segunda-feira, 21 de novembro de 2016

O Caminho da Beleza 01 - I Domingo do Advento

Muitos pensam de modo diferente, sentem de modo diferente. Procuram Deus ou encontram Deus de muitos modos. Nesta multidão, nesta variedade de religiões, só há uma certeza que temos para todos: somos todos filhos de Deus. Que o diálogo sincero entre homens e mulheres de diferentes religiões produza frutos de paz e de justiça.
(Papa Francisco, 2016)


Não temos um só Pai? Não nos criou um mesmo Deus? Por que trabalhamos tão perfidamente uns contra os outros?
(Ml 2, 10)


I Domingo do Advento             27.11 2016
Is 2, 1-5                    Rm 13, 11-14                      Mt 24, 37-44

ESCUTAR

“Vamos subir ao monte do Senhor, à casa do Deus de Jacó, para que ele nos mostre seus caminhos e nos ensine a cumprir seus preceitos” (Is 2, 3).

A noite já vai adiantada, o dia vem chegando: despojemo-nos das ações das trevas e vistamos as armas da luz (Rm 13, 12).

“E eles nada perceberam até que veio o dilúvio e arrastou a todos” (Mt 24, 39).

MEDITAR

Volte para Mim teu coração,
apreende-me com toda a tua vontade,
repousa em mim o teu espírito
e encontra em mim a tua felicidade.

Quem a tudo renuncia por amor
está perto da meta final.

Quem não quer mal a ser algum
e, liberto do ódio e do egoísmo,
é bom para com todas as criaturas...
está perto da meta final.

Quem permanece fiel a si mesmo,
no prazer e no sofrimento,
sempre sereno e paciente...
esse é querido por mim.

Aquele cuja vida é amor,
a esse amo acima de tudo
e o alimento com o meu amor.

(Krishna, Bhagavad Gita)

ORAR

Nestes tempos de Advento, a comunidade cristã se faz voz desta espera e repete com força a antiga invocação dos cristãos: Marana thà, Vinde Senhor! O cristão é aquele que fica vigilante cada dia e cada hora, sabendo que o Senhor vem. Não podemos reduzir o Advento a uma devoção ingênua e regressiva que empobrece a esperança cristã. Devemos saber procurar Deus no nosso futuro como sentinelas impacientes desde a aurora e tendo no coração a urgência da vinda do Cristo. Aguardar não significa pôr-se a esperar, mas a capacidade e o desejo de se despertar e pôr-se a caminho. É preciso sair deste modorrento repouso que nos ata os pés e nos dificulta o andar. O sono pode entorpecer os sonhos e devemos acordar para torná-los realidade. O sintoma inequívoco da enfermidade do sono é o entorpecimento de não compreender o significado do tempo presente. Dormir pode ser também uma atividade frenética, em busca de uma eficácia empreendedora na qual se entrelaçam negócios e apostolados; poder e religião; atrás do sucesso pela difusão religiosa. Tudo isto revela que estamos ausentes e alienados do mundo real e do evangelho. Manipulações, litígios internos, invejas, brigas mesquinhas, competições emburrecidas e conclusões enfezadas são formas de sono que nos alienam dos verdadeiros desafios. Este é o momento de nos dar conta que o tempo de Deus entrou no tempo dos homens e que este instante é um instante eterno. O que importa e o que é decisivo é o aqui e o agora: “Escutai hoje a sua voz e não vosso coração” (Sl 95, 7-8). Nestes tempos de Advento, atenção para a vista que se nubla quando é capturada pela superficialidade e pelo efêmero; para as mãos que estão vazias quando se empenham em contar e acumular; para o coração que se faz pesado quando está repleto de futilidades e vulgaridades. O cristão deve ser um sonhador como José (Gn 37, 19), pois quando Deus está no meio o sonho se torna uma possibilidade concreta. Jesus pede que não durmamos diante dos que sofrem pela injustiça, pois esta atenção ao sofrimento alheio é o que importa de verdade na vida. O Evangelho nunca é uma ameaça, mas também nunca será um convite para uma vida fútil. Jesus é sempre acolhida, façamos o que façamos, mas ele também nos instiga para que sempre nos superemos. Mantenhamos em nossos corações, neste tempo de Advento, o questionamento do teólogo e cientista: “Cristãos, encarregados de guardar sempre viva sobre a terra a chama do desejo; o que temos feito da espera do Senhor? (Theillard de Chardin).

CONTEMPLAR

S. Título, Nepal, 1968, Michael Wolgensinger (1913-1990), Zurique, Suíça.




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