O
Caminho da Beleza 50
Leituras
para a travessia da vida
“O conceito de sabedoria é aquele
que reúne harmonicamente diversos aspectos: conhecimento, amor, contemplação do
belo e, também, ao mesmo tempo, uma ‘comunhão com a verdade’ e uma ‘verdade que
cria comunhão’, ‘uma beleza que atrai e apaixona’” (Francisco).
“Quando recebia tuas palavras, eu as
devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).
“Não deixe cair a profecia”
(D. Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).
Celebração
de Finados 02.11.2014
Jó 19,
1.23-27 Rm 5, 5-11 Jo 6, 37-40
ESCUTAR
“Eu sei
que o meu redentor está vivo e que, por último, se levantará sobre o pó, e
depois que tiverem destruído esta minha pele, na minha carne verei a Deus” (Jó
19, 25-26).
“A
esperança não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos
corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5,5).
“E esta
é a vontade daquele que me enviou: que eu não perca nenhum daqueles que ele me
deu, mas os ressuscite no último dia” (Jo 6, 39).
MEDITAR
“As pessoas não morrem: tornam a ficar
encantadas”(João Guimarães Rosa).
“Eu sempre
acreditei que o instante da morte é a norma e o fim da vida. Eu penso que para
os que vivem como se faz necessário este é o instante em que, por uma fração
infinitesimal de tempo, a verdade nua e crua, pura, certa e eterna entra na
alma” (Simone Weil).
ORAR
A morte fica sempre como uma obscura passagem, uma
luta, uma agonia e um mistério. A morte não é o estuário trágico, mas o
ingresso na comunhão plena com Deus já experimentada no fragmento da existência
terrestre, neste instante emprestado a que chamamos vida. Novembro é tempo de
primavera para nós, do grão caído na terra que é fecundo, floresce e renasce.
Os celtas elegeram este período do ano para celebrar a memória dos mortos, uma
memória que as igrejas cristianizaram para torná-la uma das festas mais vividas
ainda que a cultura dominante reprima a morte e a finitude. A morte não é mais
a realidade última para os homens e sim a Ressurreição para a Vida Eterna. O cristão
prepara a sua ancestralidade a cada dia ainda que sua vida sofra as
contradições das quedas. Jesus nunca rejeita ninguém, ao contrário, abraça-nos
com seu grande amor e nos concede a remissão dos pecados, a ressurreição da
carne, conduzindo-nos, definitivamente, à vida eterna. Paulo nos garante: “Se o
Espírito daquele que ressuscitou Jesus da morte habita em vós, aquele que
ressuscitou Jesus Cristo da morte dará vida a vossos corpos mortais, pelo seu
Espírito que habita em vós” (Rm 8, 11). A comunhão com Cristo na fé e na
eucaristia nos resgata da morte, do nada e nos insere na existência de Deus:
“Quem comer minha carne e beber o meu sangue terá a vida eterna e eu o
ressuscitarei no último dia” (Jo 6, 54). É preciso purificar a morte cristã de
toda “pornografia mortuária” (Karl Rahner) que procura, com uma retórica
consumista e mágica, cancelar e apagar esta dramática realidade humana.
Dignidade, doação, sinceridade e realismo são virtudes humanas, mas o cristão
deve também conhecer a confiança, a esperança e a alegria pascal. A oração
pelos mortos é um ato de autêntica intercessão, de amor e de caridade pelos que
vivem em Deus. É um ato de solidariedade que nunca pode ser interrompido, mas
deve ser vivido como uma communio
sanctorum, uma comunhão dos santos que foram perdoados por Deus.
CONTEMPLAR
Ressurreição, 1973,
Jean-Marie Pirot (Arcabas) (1926-), técnica mista, acetato de polivinil, areia
de silício, pigmentos, ouro fino não queimado, 22 ql., Igreja de
Saint-Hugues-de-Chartreuse, Isère, França.