Muitos pensam de modo
diferente, sentem de modo diferente. Procuram Deus ou encontram Deus de muitos
modos. Nesta multidão, nesta variedade de religiões, só há uma certeza que
temos para todos: somos todos filhos de Deus. Que o diálogo sincero entre homens
e mulheres de diferentes religiões produza frutos de paz e de justiça.
(Papa Francisco, 2016)
Não temos um só Pai? Não nos
criou um mesmo Deus? Por que trabalhamos tão perfidamente uns contra os outros?
(Ml 2, 10)
I
Domingo do Advento 27.11 2016
Is
2, 1-5 Rm 13, 11-14 Mt 24, 37-44
ESCUTAR
“Vamos subir ao monte do
Senhor, à casa do Deus de Jacó, para que ele nos mostre seus caminhos e nos
ensine a cumprir seus preceitos” (Is 2, 3).
A noite já vai adiantada,
o dia vem chegando: despojemo-nos das ações das trevas e vistamos as armas da
luz (Rm 13, 12).
“E eles nada perceberam
até que veio o dilúvio e arrastou a todos” (Mt 24, 39).
MEDITAR
Volte para Mim teu
coração,
apreende-me com toda a tua
vontade,
repousa em mim o teu
espírito
e encontra em mim a tua
felicidade.
Quem a tudo renuncia por
amor
está perto da meta final.
Quem não quer mal a ser
algum
e, liberto do ódio e do
egoísmo,
é bom para com todas as
criaturas...
está perto da meta final.
Quem permanece fiel a si
mesmo,
no prazer e no sofrimento,
sempre sereno e
paciente...
esse é querido por mim.
Aquele cuja vida é amor,
a esse amo acima de tudo
e o alimento com o meu
amor.
(Krishna, Bhagavad Gita)
ORAR
Nestes
tempos de Advento, a comunidade cristã se faz voz desta espera e repete com
força a antiga invocação dos cristãos: Marana
thà, Vinde Senhor! O cristão é aquele que fica vigilante cada dia e cada
hora, sabendo que o Senhor vem. Não podemos reduzir o Advento a uma devoção
ingênua e regressiva que empobrece a esperança cristã. Devemos saber procurar
Deus no nosso futuro como sentinelas impacientes desde a aurora e tendo no
coração a urgência da vinda do Cristo. Aguardar não significa pôr-se a esperar,
mas a capacidade e o desejo de se despertar e pôr-se a caminho. É preciso sair
deste modorrento repouso que nos ata os pés e nos dificulta o andar. O sono
pode entorpecer os sonhos e devemos acordar para torná-los realidade. O sintoma
inequívoco da enfermidade do sono é o entorpecimento de não compreender o
significado do tempo presente. Dormir pode ser também uma atividade frenética,
em busca de uma eficácia empreendedora na qual se entrelaçam negócios e
apostolados; poder e religião; atrás do sucesso pela difusão religiosa. Tudo
isto revela que estamos ausentes e alienados do mundo real e do evangelho.
Manipulações, litígios internos, invejas, brigas mesquinhas, competições
emburrecidas e conclusões enfezadas são formas de sono que nos alienam dos verdadeiros
desafios. Este é o momento de nos dar conta que o tempo de Deus entrou no tempo
dos homens e que este instante é um instante eterno. O que importa e o que é
decisivo é o aqui e o agora: “Escutai hoje a sua voz e não vosso coração” (Sl
95, 7-8). Nestes tempos de Advento, atenção para a vista que se nubla quando é
capturada pela superficialidade e pelo efêmero; para as mãos que estão vazias
quando se empenham em contar e acumular; para o coração que se faz pesado
quando está repleto de futilidades e vulgaridades. O cristão deve ser um
sonhador como José (Gn 37, 19), pois quando Deus está no meio o sonho se torna
uma possibilidade concreta. Jesus pede que não durmamos diante dos que sofrem
pela injustiça, pois esta atenção ao sofrimento alheio é o que importa de
verdade na vida. O Evangelho nunca é uma ameaça, mas também nunca será um
convite para uma vida fútil. Jesus é sempre acolhida, façamos o que façamos,
mas ele também nos instiga para que sempre nos superemos. Mantenhamos em nossos
corações, neste tempo de Advento, o questionamento do teólogo e cientista:
“Cristãos, encarregados de guardar sempre viva sobre a terra a chama do desejo;
o que temos feito da espera do Senhor? (Theillard de Chardin).
CONTEMPLAR
S.
Título, Nepal, 1968,
Michael Wolgensinger (1913-1990), Zurique, Suíça.
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