quarta-feira, 12 de abril de 2017

O Caminho da Beleza 21 - Páscoa da Ressurreição

Muitos pensam de modo diferente, sentem de modo diferente. Procuram Deus ou encontram Deus de muitos modos. Nesta multidão, nesta variedade de religiões, só há uma certeza que temos para todos: somos todos filhos de Deus. Que o diálogo sincero entre homens e mulheres de diferentes religiões produza frutos de paz e de justiça.
(Papa Francisco, 2016)

Não temos um só Pai? Não nos criou um mesmo Deus? Por que trabalhamos tão perfidamente uns contra os outros?
(Ml 2, 10)

Páscoa da Ressurreição                      16.04.2017
At 10, 34.37-43                 Cl 3, 1-4                   Jo 20, 1-9

ESCUTAR

“E Jesus nos mandou pregar ao povo e testemunhar que Deus o constituiu juiz dos vivos e dos mortos” (At 10, 42).

Pois vós morrestes e a vossa vida está escondida, com Cristo, em Deus (Cl, 3, 3).

De fato, eles ainda não tinham compreendido a Escritura, segundo a qual ele devia ressuscitar dos mortos (Jo 20, 9).


MEDITAR

A vida daqueles que acolhem todos os dias os convidados que chegam até eles jamais sofrerá de penúria. Aquele que, quando seus hóspedes partem, deseja receber outros mais, será um hóspede bem-vindo na casa dos deuses.
(Tirukkural, Sábio Tiruvallur, c. 500, Sul da Índia).


ORAR

      O Cristo vive e isto constitui a causa da nossa esperança e a fonte da nossa fé. E a fé, a partir da Ressurreição, não consiste em sentir, ver e buscar o Jesus que viveu na terra, mas saber encontrá-Lo em suas manifestações visíveis e invisíveis na nossa vida. É saber encontrar o Vivente na solidariedade com os irmãos e irmãs; nas comunidades em que se parte o pão e se reparte o vinho; nos testemunhos de justiça que valem mais do que uma vida. Encontramos o Cristo na comensalidade, no partilhar da mesa onde colocamos em comum a existência dos nossos sentimentos; partilhamos a fé que nos dá sentido à vida na sua pluralidade e diversidade. É no alimento repartido que rompemos nosso isolamento, nossa solidão e nos sentimos próximos, uns dos outros, no encontro dos olhares e sorrisos. A comensalidade derruba as barreiras e nos permite a fusão de uma autêntica comunhão. No entanto, esta dimensão sagrada foi profanada pelos cafés de trabalho, almoços de negócios e jantares políticos que adulteram um dos símbolos mais universais que inventamos para nos unir, aliviar nossas preocupações e partilhar alegrias. A mesa de Jesus foi convertida em mesa de conspiração e de tramas de destruição e ódio. Jesus partilhou a mesa com todo tipo de pessoa sem excluir jamais ninguém. O mais importante para o Vivente não é a prática religiosa, mas a experiência humana que se vive no compartir da mesma mesa. O Pai, o Deus de Jesus, só é encontrado na mesa partilhada com os outros, sejam quais forem, pois o espaço de Deus é o da vida repartida. A comensalidade humana não é possível onde existe a exclusão, a ameaça e o desprezo: onde falha a partilha falha a Eucaristia. A festa da Páscoa é a festa da confiança porque sabemos nas mãos de quem estamos. A festa da Páscoa nos convida a substituir a angústia da morte pela certeza da Ressurreição e para viver é necessário ressuscitar: o sepulcro se converte num berço. Entramos nus na nova Criação como o Cristo que abandonou as vestes da morte no sepulcro e se desinteressou delas. A vida não tem necessidade de relíquias. Entramos nus para vestirmos o traje de luz. O centro do mundo mudou-se para outro lugar: pode estar em todas as partes onde se manifesta a solidariedade humana.


CONTEMPLAR


Luz rompendo a matéria, 2016, Manos da Terna Solidão, Capela, Curitiba, Brasil.




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