IV Domingo do Tempo Comum 31.01.2016
Jr 1, 4-5.17-19 1 Cor 12, 31-13, 13 Lc 4, 21-30
ESCUTAR
“Eles
farão guerra contra ti, mas não prevalecerão, porque eu estou contigo para
defender-te”, diz o Senhor (Jr 1, 19).
O
amor não acabará nunca. As profecias desaparecerão, as línguas cessarão, a
ciência desaparecerá (1 Cor 13, 8).
“Não
é este o filho de José?” (Lc 4, 22).
MEDITAR
Papa
Francisco ao guarda suíço que permaneceu toda a noite de pé do lado de fora, cuidando
de seu quarto:
-
Papa: Ficou acordado toda a noite de pé? Não ficou cansado?
-
Guarda: É meu dever sua Santidade, para sua segurança...
O
Papa retornou a seu quarto. Depois de alguns minutos, trouxe para o guarda uma
cadeira em suas mãos...
-
Papa: Sente-se e descanse.
-
Guarda: Desculpe sua Santidade, mas não posso, as regras não permitem.
-
Papa: As regras?
-
Guarda: É uma ordem de meu Capitão, sua Santidade.
-
Papa: Bem, mas eu sou o Papa e te peço que te sentes.
Um
pouco mais tarde o Papa retornou, com café, um pouco de pão e presunto e os
entregou ao guarda...
-
Papa: Bom apetite meu irmão...
(Francisco,
abril de 2013).
ORAR
Os textos de hoje nos levam a refletir
sobre o amor sem fronteiras do
Senhor. Cafarnaum, símbolo dos pagãos, passa adiante de Nazaré, cidade da
infância de Jesus. O profeta Elias estava no meio do povo judeu, mas, no
momento de realizar um prodígio, abandonou
as muitas viúvas de Israel e foi ao encontro da pobre viúva pagã de Sarepta, no
país de Sidon. E Eliseu não curou nenhum leproso em Israel, mas curou Naamã, o
sírio. Para Jesus não é relevante que um profeta não seja bem recebido em sua
pátria. A pátria, lugar onde se está enraizado pelo sangue, e o Reino de
Deus não são compatíveis. O Reino de Deus ignora a pátria porque, sendo a negação de todos os limites, implica numa total abertura a todos
os povos. Somos chamados a fazer avançar este Reino que será vingado por um amor sem fronteiras. O papa Francisco
nos alerta: “Os problemas, as preocupações de todos os dias nos impulsionam a
nos curvarmos sobre nós mesmos, na tristeza e na amargura...e isto é a morte,
pois não procuramos mais Aquele que está Vivo”. O amar cristão não conhece
regras, barreiras ou imposições, mas, como uma luz, irradia a solidariedade e a
compaixão. Nós estamos longe do amor cristão quando, por vaidade e falsa
segurança, nos tornamos sombras
esmaecidas de nós mesmos. Um cristianismo
adulto é a generosa doação de si próprio, feita de gestos de amor sem
medidas que comprometem todo nosso ser. Paulo nos mostra que o amor é maior virtude do que todos os dons. E virtude significa a força
vital que nos foi entregue por Deus e que para Deus voltará. O dom da fé serve para alimentar a confiança; o
da esperança para nos fazer
perseverar num destino comum. Todos os dons são transitórios porque respondem pelo tempo presente; e imperfeitos, porque, como humanos,
ainda vemos o que nos cerca de maneira confusa como num espelho. A virtude do
amor – cáritas e ágape –
é eterna porque nos conduz à
profunda comunhão com o êxtase de Deus. Nela, O veremos face a face,
conheceremos como somos conhecidos e estaremos no centro de gravitação da Vida: “Pondus meum amor meus”:
o amor é o meu peso! (Santo Agostinho). Deus é um amor sem fronteiras que arde também
como fogo e quer amar sempre mais: “Quando
eu resplandeço, tu deves arder; quando fluo, tu deves fluir; quando tu amas,
nós dois nos tornarmos um e quando somos um, nada mais poderá nos separar”
(Mechthild von Magdeburg, séc. XIII).
CONTEMPLAR
Sem
título, mês de fevereiro, 2001, Richard Kalvar (1944-), Calendário Lavazza,
2001, “Friends & More”, fotos de Richard Kalvar e Martine Franck nos cafés
de Paris, França. O fotógrafo nasceu em Nova York, Estados Unidos.