O Caminho da Beleza 40
Leituras para a
travessia da vida
“O conceito de sabedoria é aquele que reúne harmonicamente
diversos aspectos: conhecimento, amor, contemplação do belo e, também, ao mesmo
tempo, uma ‘comunhão com a verdade’ e uma ‘verdade que cria comunhão’, ‘uma
beleza que atrai e apaixona’” (Francisco).
“Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu
prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).
“Não deixe cair a profecia” (D. Hélder Câmara,
1999, dias antes de sua passagem).
XXI Domingo do Tempo Comum 24.08.2014
Is 22, 19-23 Rm 11, 33-36 Mt 16, 13-20
ESCUTAR
“Eu vou te destituir do posto
que ocupas e demitir-te do teu cargo”(Is 22, 19).
“De fato, quem conheceu o
pensamento do Senhor? Ou quem foi seu conselheiro?” (Rm 1, 34).
“Feliz és tu, Simão, filho de
Jonas, porque não foi um ser humano que te revelou isso, mas o meu Pai que está
no céu” (Mt 16, 17).
MEDITAR
“Deus não está lá no alto como
um farol celeste. Ele não é um mágico todo-poderoso que, de fora, orienta o
destino dos mundos: Deus é interior como o segredo supremo de um amor
silencioso e desarmado!” (Maurice Zundel).
“Nós oferecemos às pessoas
palavras de força espiritual que as elevem, que as valorizem e as acalentem; ou
nós oferecemos palavras más que acusam e minam, que denigrem as pessoas? Nós
oferecemos a Palavra de Deus, que é criadora? Ou oferecemos a palavra de Satã
que é destrutiva e enganadora? [...] Assim, se somos chamados a ser a boca de
Jesus hoje, então temos primeiro que falar palavras que acarinhem e reverenciem
as pessoas, especialmente as pessoas que são consideradas como lixo por outras
e que se sentem desprezadas e no limite, pois são estas que são as amigas de
Deus” (Timothy Radcliffe).
ORAR
Temos o
costume de questionar Deus como se o seu ofício fosse o de responder as nossas
questões pessoais. Todos nos sentimos no direito de submetê-lo a um exame e a
obrigá-lo a nos dar explicações convincentes sobre o sofrimento, o mal, as
guerras, etc. Pensamos que ter fé é
exigir que Deus nos dê conta de si e de suas ações imprevisíveis. Tantas vezes
queremos ser conselheiros de Deus e seus consultores. No entanto, o Evangelho revela
que é Ele quem nos coloca perguntas que devemos responder pela prática que
brota da nossa fé. Da nossa parte, basta a modéstia unida ao sentido da
surpresa e da maravilha. Devemos sempre nos deixar surpreender por Deus e
quando isso acontece ficamos atordoados, pois Ele nada nos deve uma vez que
tudo nos deu por iniciativa própria. Nada diante de Deus é intocável e
insubstituível e quem não compreende isto, tornando-se um executor da sua
misericórdia, pode ser derrubado do trono mesmo que continue ocupando-o. No
evangelho Jesus felicita Simão por sua resposta, mas deixa claro que a sua fala
não é dele, mas de uma sugestão providencial vinda do alto. Precisamos estar
atentos ao que nos sopra o Espírito para darmos respostas que não sejam
arremedos. Pedro é declarado feliz não porque fala, mas porque foi capaz de
escutar. Pedro é uma pedra que pode ser cortada e utilizada numa construção e
não uma rocha como símbolo de uma solidez absoluta. A rocha é Cristo e Pedro é
apenas um cimento brando que deve unificar a construção da comunidade eclesial
e não se tornar um centralizador de tudo e de todos. A Igreja de Jesus é uma
casa construída sobre uma rocha ainda que apoiada na fragilidade das pedras que
são os homens. Foi conferida a Pedro a autoridade de abrir ou fechar a porta, mas
antes ele teve que ouvir o juízo severo de Jesus: “Ai de vós, letrados e
fariseus hipócritas, que fechais aos homens o reino de Deus! Vós não entrais
nem deixais entrar os que o tentam” (Mt 23, 13-14). Pedro e todos nós devemos
seguir o exemplo de Jesus que usou as chaves somente para abrir e oferecer a
todos a possibilidade de encontrar a porta aberta.
CONTEMPLAR
Cabeça
do Cristo (detalhe), Rembrandt H. van Rijn, c. 1648-56, óleo sobre painel de carvalho, 35,8 cm x 31,2 cm,
Philadelphia Museum of Art, Estados Unidos.
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