Jesus, só é encontrado na mesa partilhada com os
outros, sejam quais forem, pois o espaço de Deus é o da vida repartida. A
comensalidade humana não é possível onde existe a exclusão, a ameaça e o
desprezo: onde falha a partilha falha a Eucaristia. A festa da Páscoa é a festa
da confiança porque sabemos nas mãos de quem estamos. A festa da Páscoa nos
convida a substituir a angústia da morte pela certeza da Ressurreição e para
viver é necessário ressuscitar: o sepulcro se converte num berço. Entramos nus
na nova Criação como o Cristo que abandonou as vestes da morte no sepulcro e se
desinteressou delas. A vida não tem necessidade de relíquias. Entramos nus para
vestirmos o traje de luz. O centro do mundo mudou-se para outro lugar: pode
estar em todas as partes onde se manifesta a solidariedade humana.
CONTEMPLAR
Luz
rompendo a matéria, 2016, Manos da Terna Solidão, Capela, Curitiba,
Brasil.
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