O Caminho da Beleza 39
Leituras para a
travessia da vida
“O conceito de sabedoria é aquele que reúne harmonicamente
diversos aspectos: conhecimento, amor, contemplação do belo e, também, ao mesmo
tempo, uma ‘comunhão com a verdade’ e uma ‘verdade que cria comunhão’, ‘uma
beleza que atrai e apaixona’” (Francisco).
“Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu
prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).
“Não deixe cair a profecia” (D. Hélder Câmara,
1999, dias antes de sua passagem).
Assunção de Nossa Senhora 17.08.2014
Ap 11, 19; 12, 1.3-6.10 1 Cor 15, 20-27 Lc 1, 39-56
ESCUTAR
“Então apareceu no céu um
grande sinal: uma mulher vestida de sol, tendo a lua debaixo dos pés e, sobre a
cabeça, uma coroa de doze estrelas” (Ap 12, 1).
“O último inimigo a ser
destruído é a morte” (1 Cor 15, 26).
“Bendita és tu entre as
mulheres e bendito é o fruto do teu ventre” (Lc 1, 42).
MEDITAR
“Maria de Nazaré abandonando-se
totalmente à vontade do Senhor, não foi de nenhuma maneira uma mulher
passivamente submissa ou de uma religiosidade alienante, mas a mulher que não
temia proclamar que Deus é aquele que eleva os humildes e oprimidos e derruba
dos seus tronos os poderosos do mundo (Lc 1, 51-53)” (Groupe des Dombes).
“Exortam-se os teólogos e
pregadores a evitar todos os excessos, bem assim como uma demasiada estreiteza
mental ao considerar a especial dignidade da mãe de Deus [...] Lembrem-se de
que a verdadeira devoção dos fiéis não pode ser confundida com um sentimento
estéril e passageiro, nem com uma pura credulidade. Deve proceder da fé, que nos
leva a reconhecer a grandeza da Mãe de Deus e nos faz amá-la como mãe,
procurando imitar-lhe as virtudes” (Lumen
Gentium 67).
ORAR
Estamos
caminhando para a ressurreição e não para a morte. O dom da vida eterna
restitui à existência a sua dimensão de plenitude resgatando-a da sua
precariedade e limitação. O céu não é uma chantagem para adestrarmos meninos e
meninas bem comportados, mas uma possibilidade inaudita e um apelo à liberdade.
Não devemos temer a morte, mas uma vida restrita e perdida com coisas irrisórias,
sufocada por preocupações mesquinhas, sem ímpeto, sem élan, sem a descoberta de
novas possibilidades. Hoje festejamos a festa do corpo, de um corpo destinado à
imortalidade. Caem por terra os dualismos maniqueístas do corpo e alma, pois a
corporeidade do homem – soma, psique e
pneuma – corpo, alma e espírito, participam da glória. Hoje reafirmamos que
o sentido do corpo nessa experiência do céu na terra é a oração. E orar
significa desatar-se. Temos nossos corpos transformados pela Palavra do Senhor
e transparentes de Deus. Devemos ser como Davi que dançava à frente da Arca da
Aliança e não múmias que não rezam com o corpo e não permitem que os rostos se
convertam em risos diante do Senhor. A Criação é fruto da dança maravilhosa do
Senhor. João Batista dançou no ventre de Isabel quando se aproximou da presença
do mistério escondido no ventre de Maria. A Arca da Aliança não aparece mais
colocada no marco solene do templo, mas a caminho e em forma de uma mulher de
carne e osso que leva um filho em seu ventre. Entre Maria e Isabel existe uma
cumplicidade das entranhas e seus corpos, com os de seus filhos, são
visibilidades e visões da transcendência. Deus tem pressa para encontrar o
homem, encurta caminho e se faz transportar por uma peregrina da fé,
desconhecida, pobre, humilde que, no seu silêncio, compreendeu que Deus tem
pressa para entrar em sua casa. Maria se converte na imagem perfeita da
humanidade divinizada. Meditemos as palavras do poeta: “Dançava para o escriba
e o fariseu, mas não quiseram nem dançar e nem seguir-me. Dançava para os
pescadores, para Thiago e André e me seguiram e entraram na dança. Dançava no
dia de sábado e curei um paralítico e os justos disseram que era uma vergonha.
Sepultaram o meu corpo acreditando que tudo acabara, mas eu sou a dança e
dirijo sempre o baile. Guiarei a dança de todos vós em qualquer parte que vos
encontreis. Quiseram eliminar-me, mas saltei mais acima porque sou a vida que
não pode morrer e viverei em vós e vós vivereis em mim, porque eu sou, diz
Deus, o Senhor da Dança” (Sidney Carter).
CONTEMPLAR
A
Visitação, Arcabas (Jean-Marie Pirot), 2002, óleo sobre tela, 106 cm
x 87 cm, Políptico da Infância do Cristo, Malines, Bélgica.
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