Muitos pensam de modo
diferente, sentem de modo diferente. Procuram Deus ou encontram Deus de muitos
modos. Nesta multidão, nesta variedade de religiões, só há uma certeza que
temos para todos: somos todos filhos de Deus. Que o diálogo sincero entre homens
e mulheres de diferentes religiões produza frutos de paz e de justiça.
(Papa Francisco, 2016)
Não temos um só Pai? Não nos
criou um mesmo Deus? Por que trabalhamos tão perfidamente uns contra os outros?
(Ml 2, 10)
II
Domingo do Advento 04.12.2016
Is
11, 1-10 Rm 15, 4-9 Mt 3, 1-12
ESCUTAR
Naqueles dias, nascerá uma
haste do tronco de Jessé e, a partir da raiz, surgirá o rebento de uma flor (Is
11, 1).
Acolhei-vos uns aos
outros, como também Cristo vos acolheu, para a glória de Deus (Rm 15, 7).
“A palha ele a queimará no
fogo que não se apaga” (Mt 3, 12).
MEDITAR
Sê constante na procura do
Bem-Amado...
Para colheres o seu agrado
no amor,
Não hesites em deitar a
face
Sobre a soleira de sua
porta
E aceita as provações que
Ele te impôs.
Só triunfa pela união com
o Bem-Amado
Aqueles cujos rins
suportaram
O pesado fardo do desejo
E do êxtase...
Levanta-te, pois!
Mostra que és um homem
Tomando a iniciativa da
busca do amor,
Para obteres um encontro
que já é teu.
(Paciência, texto islâmico anônimo)
ORAR
Deus
garante a legitimidade dos sonhos mais audazes, a factibilidade do impossível e
a força aos projetos mais loucos. Deus nos entrega sonhos ainda que tenhamos
medo de sonhar coisas estupendas, grandes e novas. Esperança significa a
possibilidade de projetar e de sonhar um futuro distinto e surpreendente. O
profeta nos alerta para a imagem do tronco cortado, seco, de cujas raízes
desponta, inesperadamente, um broto. Deus para realizar seus desígnios não
recorre aos frondosos e imponentes cedros do Líbano, mas parte de uma árvore
truncada: o tronco de Jessé. A estirpe de Davi tem uma origem humilde e
insignificante. E o tronco produz um sinal inequívoco de vida: um broto
inesperado e improvável. Existe um novo jardim: uma sociedade construída sobre
a justiça e a paz universal. A gratuidade de Deus é a maior ameaça ao poder. É
paradoxal conciliar o Deus da esperança, da paciência e da consolação
apresentado por Paulo, com o Messias juiz severo, que esmaga o grão, desmascara
as hipocrisias humanas, corta e atira ao fogo as árvores que não produzem
frutos. João, o Batista, fustiga a falsa segurança que é o oposto da esperança.
Não se pode separar a Palavra de Deus que nos faz sonhar, consola e tranquiliza
da que nos faz tremer e temer. É necessário, ao mesmo tempo, sonhar, sentirmos-nos
confortados e sermos sacudidos sem concessões. Jesus atuou de forma
surpreendente e até escandalosa: fez-se amigo dos pecadores, não usou o tema do
pecado nem como argumento de poder para submeter as pessoas, nem como discurso
do medo para manipular as consciências e as práticas. Jesus testemunhou que
este mundo virado se endireita não o limpando dos pecados prescritos pelas
instituições de poder, mas reconhecendo a dignidade, os direitos à felicidade
de todos os homens e mulheres, cristãos ou não. Deus é Mais!
CONTEMPLAR
Aos pés das dunas de Sossusvlei, Namíbia, Olivier Föllmi (1958-),
França.